Ontem era um dia de literalmente suar a camisa. Passei o dia todo me sentindo supostamente saudável e sarada só porque contava com a ilusão de correr na areia da praia às nove da noite, depois de um dia inteiro de trabalho e mil tarefas pós-labuta.
É claro que isso não aconteceu. Depois de tantos afazeres, lembrei da areia fria da praia, do vento inconveniente e gripal e da imensidão deserta porque convenhamos que só uns poucos loucos vão correr na areia a essa hora. Juro que se essa imagem cruel não me viesse à cabeça, eu enfrentaria todo meu cansaço e o corpinho gordo e pesado para lutar contra esse mal que tomou conta de mim: a gordura. Mas como toda pessoa cheinha, o primeiro pensamento que surge quando se tem a ideia de malhar é a dificuldade e os milhões de obstáculos que teria que superar para conseguir sair de fato do ideal para a prática.
Só que além de ter rapidamente descartado a possibilidade de me sacrificar em busca do corpo perfeito, uma tentação do mal baixou no meu corpo e não havia quem tirasse de mim: o desejo de japonês! Quem gosta sabe bem do que estou falando. Esse é o tipo de comida que não se come todo dia, por mais gostosa que seja simplesmente não combina almoçar e jantar diariamente sushis e sashimis. Definitivamente não é como arroz e feijão. Mas aí é que está a maldade da coisa, porque quando você menos espera (principalmente nos dias de dieta), bate uma vontade louca e insandecida de devorar aqueles peixinhos deliciosos imediatamente, sem eira nem beira, na hora, no laço e ai de quem tente me impedir.
Quando isso acontece, o olfato fica tão apurado que mesmo a quilômetros de distância do restaurante, você se torna capaz de sentir o cheirinho do molho shoyu. A saliva começa a fabricar espontanemente o gostinho do hot philadelfia se desmanchando na sua boca. E se o caso for muito grave, até alucinações de barcos repletos de sushis brotam na mente.
Pois foi exatamente o que me aconteceu ontem, logo na minha pretenciosa e ilusória noite da maromba. Para melhorar minha orgia alimentar, ainda tive a ousadia de ir a um restaurante com rodízio. É o passe livre para o vigilantes do peso, sem escalas, non stop.
Lição de vida: não tente lutar contra a hipnose do japonês. É impossível vencê-la. Fato provado e decretado.
Barquinho do mal! |