segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Política de marketeiros

Eu votei no Marcelo Freixo para deputado estadual. O cara nada mais é do que o líder na luta contra as milícias no Rio. Isso era o suficiente para manter meu voto em toda sua carreira política. Porém, eis que hoje eu ouço na CBN a notícia de que ele está indo para a Europa se "refugiar" das constantes ameaças de morte que tem recebido por conta da CPI que presidencia contra tal máfia.

Por enquanto, isso não interfere no meu voto, até porque deve ser muito desagradável conviver com o medo de ser assassinado a qualquer momento, sem falar na exposição que a família toda acaba sofrendo. É realmente muito complicado. Mas daí a largar o trabalho na Alerj para passar um mês na Europa com a desculpa de refúgio? A questão central é: em apenas um mês ele vai conseguir se ver livre de tais ameaças? Vai conseguir de fato resolver a fragilidade da sua segurança? É lógico que não. Em um mês nada se resolve, principalmente um caso tão grave como esse.

Lembre-se que daqui a menos de um ano, ele vai se candidatar à prefeitura do Rio. O "refúgio" à Europa não deixa de ser um excelente holofote para sua disputa política do ano que vem. Um homem que tem a coragem de travar uma luta contra uma máfia tão poderosa em benefício de toda a população do Rio e que por conta disso teve que fugir para outro país (convenhamos que ninguém mais vai se lembrar que foi só por um mês) sob risco de vida. A imagem que fica é: Marcelo Freixo, o político do bem na luta contra o mal.

Não estou colocando em dúvida o trabalho e nem o caráter dele, mas é tão óbvio que essa viagem é puramente estratégica e marketeira, que chego a me questionar se ele realmente precisa utilizar esse tipo de pretexto para conseguir se eleger. Das duas uma: ou a ânsia de aparecer é muito grande ou seu trabalho não tem toda essa sustentação que parece ter e por isso, precisa se calçar nesses subterfúgios.

Eu sei, você também sabe, todos sabemos que ninguém consegue em um único mês total reforço de segurança e mais a prisão dos ameaçadores. Está aí o caso da juíza Patrícia Acioli para exemplificar. Não sejamos tolos, o tal "refúgio" é pura estratégia de marketing.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Beijo e não me liga!

Hoje é um dia muito feliz para mim! Comemoração de 2 meses de namoro com uma pessoa muito especial. Namorar é muito bom, confesso que sou uma namoradeira nata. Sou totalmente a favor do amor livre. Falo isso porque a minha geração anda muito difícil quando se trata de relacionamento. As pessoas têm um medo patético de se envolver a ponto de deixarem de viver experiências muitas vezes válidas e gostosas só por uma defesa boba que adotaram como regra.

Pensa bem: nos anos 70, áureos tempos dos nossos pais, os jovens eram hippies, o que passava longe de vagabundagem. Eles eram politizados, engajados e pregavam a paz e o amor. As drogas não eram tão pesadas e serviam apenas como um artifício de relaxamento e diversão, mas sem vícios, compulsão. Eles só queriam amar e ser amados. A geração Coca-Cola era versátil, livre de preconceitos, ouvia diferentes tipos de música, desde Bob Dylan, Pink Floyd e John Lennon a Chico Buarque e Raul Seixas. Fazia o consumo ingênuo de maconha, vestia batas e saias longas numa vida simples, sem luxo, embalada pelas ondas da praia de ipanema. Não tinham vergonha de dançar coladinhos ao som doce e romântico de Barry White e curtiam filmes como Grease e Os Embalos de Sábado à Noite.

Porque eles se defenderiam de alguma coisa? Pelo contrário! Lutavam pelos resquícios do autoritarismo da ditadura militar. Queriam inovar e quebrar paradigmas. Admiravam a arte pop de Andy Wharol e aplaudiam mulheres cheias de personalidade como Rita Lee e Janis Joplin. Não tinham medo do novo.

A minha geração viu poucas coisas realmente inovadoras, foi mais uma repetição do que um dia já foi inventivo e original. Não criamos, apenas fazemos mais do mesmo. Poucos são os que lêem livros e jornais. Ouvimos funk, pagode e eletrônico. Não entendemos de política e fazemos pífias passeatas contra a corrupção. Não falamos sobre sentimentos, na verdade quase os desconhecemos. Não nos envolvemos, não amamos, não namoramos. Aliás, fomos nós que inventamos o famoso "ficar". E assim ficamos, parados no tempo, sem amor, com medos e inertes na defesa dos desejos.


Casal anos 70!



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Saudades do Orkut

Brega ou não, tenho que admitir: eu gostava do Orkut. Tinha um lance de comunidades que era sensacional! Renda-se, você sabe que tinham algumas super criativas e que você se identificava de cara.

Minha lista era grande, o que já era um termômetro de quão paraíba eu sou, mas para mim uma das melhores era "Eu tenho medo da porta giratória". Lembro que quando eu vi isso, não acreditei que existiam outras pessoas que assim como eu compartilhavam do pavor daquele troço assassino que fica rodando e prendendo as pessoas na entrada dos bancos. E quando a maldita resolve prender logo na sua vez, veja que nunca é uma simples paradinha sutil, é logo um tranco bem forte e no susto mesmo só para você ficar ligado que a porta não está de bobeira. Ela te pegou, prendeu você e só voltando uns passos para trás, vai te deixar passar. É tipo aquela professora de primário que quando alguém fazia uma merda, ela mandava sair da sala, fechar a porta e entrar de novo pedindo desculpa. É humilhante.

Mas o pior da porta giratória é que ela é realmente do mal. Quando você ganha o tal tranco não é porque fez algo simplesmente errado, afinal você está indo lá só para pegar fila e pagar uma conta. O tranco tem um significado muito maior. De forma subjetiva, é um alerta de que você é um ladrão em potencial. Está armado até os dentes, vai roubar tudo sozinho e depois metralhar geral. Não tenho dúvidas, uma das mais incríveis invenções de todos os tempos foi o bankline. Sem filas, sem burocracia e o melhor, a conquista pela libertação das garras da porta giratória. Pois é... O orkut deixa saudades.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tarados por natureza

Como já dizia Caetano Veloso, de perto ninguém é normal. Outro dia parei pra pensar nas esquisitisses das pessoas e percebi que existem manias tão esdrúxulas, mas que por força da convivência acabam se perdendo no nosso senso de normalidade.

Lógico que alguns nomes não vou citar, mas só para começar a pequena grande lista de doideiras que me cercam, vale falar da minha amiga que tem tara em policial civil. Não serve PM, muito menos guarda municipal, tem que ser civil ou de preferência do BOPE, tipo Capitão Nascimento mesmo. Até concordo que muitas mulheres, e bota muitas nisso, ficaram loucas com o Wagner Moura depois do Tropa de Elite, mas daí a sair caçando policiais pelas ruas do Rio já é um salto enorme. Mesmo assim, bato palmas pra ela, afinal a doidinha conseguiu passar por cima de toda sua sofisticação de menina rica e bem nascida para ter um pouco de diversão num caso de amor relâmpago com um típico "faca na caveira". Parabéns, desejo realizado!

Tem tara de tudo quanto é jeito e para todos os gostos. Um amigo meu é viciado em jornal. Acabou de viajar para a Europa e a pergunta que não queria calar era: como será que ele está sobrevivendo sem O Globo? Mas para um psico, tudo tem solução. Com certeza, o Globo Online bombou na França nesses últimos dias, afinal o passeio pelo Rio Sena pode esperar sem problema por uma rondinha básica em absolutamente todos os onlines do Brasil. Mas já que a ideia de viajar implica em ampliar fronteiras, nada melhor do que aproveitar para comprar jornais do mundo inteiro. Ele não entende francês, nem italiano e muito menos alemão, mas a tara pelo papel de jornal é tão maluca que para satisfazer sua obsessão, ele pode virar até poliglota. Não deu outra. Comprou tudo quanto é jornal europeu e falou se deleitando de prazer que vai emoldurá-los nas paredes de sua casa como se fossem verdadeiros troféus a serem admirados.

E quando a fixação envolve bicho? Se for cachorro, gatinho, ursinho é legal, super fofys. Mas como tem doido pra tudo, veja a que ponto uma pessoa chega: doença patológica por sapos. Aquele bicho verde e nojento é tudo na vida da Roberttinha. Ela tem tapete, toalha, luminária, canga, sapatilha, bolsa, absolutamente tudo de sapo. É tipo Deus no céu e sapo na terra.

Na verdade, acho que todo mundo tem alguma tara maluca, mas às vezes o estágio pode ser tão grave que pode causar atitudes persecutórias. É o caso do meu pai. O vício dele são as gafes jornalísticas. Se começar a passar algum telejornal no mesmo ambiente em que ele se encontra, toda sua concentração vai direto para os repórteres. É uma verdadeira ânsia para conseguir pegar no flagra algum erro tolo do pobre coitado que está ali todo nervoso ao vivo na Globo.

É lógico que não vou falar de mim, porque muitas manias são impublicáveis, mas só de me dar conta que não sou a única louca, obsessiva, paranóica e psicopata do mundo já é um alívio enorme. Quer saber meu remédio para minhas paranóias? Escrever todos os dias taradamente esse blog para doidos como você.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

15 minutos de fama

Não se sabe porque, mas existem situações que invariavelmente sempre atraem olhares para a gente. Não importa se você é bonito, gordo, baixinho ou alto demais e nem mesmo se quer ou não chamar a atenção, não há escolha, não há como fugir, você será vigiado. Sim, vigiado mesmo! Por mais que os outros estejam apenas olhando para você, a sensação é tão desconcertante que por alguns minutos parece que todos são espiões observando cada gesto seu. Atenção, você não pode dar um único furo!

Experimente fazer uma baliza numa vaga perto de um sinal fechado com motoristas entediados que não tem mais o que fazer a não ser reparar na sua manobra mirabolante para conseguir enfiar o carro na droga da vaga. Perceba também, que se houver prédios ao redor, todos os porteiros, faxineiros e alguns moradores xeretas também vão parar tudo que estão fazendo só para ver como você vai conseguir se sair dessa.

Conseguiu estacionar? Agora vá fazer compras no supermercado e pegue uma fila com bastante gente. Pode também ser uma loja ou estabelecimento comercial qualquer, desde que tenha outros clientes querendo comprar algo ao mesmo tempo que você. Na hora de pagar, pegue seu cartão de crédito e pronto: momentos de tensão! Consigo até ouvir a musiquinha do Hitchcock ao fundo. Não tenha dúvidas, a fila vai parar e todos, inclusive a caixa que parece ser uma moçinha super humilde e indefesa, vão se concentrar no seu dedilhar da senha com aquele olhar diabólico só para ver se o cartão vai ser aprovado ou não. É engraçado porque muitas vezes você sabe perfeitamente que seu cartão está em dia, o limite está ok, tudo certo, mas mesmo assim, o clima de suspense toma conta da sua mente: você pensa que pode dar um tilti na maldita maquininha e claro, para a aparente felicidade dos outros à sua volta, você vai passar SIM pelo constrangimento de ter um cartão recusado.

Em outro dia, quando você estiver livre do carro e portanto, das balizas inconvenientes, tente pegar um ônibus para qualquer lugar. Qualquer lugar mesmo! Não importa se você quer ir para Ipanema ou para Campos dos Goytacazes, toda vez que você entrar num ônibus, todos os passageiros vão te olhar de cima abaixo, analisar sua roupa, perceber que você está confuso contando o troco da passagem e te fuzilar com olhos de desprezo para que você nem pense na possibilidade de escolher o lugar ao lado de alguém para se sentar. Se não tiver mais nenhum banco vazio, que fique em pé, mas não sente ao meu lado!

Porém, a olhada mais cruel sem dúvida nenhuma é a da balança. Subiu na danada pra ver quantos quilos ganhou no final de semana, não tem jeito, sempre vai ter um curioso do mal que vai tentar espiar o seu peso talvez por mera necessidade de parâmetro ou apenas para rir internamente da sua cara mesmo.

O que não falta é situação desse tipo e se você é tímido como eu, prepare-se porque o imã de olhares para os quietinhos e envergonhados é muito mais forte e poderoso. Não tente fugir, os 15 minutos de fama estão por toda a parte.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Facebook: o paraíso dos chatos

Impressionante como existe gente chata no mundo. E o facebook só potencializou o poder de chatice dessas malas. O que leva alguém a postar "Bom dia sexta-feira!"? Tudo bem que sexta-feira realmente é um dia muito legal, mas o que passa pela cabeça dessa pessoa? Será que ela acha que ninguém ali sabe que é sexta-feira e quer dar a notícia em primeira mão? Ou é só uma forma super original de dizer para o mundo o quanto ela gosta desse dia? Nossa, que informação relevante!

E aquele cara que posta foto do prato de comida que vai almoçar, do trânsito em que se encontra, do pé machucado, da praia no domingo? Quem quer saber disso Jesus? Não passa de um registro do quão mala esse ser é.

Pior que isso, só o indivíduo que tira uma foto olhando para o horizonte e coloca no perfil. Nossa, que coisa linda, poética, ele está contemplando o nada. Não entendo isso. Não é maneiro, é patético. Mas o au concour do mala é aquele que fica invadindo seu mural para publicar um troço esquizofrênico que diz estar respondendo perguntas sobre você. Todo mundo já foi vítima disso. Até que não tenho mais visto nos últimos tempos, mas também convenhamos que essa brincadeirinha não ia durar muito. Algo tão inacreditável de insuportável não podia ter uma vida muito longa.

Recursos para um mala botar para fora todo seu talento não faltam no facebook.Tem os trocadilho-maníacos (Errar é o mano! duuurrrr) e um tipo ainda pior: os antipáticos. Esses se propõem a entrar numa rede social e configurar o mural como exclusivo para seus posts. Ninguém a não ser ele, o bonzão pode postar nada na página. Ora, se quer falar sozinho vai para uma sessão de terapia, porque além de mala, você é doido.

Não estou de TPM, mas o facebook só confirmou aquela velha teoria: as únicas coisas que nunca vão acabar é flamenguista e gente chata. Exceções à parte, isso é até uma redundância.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Cada um no seu quadrado?

Não sou e nunca fui muito fã de falar em público, ser o centro das atenções, atrair olhares. Sou discreta mesmo e hoje em dia até acho isso uma virtude. Nada contra pessoas expansivas, aliás adoro essa gente que fala sem parar, reúne amigos, conta piadas, se expõe sem medo de suas próprias palavras. Inclusive admiro e muito.

Parando pra pensar, percebo que a maior parte dos meus amigos são pessoas com esse perfil autêntico e extrovertido. Acho que é a tal lei dos opostos que se atraem, porque é assim que as relações ficam em equilíbrio. Como funciona? Mais com mais vira uma guerra de opiniões e menos com menos sempre vai resultar naquele silêncio sepulcral e constrangedor.

Nesse mesmo raciocínio, me dou conta que também existe o outro lado da moeda: aquelas pessoas que ficam a maior parte do tempo introvertidas, só que ao contrário de mim, não se incomodam com o silêncio. Acredite, existe gente assim. São os lacônicos que em uma frase resumem tudo e isso basta. Esse tipo pode ficar horas sentado na sua frente e por mais que você fique aflito inventando mil assuntos, nada o atinge. Para ele basta o indispensável "oi, tudo bem" e além disso, só o que realmente vale muito à pena ser falado. Não perde tempo com abobrinhas, assuntos que não levam a nada. Por mais contido que seja, só expressa e absorve o que é de imprenscidível importância e interesse. Pode parecer chato, mas eu também admiro.


Roberttinha, a expansiva, toda serelepe no parabéns e Felipe, o lacônico

Se eu for me colocar em algum lugar, acho que vou acabar ficando nem lá e nem cá, sambando pra um lado e para outro, tentando achar o meu quadrado. Mas será que todo mundo precisa ter o seu próprio quadrado? Uma personalidade forte é aquela fixa e inalterável? Mudar de opinião é uma forma de crescer intelectualmente e encarar a vida de maneiras distintas faz parte da evolução. Por isso, se você não se encaixa em nenhum quadrado, não sofra com o maniqueísmo, não se sinta menor ou confuso por não ser um lacônico ou o cara expansivo. Cá entre nós, é muito mais interessante e até instigante aquele que consegue equilibrar na própria personalidade os antagonismos que enxergamos, sem cair nas graças do esteriótipo. E isso não é ser contraditório. É ser rico de diversidade, aberto ao novo e inesperado. O imprevisível é muito encantador.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tudo junto e misturado

Pessoas indecisas não deveriam frequentar restaurantes de comida à quilo. Aliás, para ninguém achar que isso é uma injustiça, essa regra inclui a mim mesma. Sou naturalmente confusa e se alguém como eu resolve almoçar num lugar desse tipo, não espere boa coisa.

Primeiro, geralmente vem a imensidão de salgadinhos: bolinha de queijo, mini pastel, coxinha e aí por diante. Com tantas guloseimas, a dieta vai ter que ficar de lado, pelo menos por um dia. Que beleza, comilança liberada, então qual salgadinho eu vou escolher? São tantas opções... Aaaah vai logo um de cada e está tudo certo.

Mais dois passinhos e começa a comida de verdade: arroz, feijão, farofinha... Aí quando você já caprichou nos principais acompanhamentos da comidinha caseira que tanto faz falta para quem trabalha longe de casa, não tenha dúvidas! Você vai se deparar com um tigelão cremoso de arroz à piemontese que inclusive, fica perfeito com o medalhão ao molho medeira que vem logo a seguir e nada tem a ver com o arroz e feijão que você acabou de encher o prato. Mas aí você pensa: "tudo bem, não vou transformar isso num dilema, afinal arroz e feijão também é muito bom e de qualquer forma, posso perfeitamente combiná-los ao menos com o medalhão".

Já acabou de pegar o medalhão? Então, prepare-se porque a próxima panela é de lasanha de queijo e presunto com molho bolonhesa. Olha para um lado e para o outro, ninguém está vendo, então aproveita! Pelo menos um quadradinho daquela lasanha ainda cabe no cantinho do seu prato nada a ver.

Aliviado, você conclui: "pronto! Agora acabou a tortura. Não cabe mais nada nesse prato, nem vou ver as próximas opções". Mas fique sabendo que nesse tipo de restaurante, as pessoas têm mania de criar uma fila rigorosíssima, em que não existe acabar de se servir e simplesmente ir direto para a balança. Não! Você está enquadrado e preso na fila e tem que obrigatoriamente esperar todos a sua frente acabar de passar por todas as opções de comida, mesmo não querendo mais nada daquilo. Portanto, nunca se arrisque a ir direto para a balança. No mínimo, alguns muitos olhares feios e reprovadores se voltarão contra você e mesmo que não concorde, no fundo no fundo, aquilo vai te incomodar por ter sido julgado como mal educado só porque foi direto para a balança. Essa é uma lei implícita que parece tomar conta das pessoas assim que elas passam pela porta de um restaurante à quilo e portanto, é muito feio burlá-la.

Para piorar toda essa desagradável situação, enquanto você passa pelas próximas comidas, seu prato vai esfriando de tal forma que ao chegar na mesa já virou congelado. Mas como você já sabe desse poder de congelamento de comida inerente ao itinerário até a mesa, decide incrementar então um pouco mais o prato com as próximas opções desde que sejam naturalmente geladas. Você nem ia pegar o salpicão, mas como está no tal caminho obrigatório da balança, não custa nada pegar um pouquinho. E a salada de batata? Ah, vou ter que encaixar ela aqui também. Ovo de codorna com molho rosê? Huuummm, vai ter que rolar. Tomate seco com mussarela de búfalo? Vem também!

E quando está a um passo da maldita balança, fica cara a cara com incríveis e múltiplas opções de japonês. É sushi, hot philadélphia, sashimi, tekamaki, salmão maki e ainda tem o yakisoba de frango! E agora??? Finalmente chegou a sua vez de pesar o prato na balança, mas você está em desespero. Olha para o prato surreal que montou, olha para a balança medonha à sua espera, olha para o japonês suculento, olha para a fila mostruosa que cresce a cada segundo de indecisão, olha, olha e olha, mas nada decide! E o "balança man" já está de cara feia gritando "próximo" sem parar. Você respira fundo para não ter um treco, pega correndo tudo quanto é japonês que vê pela frente e taca de uma vez tudo no prato em cima do feijão.

A dieta realmente ficou para escanteio. O quilo acabou saindo mais caro que um prato bem servido direto do cardápio. A angústia da indecisão já estressou todos os seus músculos e esfacelou seu humor para o resto do dia. Mas pelo menos agora você vai matar sua fome e uma certeza você pode ter: opção no seu prato é o que não falta.

A ansiedade para acabar logo com esse almoço dos infernos é tão imensa que fica até gostoso comer sushi banhado no molho madeira, yakisoba com molho rosê, feijão com lasanha e por aí vai. E para o seu alívio, sinta-se à vontade para olhar para o lado porque todos os pratos das mesas ao redor vão estar bem parecidos com o seu. Não fique com nojo, a essa altura comida à quilo já é praticamente uma nova vertente da culinária brasileira. É o arém dos indecisos. Na dúvida, faça que nem o Latino: é tudo junto e misturado.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Se você acha que isso é estar na pior...

É tão bom quando você se pega rindo sozinho de alguma coisa. Não é porque é sexta-feira, mas hoje me flagrei às gargalhadas no carro indo trabalhar. Tudo começou quando o âncora da rádio CBN avisou sobre a mudança para o horário de verão na noite do próximo sábado para domingo. Todos teremos que adiantar uma hora no relógio. Até aí nada demais né? Aí que você se engana! Essa uma hora de diferença pode fazer um verdadeiro estrago na sua vida.

Há mais ou menos cinco anos atrás, eu e minha inseparável amiga, Maria Clara, sentimos na pele o que uma simples mudança por conta do horário de verão pode causar. Mas isso era apenas uma prévia do que estava por vir.


Maria Clara: cúmplice de todas as horas

Por mera coincidência da vida, nós duas brigamos no mesmo dia com os até então respectivos namorados. Brigas avassaladoras que nos obrigou a planejar uma pequena vingancinha. Talvez uma equação não muito boa no fim das contas: véspera de feriado + mochila nas costas + buzão para Búzios + sede de vingança = merda. Não podia dar certo...

A lógica até que fazia sentido. Não tínhamos dinheiro para pagar pousada, então era preciso escolher entre ir à praia em Geribá e voltar para o Rio (derrota total) ou  ir só à noite para curtir uma noitada na Privilége. Vamos pensar o que irritaria mais os tais namorados... Privilegeeeeeeeeee!!! Uhuuuulll, lá se foi Fernandinha e Maria Clara direto para a rodoviária à noite crentes que iam bombar em Búzios.

No ônibus foi só felicidade. Cervejinha, fofocas, dilemas sobre qual das dez opções de roupas iríamos usar e blá blá blá. Ao aterrissar no balneário da vingança, nos demos conta de que não tínhamos lugar para nos trocar. Mas isso não era problema para a dupla mais sagaz do Rio de Janeiro.

Andamos horrores pelas malditas pedras do centro até encontrarmos uma mini pousada, quase um albergue, a única que ainda tinha um quarto vazio em plena véspera de feriado. Só que o quarto não estava tão vazio assim. Um gringo que tinha feito reserva podia chegar a qualquer momento, mas nós só queríamos um chuveiro e espelho para nos arrumar. Precisávamos de meia horinha, apenas isso. Só que nesse meio tempo o gringo chegou. Convencemos o carinha a nos alugar o quarto por 30 minutos. Pagamos uns 50 reais ao espertinho e corremos contra o tempo para realizar o milagre de nos emperiquitar em tempo tão recorde.

Conseguimos! Prontas, lindas e felizes! Mas e as mochilas?? Como chegaríamos no meio da galera entrando de mochila na night? Não ia rolar. Corremos para a porta da Privilége e agradecemos a Deus porque ainda estava vazio. Mas estava tão deserto que os seguranças nem sequer tinham aberto a boate ainda. Imploramos, quase subornamos para que a gente pudesse se esconder lá dentro antes das pessoas começarem a chegar. Mais uma vez conseguimos! Jogamos tanto charme que ainda ganhamos pulseirinha vip. As mochilas foram direto para o guarda-volumes e pronto, a noite era nossa!

Começou a encher, até demais. Alguns atores de Malhação resolveram nos impregnar. A noite era nossa, mas os malas achavam que era nossa com eles. Nossa vingança obviamente não previa traição. Era apenas uma fuga louca para outro lugar, uma prova de independência, liberdade e isso bastava. A música também não ajudou. Estávamos numa rave e não sabíamos. Quando nos demos conta, as duas estavam decrépitas sentadas na boate contando os minutos para chegar a hora de pegar o ônibus de volta ao Rio. O horário marcado para sair era às 6h da matina, mas ainda eram 3h e já estávamos exaustas de saco cheio.

Esperamos até às 5h, pegamos as mochilas, à essa altura já nem aí para quem ia ver a cena bizarra e pensamos: temos uma horinha pra comer alguma coisa no Bob's e depois aguentamos só mais meia horinha andando até o ponto do ônibus. Quando estivéssemos lá dentro, era só relaxar e dormir até chegar devidamente vingadas no Rio de Janeiro.

Sentadinhas no Bob's ouvimos de leve alguém perguntar as horas para a mulher do caixa e a resposta foi: "como acabou o horário de verão, tem que voltar uma hora no relógio, então agora são 4h". Tentei não acreditar no que estava ouvindo. Maria Clara indignada foi até o balcão e quase implorou para a moça dizer que era tudo mentira. Mas não. Era a mais pura verdade! Esquecemos que exatamente naquela maldita noite ia rolar o maldito fim do maldito horário de verão, portanto passamos a ter que esperar duas horas pelo ônibus, sozinhas, de mochila nas costas e salto alto na Rua das Pedras.

Se você acha que isso é estar na pior?? Porraaannn, é porque você não sabe o que ainda vem pela frente. Após uma interminável caminhada até o ponto, paramos na portaria de uma pousada que nos acolheu nesse momento terrível de longa espera. Minha amiga querida fez o favor de apagar no sofá e eu fiquei refém do porteiro que não parava de falar. Me tirou pra psicóloga e resolveu contar toda sua vida. Quando estava prestes a gritar socorro, me tirem daqui, finalmente vi lá no horizonte o ônibus vindo em nossa direção, quase uma miragem.

O dia já estava claro e o sol começava a ferver na pele. Mesmo depois de toda a noite infernal, conseguimos saltitar de alegria até o ponto. A felicidade de poder ir para casa é inigualável. Poréeeemmmm... Entre um saltitar e outro, um carro cheio de garotos suuuuuper normais passou por nós igual uma flecha. Mas esse um segundo que eles nos viram passando foi o suficiente para frearem bruscamente e terem a brilhante ideia de dar uma ré em altíssima velocidade e passar aqueeeela cantada básica. Que malandros! O carro voltava em ziguezague e logo vi que aquilo não ia dar certo. Pois é... Os malandrecos bateram com força total na traseira do nosso maldito ônibus, estouraram o carrinho do papai e destruíram o tanque de combustível do ônibus. Sendo assim, tivemos que esperar mais duas horas até chegar o próximo. Choramos...

No fim das contas conseguimos voltar. Estressadas, arrasadas, destruídas, porém vingadas! Hoje, quando lembramos dessa história mirabolante, gargalhamos até nos acabar e foi o que me fez começar minha sexta-feira sorrindo. Então, quando você achar que está na pior, lembre-se: com o horário de verão tudo pode mudar.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Império português

Convenhamos que Portugal não tem nada a ver com o Brasil a não ser com relação à língua, que também não deixa de ser um pouco diferente. Mas há cerca de um ano ou um pouco mais, penso às vezes que o Rio de Janeiro virou território português. Parece absurdo para quem lê essa afirmação assim de primeira, bate-pronto, no susto mesmo. Só que foi assim, num piscar de olhos, que me vi rodeada de amigas portuguesas vindas ao Brasil para estudar, trabalhar e fugir da crise europeia.

Só que a cada dia que passa fui percebendo que na verdade, as portuguesas não são só simplemente as portuguesas e ponto. Elas são um pacotão! Você vai tranquilamente ao Baixo Gávea ou Jobi tomar um choppinho e quando menos esperar, amigos das portuguesas vão aparecer e serão mais alguns dos integrantes da colônia Portugal no seu grupo social. No dia seguinte, solzão rolando, nada melhor que uma praia no 12. Eis que surgem as portugas junto com seus amigos portugueses e agora, até os conhecidos delas de Portugal também aparecem e você passa de simples amigo das portuguesas e conhecido dos amigos portugueses a conhecido dos conhecidos portugueses delas, o que amplia ainda mais a tal colônia. Ficou confuso né? Mas é assim, tudo misturado mesmo que nem nos primórdios do colonialismo português no Brasil.

Cheguei à conclusão de que eles não são só uma colônia, são verdadeiros donos da zona sul do Rio de Janeiro. Aliás são muito mais cariocas do que eu e meus conterrâneos. Na rotina dos portugueses tem que ter praia com chuva ou sol; chopp nos barzinhos do Leblon; BB Lanches e pizza no Diagonal; academia BodyTech e corrida no calçadão; festas descoladinhas que só os locais antenados ficam sabendo e para finalizar, samba no pé e muito carnaval. Além de tudo isso, aprendi que de burro os portugueses não tem nada. Todos são muito bem sucedidos profissionalmente aqui no Rio, conversam sobre qualquer assunto e usufruem muito bem do famoso "jeitinho brasileiro", não pelo lado negativo, mas só para facilitar a vida e sem prejudicar ninguém, porque educação também é ingrediente do pacote.

E a beleza? Todas são lindas e bronzeadas. Beleza carioca já foi, agora só dá Portugal. Já viram o ator português que faz a novela Fina Estampa? Um charme! Me arrisco a dizer que é o mais bonito do elenco. Nos negócios também estamos ficando pra trás. Enquanto a Portugal Telecom segue de olho na Oi, uma instituição portuguesa foi a responsável pelo plano de sustentabilidade do Rock in Rio. Chegamos inclusive ao ponto de ter que contratar uma empresa de lá para resolver o absurdo da negligência com os bondes de Santa Teresa.

Será que aos pouquinhos estamos de novo nos entregando ao poder de Portugal? Isso eu não sei. Mas só digo uma coisa: não somos índios, mas o império do carisma português está de volta e eu não quero que ele nunca mais se vá. Salve Portugal!


Lindas e divertidas! As portugas são pura sedução!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dançando sentado

Eric Clapton sempre me lembrou minha infância. Uma alusão feliz e memorável ilustrada pela imagem dos meus pais dançando juntos na sala da minha casa, alegrando espontaneamente meus finais de semana. Entre uma dança e outra, meu pai se arriscava no teclado e violão e ainda soltava a voz acompanhando Eric ao fundo. Minha mãe ficava admirando seus dotes musicais e embalava no blues com gestos totalmente desengonçados e fora do ritmo, mas incrivelmente charmosos.

De sábado a domingo, o apartamento mais animado do prédio era um verdadeiro show de música de qualidade: Eric, BB King, Steve Ray Vaughan e sempre fechava ao som de Rolling Stones, sem dúvida a banda número 1 do meu pai.

Não tinha como evitar. Me tornei uma apaixonada incondicional pelo Eric Clapton. Infelizmente ele não sabe disso, mas eis que nessa última segunda-feira (que ironia! Logo no famoso pior dia da semana), atravessei o túnel, encarei um mega, hiper, ultra trânsito para a Barra, corri contra o tempo (porque para variar estava atrasada), abandonei meu carro num terreno baldio e esburacado e me joguei na imensidão do HSBC Arena (a casa de show mais longe do Rio) só para ver, ouvir, sentir e praticamente declarar meu amor enclausurado durante tantos anos ao lindo, charmoso, elegante, sofisticado, o gênio do blues: Eric Clapton!

Minha câmera não tinha zoom, mas eu juro que era ele lá no palco!

Parecia um sonho. Eu estava a alguns passos do homem que sempre achei ser um mito, uma lenda, intocável, inatingível, de tão perfeito, quase inverossímel. Quando a ficha finalmente caiu de que eu realmente estava num show do Eric Clapton, relaxei, voltei da lua para a Terra e foi aí que me toquei do único, porém o maior e estrondoso erro da noite. Era um show SENTADO! Digo, 100% sentado! Como pode isso? Lógico que eu sabia que tinha um lance de cadeira marcada e tudo mais, mas na lógica do meu raciocínio, seriam cadeiras com mesas e espaço à vontade para quem quiser requebrar no blues. Mas não! Estávamos presos em cadeirinhas minúsculas de plástico, enfileiradas com um palmo de distância. Para você ter uma ideia, cinema e teatro são um luxo perto daquilo! As pessoas eram obrigadas a tentar dançar na cadeira, no máximo batendo palmas ou tentando entrar no ritmo com o ridículo de tão pequeno e mísero ato de estalar o dedo.

Aloooouuu galerinha da produção!!! Show de blues é para dançar! Isso significa mexer pernas, braços, gingar o corpo inteiro! Não existe ver Eric Clapton como se estivéssemos assistindo a um jogo de tênis na França. Silêncio absoluto e meros aplausos quando finalmente sair um ponto.

Estalar os dedos ouvindo Cocaine??!! Não sou tão britânica assim. É lógico que foi um showzasso e curti cada acorde da guitarra do rei. Mas meus pézinhos ficaram insaciáveis do início ao fim e frustados por não poderem rodopiar na pista. Só me resta esperar o final de semana chegar e preparar a vizinhança porque Bruno e Fernandinha vão arrasar nos passos de blues com volume no máximo, estremecendo os vidros e paredes do apê e afagando meu coração com eternas lembranças de infância.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Jogo de dilemas



Domingão de Fla x Flu e os dilemas de Fernandinha começaram a pipocar. Tive que ir ao Engenhão não como torcedora do meu amado Fluminense, mas a trabalho para receber alguns jornalistas no camarote da empresa em que trabalho. Até aí tudo bem. Ao contrário das expectativas, o trânsito estava tranquilo e consegui acesso rápido ao camarote. Os jornalistas eram muito simpáticos e todos pareciam felizes e animados com a grande disputa do clássico. Mas entre tantos pontos positivos, os dilemas começaram a tomar conta de mim.

O Bruno, meu namorado, estava me acompanhando na missão. Como nada é perfeito, ele é flamenguista. Mas desde que soube dessa aventura ao Engenhão, pensei: "ok, durante o jogo seremos rivais, mas sou civilizada e democrática o suficiente, além de mentalmente muito evoluída para aceitar perder ou ganhar sem criar nenhum tipo de tensão". Afinal, no fundo todos com mínima inteligência sabem que o Fluminense sempre foi melhor que o Flamengo e se perdêssemos seria por puro azar do destino.

Mas involuntariamente a tensão se instalou na minha mente a ponto de quase explodir de tanta enxaqueca. Eu queria muito que o Flu ganhasse e poder rir à vontade da cara do Bruno e comemorar lindamente depois com um choppinho no Baixo Gávea. Era a desculpa perfeita para tentar convencê-lo de que além de ser uma namorada muito legal, de boba não tenho nada porque torço para um dos poucos times capaz de fazer o Flamengo tremer. Sabe como é né, quando é muito fácil, acaba perdendo a graça, mas o medo de competir com a namorada acaba instigando uma certa sedução.

Mas peraí! Se o Flu ganhasse, ele nunca ia querer tomar um chopp comigo, aliás provavelmente mal dirigiria a palavra a mim depois do jogo. Eu ia acabar me chateando e tudo acabaria em discussão. E se o Flamengo ganhasse? Eu ficaria meio sem graça, mas com toda minha elegância e civilidade, esqueceria tudo num minuto e acharia a programação muito divertida apesar do meu time ter perdido. Provavelmente o chopp ia rolar! Mas isso não seria uma traição ao meu sagrado coração tricolor?? Que mulher é essa que abdica dos seus sinceros sentimentos só para ver o namorado feliz? Hoje, as mulheres se impõem com clareza, têm opinião própria, atitude. Não só torcem veemente pelo seu time, como gostam e entendem de futebol. Veja quantas juízes e banderinhas mulheres estão mandando ver aí nos jogos! Então, estava decidido. Eu não ia me render!

Até o último minuto não me rendi. Acreditei até o final. Não adiantou nada. Flamengo ganhou, fui embora com a pior enxaqueca da vida e ainda descobri que sou pé frio e não posso mais ir ao Engenhão. Obviamente o chopp não rolou e quem não conseguiu dirigir a palavra ao namorado, fui eu. Desci do salto e ainda tive que correr atrás de uma meia bem quente. Ah dilemas...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A mágica do amor


Quase todo mundo nasce com um dom, um talento ou ao menos uma certa aptidão que o destaque dos outros. Acho que o meu talento sempre foi escrever, mas até hoje ainda não tenho muita certeza disso. Aliás, esse é um dos meus dilemas. O fato é que acho muito interessante as pessoas que nascem com o dom de ser cupido. E para mim esse não é um dom qualquer, como simplesmente escrever... Grande coisa, qualquer um escreve. Mas conseguir conciliar todos os desejos, objetivos, interesses e vibrações de duas pessoas com todas as complexidades inerentes ao ser humano e transformar essa conciliação em um relacionamento feliz, mesmo que apenas por uma noite, isso é mágica! São os artistas do amor. Parece brega, mas é exatamente isso. Ser cupido é uma arte!

Tenho duas cupidos oficiais no meu círculo de amigos. Uma delas já está virando carta marcada aqui nesse blog, mas é preciso reconhecer seu incrível poder de unir casais, independente do momento que vivem, idades, contexto social... Nada é capaz de interferir na mágica da cupido número 1, Roberttinha!!! Só para ter uma ideia da força do seu dom, muitas de suas vítimas já chegaram até a se casar. O caso mais recente foi um amigo nosso do trabalho que depois de se divorciar, virou a cobaia mais bem sucedida da Roberttinha. Em poucos meses, ela o apresentou a uma mera conhecida, que também estava divorciada. Elas duas não eram amigas, na verdade mal se conheciam direito, só se encontravam nos eventos de amigos em comum. Mas o sexto sentido de Roberttinha não falha! Armou um encontro às escuras para Felipe e Adriana num inesquecível sábado de janeiro e pronto. Na segunda-feira já estavam namorando e em breve vão se casar, com direito a igreja e festa. É claro que a Roberttinha vai ser madrinha.

Uma outra amiga muito especial, a querida Carol Muller também convive há anos com a fama de cupido do amor. Não erra uma. Mas a análise conjuntural que ela faz sobre expectativas de relacionamento é um pouco mais sofisticada. Só pelo olhar, já sabe dizer se vai dar certo ou até mesmo se é furada. Ou seja, ela é cupido e também anticupido. Até comigo já funcionou. Uma vez ela me disse: "desiste Fe... Não tem como dar certo, eu sinto". Eu não acreditei. Tentei driblar o feeling anticupido da Carol só por teimosia e acabei quebrando a cara.

Carol Muller: a garota cupido

Sofisticação é pouco para o dom da Carol. Sua análise é quase uma vidência. Ela simplesmente consegue sentir se vai dar certo ou não e vai ainda mais além: é capaz de acertar se vai ser só um lance, um casinho passageiro sem a menor chance de evoluir ou então um tórrido romance longo e profundo. O nível de "cupidez" da Carol está tão avançado que com pouca observação ela já pode avaliar o potencial da paquera. Na minha opinião, isso é muito valioso.

Mas a mágica não para por aí. 90% das vezes que algum casal se conhece e acaba dando certo de verdade, pode ter certeza que a Carol estava junto. É como se ela fosse capaz de emitir vibrações pró-romance alheio e assim, os disponíveis ao seu redor acabam misteriosamente se envolvendo.

Mas vale ressaltar que essa vibração pró-romance que só a Carol pode emitir, é realmente ALHEIO, o que a chateia muito, porque isso significa que ela pode formar quantos casais quiser, acertar todas as apostas do seu sexto sentido apuradíssimo, criar uma enorme onda de energia capaz de fazer as pessoas se apaixonarem em segundos, que mesmo assim, em tempo e lugar nenhum ela conseguirá usufruir do seu poder para uso próprio.

O poder cupido da Carol só funciona para os outros, nunca para ela mesma. Depois de anos unindo casais, ela chegou a essa constatação. E após muito tempo de amizade, pude perceber que realmente o feitiço não funciona para o feiticeiro. Mas como pra tudo se dá um jeito e de boba minha amiga não tem nada, quando ela tem um alvo para uso próprio, o truque é despistar o sexto sentido, fazendo o oposto do que ele diz a ela. Aí já viu... Só dá love! Pop e romântico tipo Claudinho e Buchecha mesmo!

Então, para os solteiros de plantão garanto por experiência própria que é de 100% a confiabilidade, eficácia e autenticidade do serviço milagroso prestado por Roberttinha e Carol. Não chega a ser um "trago a pessoa amada em 24 horas", mas babalorixá nenhum chega aos pés do poder dessa dupla.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Eu e o diário


Quando eu tinha 12 anos comecei a escrever um diário poderosíssimo, com direito a fotos, nomes, datas, tudo. A minha vida do início ao fim estava ali e logicamente ninguém jamais poderia saber que aquelas páginas sequer existiam. Mas diário lembra mistério, que lembra curiosidade, que lembra amigos sem noção tentando pegá-lo. Pois bem, foi  exatamente o que me aconteceu.

Super fofa e sorridente, entrei no meu quarto com um big saco de pipoca e filme para assistir com meus amigos do colégio, mas lá estava ele! O diário nas mãos do amigo sem noção! Quando me deparei com a cena fatídica, me taquei com tudo me agarrando direto em seu pescoço num ato de puro desespero, admito. Eu era apaixonada pelo meu vizinho que morava no prédio da frente e meu diário era uma narração minimamente detalhada sobre os dias em que eu ficava na janela acompanhando todos os passos do César, o amor dos meus sonhos, que inclusive até esse dia nem sabia que eu existia. Até esse dia...

Numa luta digna de vale-tudo, consegui arrancá-lo bravamente das mãos do amigo sem noção e quando ele veio tentar pegá-lo de volta, lá estava eu estirada na janela do meu quarto, me esgoelando por socorro até que percebi que não adiantava mais tanto esforço. Eu não tinha a menor chance. O sem noção ia sim conseguir arrancar todos os meus segredos guardados durante tantos anos naqueles papéis e eu estaria em suas mãos para todo o sempre. Foi então que tive a "brilhante" ideia de simplesmente tacar o diário pela janela. Calma que eu explico!

Meu apartamento ficava de frente para o play do César, mas também pegava parte da área de outro prédio vizinho ao nosso, portanto um segundo território 100% neutro. Obviamente joguei o diário nessa direção, porque assim ninguém nunca saberia de nada e logo que eu conseguisse me livrar do sem noção iria até lá pedir ao porteiro encarecidamente para procurar meu diário que tinha caído no meio do matagal, ou seja, eu estava salva! Doce ilusão...

Para provar quanta sorte tenho na vida, no exato momento em que o diário voava em direção ao prédio neutro, o César estava em seu play jogando futebol. Da janela do meu quarto, eu acompanhei como se em câmera lenta o diário cair no matagal neutro e simultaneamente a bola de futebol do César ser isolada também para o mesmo prédio. Eu não acreditei no que estava vendo...

Mesmo assim, eu pensei: o César vai lá ao tal prédio neutro apenas para pegar a bola e claro, nunca vai ver meu diário perdido no meio do matagal e mesmo se visse, imagina se iria se interessar em pegá-lo. Pois é... De camarote, eu  e o sem noção acompanhamos o César chegando, pegando a maldita bola, percebendo que tinha algo branco no meio das plantas e parando para ver o que era. Sabe o que era??? O maior mico da minha vida!

Ele pegou o diário e começou a ler. Olhou para cima na mesma hora (deve ter lido a parte em que eu dizia que morava no apartamento em frente ao dele). Me viu desesperada na janela e voltou correndo para seu play com o diário em mãos. Chegando lá se reuniu com todos os amigos do futebol e incentivado pelo sem noção que berrava da minha janela para que ele lesse logo tudo em voz alta, se iniciou então uma das piores tragédias da minha vida. O grande amor dos meus sonhos, o intocável e inatingível César, minha primeira paixão platônica da adolescência estava lendo aos berros para que o sem noção conseguisse ouvir (detalhe que nós estávamos no 10º andar), ou seja, o bairro todo ouviu os mais profundos e incomunicáveis segredos dos meus 12 anos de vida.

Mas eu sobrevivi. Aqui estou eu aos 27 anos, iniciando um blog, que definitivamente não é e nem nunca será um diário.

Irritando Fernanda Conde

Eu sempre me achei chatinha, confusa e complicada até demais. Mas com o passar dos anos, tenho percebido que não sou tão insuportável assim. Não que as pessoas do meu convívio sejam mais malas do que eu, isso é impossível. Mas cheguei à conclusão de que todo mundo tem manias, implicâncias, um verdadeiro pavor a coisinhas tão bobas e foi aí que percebi: não sou tão chata quanto pareço! Modéstia parte, sou super easy going (em homenagem à Luiza Anyway - quem leu esse post anterior, vai entender a expressão).

Uma das homenageadas desse blog é minha escudeira fiel, Roberttinha. O grande problema na vida social dela é o bocejo com barulho. Ela é incapaz de ouvir alguém bocejando alto. Se um ser no ápice do seu relaxamento, resolve se entregar ao prazer que é dar um profundo bocejo com direito a suspiro, que seja bem longe da Roberttinha. Ela vai te odiar com todas as forças, mas como ela é muito legal, garanto que isso passa.

Roberttinha Bocejo de Assis

No meu trabalho, vejo muitos exemplos de implicâncias desse nível. A Vera é uma comédia, senso de humor super apurado, inteligência admirável e tem uma incrível doçura com animais. Muito elegante, mas se algum doido alienado resolve assoviar ao seu lado, coitado... Para a Vera, assovio é invasão de privacidade, então segure sua onda e vai assoviar num quarto escuro e devidamente preparado com paredes de isolamento acústico. Ninguém é obrigado a ouvir a musiquinha chiclete que está na sua cabeça.

Verinha Assovio Costa Barros
Mas o melhor é quando você está no auge de um aniversário, todo mundo vai cantar os parabéns, ou então num daqueles shows super animados que a platéia começa a bater palmas, fazendo um coro de plá plá plá. Pois é... O que a minha amiga Mary faz nesse momento? Uma raiva incontrolável possui o seu corpo e nada é capaz de amenizar sua visível irritação com o simples barulho do estalar de palmas. Ela é uma menina linda, meiga, carinhosa, filha de músico, portanto ama música e shows. Não deixa de ver nenhuma banda por causa das temíveis palmas e nem foge de aniversários por conta do momento parabéns, mas uns gorós nesses momentos de pura tensão com certeza lhe caem muito bem.

Mary Court  (ela não "Court" palmas)
Só pra fechar, não poderia deixar de mencionar minha amiga figuraaaassa Bebel! Ela é simplesmente incrível! Sabe aquelas pessoas super engraçadas, mas sem a mínima intenção de fazer alguém rir? Ela é assim. Cinco minutos juntas e começo a rir de graça. Mas como ninguém é perfeito, ela também tem um segredinho que aciona a tal válvula de escape do mais profundo ódio humano. A vítima da Bebel chama-se olho! Ela não pode ouvir nenhum papo sobre o globo ocular, lente de contato muito menos e se você pedir para ela gentilemente fazer o favor de assoprar seu olho para tirar aquele cisco insuportável, prepare os ouvidos, porque ela vai te xingar.

Bebel Olho
Não me lembro de nada que me tire tão do sério assim, mas sabe essas pessoas que falam em 3ª pessoa? Porque isso, meu Deus? Fernanda Conde fica muito indignada! Parece índio falando! Imagino perfeitamente um pajé falando: índio quer caçar, índio quer fazer dança da chuva, índio quer irritar Fernanda Conde. Nãaaaaaooooooo!!!! Índio não quer p... nenhuma!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Destino

Nunca fui muito de acreditar em destino, mas confesso que certas coisas me deixam intrigada. Como pode um astrólogo dizer para minha mãe aos 20 anos que aos 44 ela se separaria? E não é que aconteceu! Ele ainda gravou uma fita cassete como prova do crime. O destino existe mesmo?

O cachorro dos meus sonhos e que minha mãe nunca me deixou nem pensar em ter em casa era um cocker caramelo chamado Billy. Era o bichinho mais dócil, engraçado e fofo do mundo. Aquela orelha gigante me fascinava! Há 26 anos atrás, a Paulinha, minha amiga de infância era a dona do Billy. Eu trocaria todas as barbies do mundo por aquele cachorrinho. O pêlo brilhava, a orelha voava, era amigo de todas as crianças e tinha um nome que eu achava super fofo! O tempo passou, o Billy morreu e a Paulinha já nem é mais tão presente na minha vida. Mas hoje tenho um cocker caramelo (pensando agora, devo ter inconscientemente me lembrado do Billy no momento da escolha da raça). É o meu amado Rambo. Mas a história não acaba por aí...

Há pouco tempo conheci uma pessoa muito especial, o Bruno, meu namorado. E ele me falou que tinha um cachorro. O nome dele é Billy.

Tudo pode ser a mais pura coincidência, mas há uns dois anos atrás eu namorava há séculos outra pessoa e eu nem imaginava que o Bruno existia. Aliás, isso era recíproco. Essa foto aí debaixo sou eu com uma das minhas melhores amigas em 2009 numa super festa. Mas se você olhar beeeemmm... Veja um rostinho de perfil que está trás de nós duas! É o Bruno!

Admito, o destino existe!






terça-feira, 4 de outubro de 2011

CapachoPhone

Chegou o novo e tão esperado iPhone! Agora é a versão 4S. Os brasileiros já estão em polvorosa. Afinal de contas, quem não quer ter um brinquedinho que faz praticamente tudo por você? Pois é... Ele não é só duas vezes mais rápido do que o anterior e nem se limita a ter uma câmera mais potente. Ele é o seu capacho!

O formato é o mesmo, mas agora ele pode ser seu lindo capacho

Para alcançar um nicho maior de consumidores, a Apple criou um dispositivo que promete facilitar a vida dos seres humanos infectados pela preguiça elevada ao cubo. É uma ótima estratégia já que esse segmento da sociedade está em plena expansão graças ao mundo tecnológico. Para quem ainda não leu os onlines hoje, funciona da seguinte forma: você manda, o celular te obedece! Quer programar o despertador para tocar amanhã de manhã? Com o iPhone 4S, você não precisa mais dar os cansativos e intermináveis dois toques na tela para conseguir marcar o horário. Basta falar em voz alta que você quer ser acordado às 7h da manhã. O que é totalmente contraditório porque alguém que tem preguiça de deslizar os dedinhos por uma tela durante dois míseros segundos, não pode querer acordar às 7h da manhã.

Está bem, mas o bicho preguiça pode querer então ouvir o iPhone ler a mensagem de texto que acabou de chegar. Afinal, imagina que desgaste eu teria de ler um SMS se eu posso mandar o brinquedinho ler por mim. Então, no novo mundo 4S as pessoas não só se comunicam entre si, mas também com seus próprios celulares.

Surge então uma nova questão: o que vai acontecer quando a Oi der suas conhecidas panes no sistema e não deixar que ele funcione? Ele vai parar de falar comigo? Nunca mais vai ler mensagens para mim? Essa incrível operadora vai destruir nosso relacionamento! Lembre-se: sem comunicação, não há entendimento. Da onde se conclui que quem tem Oi, definitivamente não pode ter iPhone 4S. Aaaahhh que preguiça de mudar de operadora...

Dia de cão

Não consigo entender porque deram uma conotação negativa para a expressão "dia de cão". Eu adoraria ter  a vida do meu cão. Come o quanto quiser, passeia pelo menos 2 vezes ao dia, dorme o quanto puder, brinca, dá e recebe carinho. A vida dele é definitivamente um paraíso!

Loógico que nem todos os cachorros do mundo tem essa boa vida, mas mesmo os que moram nas ruas, sempre contam com algum mendigo, porteiro, pessoas de bem que tentam ajudar de alguma forma. Agora, imagina a vida de um rato. Não importa a cara de triste que faça ou se está muito machucado, correndo risco de vida. Todos querem matá-lo! Ele não fez nada pra ninguém, mas temos raiva, medo e nojo só por existirem.

A Disney já tentou minimizar esse ódio com personagens como Mickey e Fievel, mas é impossível acabar com o horror que impera sobre os ratos. Então, agora você já sabe: quando você bater o carro, levar uma multa, pegar todos os sinais vermelhos, levar um brinde do pombo na cabeça, pisar na merda, perder dinheiro e tudo mais que te infernize, fale corretamente. Tive um dia de rato!

Olha só essa foto abaixo. Que perfeito! Vida de cão é pura diversão!

Rambo e Billy se acabando na praia


Todo mundo é bonito

Não é sempre que acontece, mas pelo menos uma vez ao ano eu acordo num belo dia achando todas as pessoas ao meu redor com um quê de estilosas e bonitas. Acho que no fundo, todos nós temos alguma vírgula de bom gosto ou mesmo que seja um leve detalhe na aparência física que se bem observado, pode ser um charme incrível.

Tudo começa quando eu saio de casa e por um milagroso bom humor e a leveza de quem não tem hora e nem para onde ir, simplemente mudo meu olhar e vejo um mundo bem mais bonito em volta. Hoje é um desses dias. Não sei o que é, mas acordo com esse poder e me divirto imaginando mil composições que poderiam mudar a vida de uma pessoa, pelo menos aparentemente.

Exemplos não faltam. Olhe bem essa foto aí de baixo.


Muitos diriam que ela é feia ou não se veste bem. Mas pense bem... Ela tem duas qualidades sensacionais! Tem um estilo despojado, moderninho e é magra, o que significa que quase tudo pode cair bem nela. A mistura pode estar errada, mas o shortinho jeans curto e levemente solto fica sexy, sem ser vulgar e combina super bem com uma blusa básica, camisa xadrez por cima e bolsa com alça longa. Ela tem um estilo interessante se olharmos bem. E o óculos grande estilo nerd também é bacana, mas não no rosto dela. Então, basta imaginar: tira o óculos e troca o chinelo por uma sapatilha colorida só para quebrar o ar underground e pronto! Garanto que alguns olhares por aí ela vai ganhar.


Okay, ela parece estar na lage de uma casa. O cenário é realmente péssimo. As pernas são desalihadas e desproporcionais em relação ao tronco. O chinelão branco é um pavor. Mas olhe que cabelo lindo e brilhoso! A ideia da blusa mais solta e compridinha com calça skinny é perfeita para quem tem o corpo um pouco mais cheinho. Sugiro só uma sapatilha neutra para ficar um pouco mais sofisticado e não chamar muita atenção para os pés e uma bolsa pequena e comprida para alongar o corpo.

Imagino que você, uma pessoa teoricamente normal, deve estar pensando que surtei pra sempre, mas cada vez mais aprendo que tudo e todos nós temos um lado positivo. Só precisamos ficar mais atentos.

Hoje acordei vendo uma infinidade de exemplos para esse post, mas para fechar, vou barbarizar com a foto do maluco aí embaixo.


Amarelo com vermelho??? Quase um Mc Donald's ambulante! Não, não! Olhe beeemmm... Ele está totalmente color blocking,!!! Última tendência das passarelas! E repare como é alto, magro, elegante! A postura diz tudo. Ele é puro estilo! Imagina se a calça e o blazer fossem levemente acizentados e o cachemir por cima da social branca fosse rosa bem clarinho. Não ia ficar um charme? Com essas pernas longas e o corpinho esbelto, ele pode tudo! Basta observar!



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Super cool

Como assim escrevi um post sobre o Rock in Rio sem ao menos mencionar o show a parte que deram as apresentadoras do Multishow Didi Wagner e Luisa Micheletti??!! Sem falar no festival de gírias e frases sem nexo do Beto Lee? Sacou, cara! Showzasso de prima meeeuu! Aliás, todos os shows foram incríveis para eles. O cara pode cair no palco (Coldplay pra quem perdeu), fingir que bebe sangue (Kesha, a bizarra), desafinar na cara de pau (Katy Brega Perry) e matar todo mundo de sono (Lenny Mala Kravits), que ainda assim simplesmente o trio do Multishow se rasgava em elogios! Tudo bem que eles estavam ali pagos para apresentar o evento e sendo a Globo patrocinadora do festival, jamais poderiam falar mal de alguma coisa. Mas peraí! Tudo tem limite! O show da Claudia Leite foi incrível???


Entrevista super cool sobre o showzaaaasso da Claudia Leite



O que é pior? A Didi Wagner visivelmente enchendo o saco do vocalista do Coldplay ou a Luisa Micheletti completanto absolutamente todas as frases com "anyway", "whatever", "super cool" e afins? O nome dela deveria ser Luisa Anyway! Não, não estou ranzinza hoje. Mas não me conformo com pessoas que a cada palavra soltam uma giriazinha em inglês.

O que será que se passa na cabecinha dessa gente? Vamos tentar entender. Se eu soltar um "anyway" no final de uma frase, além de parecer para os outros que sei falar inglês, me deixa à vontade para terminar a frase sem conclusão. Por exemplo: a Claudia Leite mandou um Led Zeppelin, dançou do início ao fim, fez um show com repertório especial para o Rock in Rio, anyway... O "anyway" permite que você saia pela tangente, sem necessariamente ter que dar um ultimatum ao seu pensamento. Ela gostou do show ou não? Não sei. No momento ápice da conclusão, ela disse "anyway".

Você quer falar sobre uma pessoa, mas não sabe quase nada sobre ela. O que você faz? Mande um "whatever"! Por exemplo: "O Slipknot é uma banda de rock pesado,"whatever", os caras mandam muito!". É o embromation do embromation, porque o "whatever" é capaz de embromar em uma única palavra.

Mas e o "super cool"?? Ah o "super cool" é o charminho que a apresentadora quer fazer para o público jovem e descolado do Multishow. Ela fala "super cool" porque ela é "super cool" ou ao menos acha que é.

Anyway... Passa Rock in Rio, apresentação de Oscar, locução do jogo do Brasil, transmissão da Miss Universo e as gafes ficam quicando na nossa frente e aí, whatever... falar mal vai ser sempre super cool!

Por um mundo melhor

Há algum tempo estou querendo compartilhar num blog meus pensamentos nada normais. Algumas pessoas me chamam de maluquinha ou não entendem onde exatamente quero chegar com meus devaneios. Então chegou a hora de dar férias (mais do que merecidas) às minhas confidentes fiéis e botar na roda os dilemas de Fernandinha.

Para começar, acho que vale pegar um gancho no factual. O momento é totalmente “dia de Rock bebê”. Só se fala em Rock in Rio e esse post é dedicado aos facebookmaníacos que convivem com uma vontade incontrolável de comentar cada performance, repertório, troca de figurino, jogo de luzes, reação do público, que rola no festival.

Até onde eu sei, todo mundo hoje em dia tem TV a cabo e pode perfeitamente acompanhar cada detalhe no Multishow. Mas eles não se agüentam... Como vou controlar minha indignação em ver a Claudia Leite tocando Led Zeppelin e não compartilhar com meus amiguinhos de facebook? Como não vou mostrar para eles que eu gosto sim de Metallica e que conhecia todas as músicas do Slipknot? Afinal, sou um cara antenado, não sigo modinha nenhuma, tenho que mostrar o quanto sou descolado e original. Meus 500 “amigos” precisam saber disso!

E Rock in Rio também é moda, bebê! Para quem tinha alguma dúvida de que as caveiras viraram símbolo de que você está “totally in”, veja as roupitchas das celebs que foram ao evento. Parecia recreio de colégio, todos uniformizados. Jaqueta e calça de couro, camisa com caveiras, bota, calça jeans rasgada e tudo mais clichê que você possa imaginar. Da noite para o dia, todos os globetes viraram roqueiros de nascença e cataram no armário tudo que podiam para mostrar seu lado rock’n roll.

Eu mesma quase caí nessa armadilha. Eu não sou nada roqueira e muito menos fã desse estilo de se vestir, mas por uma força inconsciente que a lua parecia reger sobre todas as pessoas que iam ao Rock in Rio, comecei a escolher roupas com um quê de metaleira para ir no dia 29. Não deu outra. Tudo que eu vestia, meu namorado falava: “vai com essa roupa! Está super rock’n roll!”. E cada vez que ele falava isso, o meu senso do ridículo soltava um alerta para mim. Até que na última tentativa de escolha da roupa, a ficha finalmente caiu! Eu estava sendo abduzida pelo feitiço criado pelo Roberto Medina de fazer todo mundo querer parecer rock’n roll. Mas a hipnose passou rápido. Coloquei uma simples e velha calça jeans e a camisa mais fofa que eu tenho com os dizeres que sim, eu acredito e sim, tem tudo a ver comigo: Salve os pandas!

Rock in rio: por um mundo melhor, sem caveiras e com muitos ursinhos!


Não sou rock'n roll! Só quero pandas e paz e amor!