segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Fernanda, a feia

Quando eu era criança, não posso dizer que era exatamente uma menina bonita, aliás era bem esquisitinha. Uma mini baranga, digamos assim. Não que hoje eu seja lá essas coisas, mas o bullying da feiura me traz traumas até hoje.

Os meninos do meu colégio tinham um pacto suuuuper bacana de só irem nas festas de aniversário das meninas que fossem bonitas. Sendo assim, passei anos da minha vida sendo refém de festas falidas, vazias e só com meninas. Os únicos meninos eram meu irmão e o Guiga, o melhor amigo dele.

Ainda por cima, eu era obrigada a fazer a festa sempre TRÊS meses depois do meu aniversário, porque em janeiro todo mundo viajava de férias. Era uma péssima tentativa da minha mãe de achar que fazendo em março finalmente minhas festinhas vingariam. Mas ano após ano era sempre um fracasso.

Podia ser na Vogue, na Mikonos, no Piraquê, no play cheio de atrativos, piscina e quadra de futebol... Não importava! Sempre apareciam não mais do que meia dúzia de gatos pingados, e como eu disse, sempre meninas. Para falar a verdade, tinha um único menino da turma que sempre aparecia e nunca entendi por que. Ele era o gatinho da sala, super popular, o melhor no futebol e também o queridinho das professoras. Por um tempo, tive a doce ilusão de achar que o pobre coitado gostava de mim. Até que um dia eu descobri que a mãe dele era amiga pessoal da minha mãe e por isso, o obrigava a furar o pacto dos meninos e ir nas minhas festas fracassadas, coitadinho...

Mas tudo bem. Isso é passado, não tenho mágoas, deixei pra trás. O fato é que desde então fiquei com um pavor avassalador de aniversário e datas comemorativas em geral, tipo natal, reveillon e carnaval. É um medo incontrolável de ter mais uma festa micada para entrar na enorme coleção da minha infância. E resolvi falar disso hoje porque falta um pouco mais de um mês para o meu aniversário e o pânico já está começando a tomar conta de mim.

É um dilema. Se eu não comemoro, tenho medo de ficar triste por deixar passar em branco e de as pessoas não me ligarem para dar os parabéns. Nessa cabeçinha doida não existe a possibilidade de uma amiga esquecer de me ligar. Isso é inaceitável! Mas por outro lado, se eu comemoro, fico com medo das pessoas não aparecerem, ou ainda pior: dizerem que vão passar só para "me dar um beijo!" Vai se ferrar!!! Passar pra dar um beijo?? É melhor não ir e nem ligar mais! Tchau!

Portanto, diante do breve e mala natal que se aproxima, de um reveillon no Rio de Janeiro, sem direito nenhum de fuga e ainda por cima na contagem regressiva para mais um temeroso aniversário, tenho tudo para entrar num surto psicótico, mas como todo ano sobrevivo a esses meses pavorosos, acredito que mais uma vez sairei ilesa. E seja o que Deus quiser!


Olha que pavor! Eu totalmente tupiniquim e meu irmão, o oposto de mim, super fofys!