segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Jogo de dilemas



Domingão de Fla x Flu e os dilemas de Fernandinha começaram a pipocar. Tive que ir ao Engenhão não como torcedora do meu amado Fluminense, mas a trabalho para receber alguns jornalistas no camarote da empresa em que trabalho. Até aí tudo bem. Ao contrário das expectativas, o trânsito estava tranquilo e consegui acesso rápido ao camarote. Os jornalistas eram muito simpáticos e todos pareciam felizes e animados com a grande disputa do clássico. Mas entre tantos pontos positivos, os dilemas começaram a tomar conta de mim.

O Bruno, meu namorado, estava me acompanhando na missão. Como nada é perfeito, ele é flamenguista. Mas desde que soube dessa aventura ao Engenhão, pensei: "ok, durante o jogo seremos rivais, mas sou civilizada e democrática o suficiente, além de mentalmente muito evoluída para aceitar perder ou ganhar sem criar nenhum tipo de tensão". Afinal, no fundo todos com mínima inteligência sabem que o Fluminense sempre foi melhor que o Flamengo e se perdêssemos seria por puro azar do destino.

Mas involuntariamente a tensão se instalou na minha mente a ponto de quase explodir de tanta enxaqueca. Eu queria muito que o Flu ganhasse e poder rir à vontade da cara do Bruno e comemorar lindamente depois com um choppinho no Baixo Gávea. Era a desculpa perfeita para tentar convencê-lo de que além de ser uma namorada muito legal, de boba não tenho nada porque torço para um dos poucos times capaz de fazer o Flamengo tremer. Sabe como é né, quando é muito fácil, acaba perdendo a graça, mas o medo de competir com a namorada acaba instigando uma certa sedução.

Mas peraí! Se o Flu ganhasse, ele nunca ia querer tomar um chopp comigo, aliás provavelmente mal dirigiria a palavra a mim depois do jogo. Eu ia acabar me chateando e tudo acabaria em discussão. E se o Flamengo ganhasse? Eu ficaria meio sem graça, mas com toda minha elegância e civilidade, esqueceria tudo num minuto e acharia a programação muito divertida apesar do meu time ter perdido. Provavelmente o chopp ia rolar! Mas isso não seria uma traição ao meu sagrado coração tricolor?? Que mulher é essa que abdica dos seus sinceros sentimentos só para ver o namorado feliz? Hoje, as mulheres se impõem com clareza, têm opinião própria, atitude. Não só torcem veemente pelo seu time, como gostam e entendem de futebol. Veja quantas juízes e banderinhas mulheres estão mandando ver aí nos jogos! Então, estava decidido. Eu não ia me render!

Até o último minuto não me rendi. Acreditei até o final. Não adiantou nada. Flamengo ganhou, fui embora com a pior enxaqueca da vida e ainda descobri que sou pé frio e não posso mais ir ao Engenhão. Obviamente o chopp não rolou e quem não conseguiu dirigir a palavra ao namorado, fui eu. Desci do salto e ainda tive que correr atrás de uma meia bem quente. Ah dilemas...