terça-feira, 23 de outubro de 2012

Hey, what's up?


É interessante como as pessoas se cumprimentam, já reparou? É um diálogo de apenas duas frases feito somente de uma mesma pergunta.

Uma cena comum: estou passando por algum lugar, que aliás é totalmente irrelevante, provavelmente mexendo no celular como de costume até que avisto alguém conhecido.

- Oi, tudo bem?

E ele "responde": - Oi, tudo bom?

E pronto, assim acaba a cena esquizofrênica. A pergunta é exatamente a mesma e a resposta é nula. E o pior, continuo caminhando como se fosse super normal perguntar algo e ser retrucada com a mesma pergunta. A recíproca é verdadeira. A única variação possível é trocar o "tudo bem" por "tudo bom" e olhe lá.

Quando me dei conta de tal insanidade, realmente me incomodei e resolvi quebrar paradigmas, revolucionar o mundo, atravessar as barreiras impostas pelas leis sociais até que... pronto, o momento ficou fadado ao mistério. Eu finalmente respondi que "sim, está tudo bem comigo!". Ficamos nos olhando durante uns dois segundos.

Ele mexia as sobrancelhas como se não entendesse o que acabou de se passar. Decidi ir mais adiante.

- Mas e você? Não me respondeu. Tudo bem?

As sobrancelhas se revezavam numa espécie de sacolejo coreografado. Se pudesse se ver ia perceber que ele sim era o estranho da cena e não eu. Sem muita saída para fugir do silêncio constrangedor, disparou de uma só vez:

 - Estou bem.

Baixou os olhos e nitidamente estarrecido com a situação inesperada continuou seu caminho e voltou a teclar em seu iPhone, onde provavelmente embalava livre e solto nas conversas do whatsApp.

Ri sozinha até que instantaneamente o som de uma nova mensagem sinalizou no meu celular. Ah, um novo whatsapp... Não é que era o tal conhecido?! Olhei para trás e o vi já de costas a uns bons metros de distância mas agora, devidamente protegido pela telinha do telefone.

- Oi Fê, desculpe estava com pressa. Mas agora posso falar. Estou bem sim, entrei num novo negócio, está dando muito certo. Ah e você não sabe! Minha irmã casou e está gravida! Vai ser um menino. Nós acabamos de voltar de Nova York, foi a família toda. E você? Me conta como está!

Quanta desenvoltura para uma conversa por celular, não? Pois bem... Quer saber qual foi a minha resposta? Não há muito o que pensar. Se a pergunta foi "e você? Me conta como está", nada mais normal que responder:

- E você? Me conta como está!

As sobrancelhas certamente voltaram a sacolejar.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Intocáveis tocantes



Ele falou que não gostava de arte e que música clássica lembrava Tom e Jerry. Ele tirava onda de valentão, mas esperneou de medo ao voar de parapente. Ele ria dos outros mas chorava de si mesmo. Embarquei em cada vírgula do roteiro e me vi rindo e chorando também, junto com ele. Uma overdose de sentimentos, de música de qualidade, de histórias de verdade, de lição de vida e ensinamentos. "Intocáveis" é definitivamente uma obra-prima, um exemplo de cinema, que muito ao contrário do próprio nome, toca sim e toca lá no fundo, de forma inesperada e gostosa.

Aproveite. É bonito de se ver e sentir. Não é 3D, não tem mil efeitos especiais, mas a experiência sensorial que os "Intocáveis" permite ao público é um verdadeiro presente. Uma história que poderia ser muito triste, mas quebra paradigmas e nos faz morrer de rir, sem deixar em nenhum momento a emoção de lado. É uma combinação perfeita e tão sutil que entramos numa montanha-russa de sentimentos, fluindo da graça às lágrimas de forma tão natural e delicada, que só nos resta usufruir.

A lição que fica é simples, mas genial: ria mais de si próprio. Na nossa rotina escrachada acabamos esquecendo do sábio conselho. Mas não apenas por isso e sim por toda a trama em si, é um filme digno de oscar. E se não conseguir ganhar, vou chorar sim. E depois com certeza, sorrir.

domingo, 26 de agosto de 2012

Achados e perdidos


Pode ter certeza! Quando uma mudança muito grande acontecer na sua vida, várias outras mudancinhas ou até revoluções (depende do seu nível de sorte) acontecerão ao mesmo tempo, talvez com diferença de dias só para te dar uma pequena folga. Mas no fim das contas, em uma semana sua vida vira do avesso e haja força para aguentar.

A imprevisibilidade da vida nos deixa sujeitos a isso mesmo. Se as transformações forem boas, a ruptura com a rotina nos dá mais chão e vontade de viver. Essa é umas das graças da vida. Mas outras mudanças muitas vezes nos colocam contra a parede como se estivessem dizendo: você vai conseguir superar? 

Parece que estamos constantemente sob teste. Precisamos ter a sabedoria suficiente para enxergar a beleza das transformações positivas e aproveitá-las sem modéstia. Por outro lado, precisamos ter muito estômago para engolir as tristezas, além de pernas fortes e ágeis para seguir em frente.

As perdas sem dúvida são os maiores embrulhos com que nos deparamos. Eles bloqueiam o estômago e tomam para si todo o ar que sobrou no pulmão. Mas o coração ainda lateja, às vezes lateja até demais num acelerado que parece querer ultrapasar o limite do seu corpo de qualquer jeito. E é isso que nos obriga a resistir. Por mais incômodo que seja, ele está apenas te mostrando que a vida não parou. Pelo contrário. Enquanto você se esforça para conseguir respirar pelos ínfimos vácuos que o embrulho esqueceu de tapar, a vida corre lá fora porque o mundo e até mesmo o seu próprio mundo não se limitam ao seu corpo. Existem muitas caixinhas de surpresas fora do seu quintal, sem embrulho nenhum, livres e abertas para você respirar melhor.

Mas e a minha perda? Aonde ela se encaixa nesse raciocínio anatômico? Não é tão simples assim. Posso até recuperar meu pulmão, mas e as lembranças que não querem deixar meu pensamento? Dizem que nesse caso, a resposta é única e sinceramente, muito cruel: o tempo. 

A dor da perda de um amor por exemplo, não conta com o tempo convencional que usamos de parâmetro. É uma outra cronologia, sem lógica e totalmente feita de descompassos. Pode durar dias, anos ou uma vida inteira, como foi o caso da minha mãe. Está fora do nosso controle. Seria bom se existisse um "achados e perdidos" para os amores desiludidos.

É preciso fechar os olhos e apenas sonhar com dias melhores. Com certeza eles virão.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

No woman no cry


Eu sei que estou longe, distante demais das minhas confidências rituais. É que alguns dilemas irreversíveis tomaram conta da minha agenda.

Nada como chegar na beira dos 30 e sentir seu bolso ainda vazio e as pernas flácidas. Ok, não estou louca ainda, sei bem que dinheiro e flacidez teoricamente nada tem a ver. Teoricamente, vale ressaltar... Sim porque completar três décadas de vida correndo mais do que nunca atrás de uma ilusória carteira recheada e coxas torneadas é o que mais se vê por aí. 

O grande auge do dilema acontece quando você se dá conta de que a esteira acelerou mais do que devia. Você perdeu o timing e agora, o tempo é curto demais para se recuperar. Mas vou parar de falar entre linhas. O fato é que no momento chave de uma frustração, você há de concordar comigo que a primeira reação de um ser humano (supostamente com sentimentos) é de tristeza. Só que mesmo às vésperas dos 30 anos, continuo pulando a etapa da tristeza, da raiva, da decepção e de todos esses clichês mexicanos e vou direto, sem escalas, totalmente non stop, para a última das últimas etapas: o mais autêntico e assustador momento do chororô descontrolado.

Para confirmar minha tese, descobri outro dia conversando com meu pai, que costumo pular as etapas sentimentais desde que vi o mundo pela primeira vez. Era mais ou menos assim: eu olhava para ele e chorava. Via meu irmão e chorava. Via meus avós e chorava. Via o sol, a nuvem, o mar, um lindo cachorrinho felpudo e, adivinha? Sim, eu chorava. Inclusive, um tio doido me chamava de Fernanda Cachoeira. Não que eu tenha alguma coisa a ver com aquele indivíduo boa gente lá da CPI, mas sem querer ser dramática, já sendo, passei minha vida toda entre lágrimas e lenços de papel. Até que na contagem regressiva dos meus vinte e tantos anos, ouço dele, meu pai, o cara que me trouxe ao mundo praticamente para chorar, a seguinte frase: minha filha, diante de uma frustração alguns choram, outros simplesmente vão vender lenços de papel. 

Fiquei com a pulga atrás da orelha. Afinal, eu fui e ainda sou a maior consumidora de lenços de papel da história. Não só por causa da minha, digamos extrema sensibilidade emocional, mas também graças à rinite alérgica que não me larga há anos. Mas não importa o motivo, chegou a hora de mudar esse jogo. Não que eu queira vender lenços para consumidores top como eu, mas aprender a lidar com os problemas sem apelar para a autopiedade pode ser um bom início para entrar na maturidade dos 30 anos.

Definitivamente não vou mais chorar com as frustrações e muito menos, com cachorrinhos felpudos, mesmo que eles estejam sozinhos e abandonados. Só peço por favor, que não me venha mostrar meu extrato bancário porque aí já é golpe baixo. Afinal, toda cachoeira, mal ou bem, sempre acaba em riacho.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Surfista de trem


Não, por enquanto você ainda não vai me ver pendurada tentando me equilibrar no teto de um trem do Rio de Janeiro, mas posso te garantir que como boa carioca até que me saí super bem na minha mais recente missão rumo à Cascadura.

Entrar num novo emprego tem dessas coisas. Do nada você pode se ver correndo pelo centro da cidade atrás dessas empresas no minimo muito esquisitas para fazer exame admissional, homologação e todas essas burocracias que fazem parte do humilde mundo da classe trabalhadora. E é aí que surgem essas sinucas de bico. Quando você perceber já estará matutando na cabeça como vai fazer para achar uma vaga no centro ou pior, como fará para chegar no so far far way reino de Cascadura.

Mas a casca era mais mole do que dura. Andar de trem definitivamente não é um bicho de sete cabeças. Ta certo que ousei até demais dando uma de playboy que vai para o centro de carro. Mas como meu amigo Murphy tava muito ocupado com outras vítimas nesse dia, meu anjo da guarda entrou em cena e me arranjou uma super vaga bem em frente à estação de onde eu partiria para minha missão: a Central! 

Desculpe a total ignorância e alienação da bolha em que sempre vivi, mas para mim Central me parecia um lugar medonho com um relógio pavoroso e gigantesco frequentado apenas por vândalos surfistas de trem, além claro da minha empregada, única pessoa de bem que insiste em passar por ali só para não enfrentar o trânsito do subúrbio. Mas não é bem assim.

"Senhoras e senhores, tenho aqui um CD com mais de mil sucessos da música gospel. É sucesso de ontem, de hoje e de eternamente. São apenas dois reais para ouvir Jesus. É sucesso de ontem, de hoje e de eternamente", insistia repetidamente com esse grito de guerra um dos vinte ambulantes que se amontoavam no meu vagão. Em apenas quatro estações vi o cara vender uns dez CDs. Água, relógio, lápis, caneta, tinha de tudo. Era um saara ambulante.

Dois caras do meu lado me fizeram sofrer para conseguir disfarçar a vontade louca que estava de gargalhar. Confesso que eu não estava nem um pouco feliz de estar enfurnada naquela sauna imunda a caminho do subúrbio, mas as histórias daquela dupla me arrancaram sorrisinhos cautelosos. Os apelidos são realmente de uma criatividade de tirar o chapéu: chouriço, espiga, Bob Marley, nariz, cachorro louco, Mussum, geleia e por aí vai. Todos os personagens das histórias eram chamados por apelidos. Dentre as surrealidades, uma merece destaque. O cara estava no baile funk, encheu a cara de pinga, ficou com a boca seca, morto de sede até que avistou um galão de "água" dando sopa na quadra. Vibrou de emoção e "malandramente" se apossou do galão e virou com tudo na mais fervorosa ânsia por água. O gole foi daqueles caprichados, bem de macho mesmo com a goela toda escancarada. Mas como dizem que alegria de pobre dura pouco e que pão de pobre sempre cai com a manteiga virada para baixo, a água não tinha nada de Minalba. Era cloro puro. 

"Fiquei boladão por causa de que na mesma horinha lembrei de um camarada que quase morreu bebendo cloro. No desespero, arrumei logo uma caixa de leite e virei ela todinha. E olha que nem gosto de leite heim! Mas neguinho também é foda, não ta de bobeira nem nada, me empurrou logo um leite com cachaça. Aí meu irmão, fudeu geral, fiquei bonecão e o Bob Marley ficou cheio de caô pra cima de mim". O cara não é um gênio? Virei fã.

Cheguei em Cascadura não só sã e salva, como toda espertinha me sentindo já a local da baixada. Achei o endereço em menos de cinco minutos. Fui num pé e voltei no outro me sentindo a mulher mais gata do Rio de Janeiro depois de ganhar uma cantada a cada esquina. Problemas de autoestima? Vá para Cascadura, monsieur! 

Andar de trem sem dúvida foi uma experiência inesquecível. Uma outra realidade que na verdade, está muito mais perto do que muita gente imagina. Não gosto de música gospel, não comprei nenhuma bugiganga e juro que nunca bebi cloro, mas vi que debaixo daquele relógio horroroso existe muita gente simples, mas feliz. Como já dizia um rap das antigas e faço questão de cantar, da zona sul à zona norte o que eu quero é surfar.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Da Gávea a Búzios não há nada igual


Não quero tchu. Nem quero tcha. O que eu quero? Sossego. Já dizia o grande poeta Tim Maia e repito ipsis litteris. Tudo isso porque no fim de semana passado "consegui" (repare que está entre aspas) reviver cada minutinho arrasatado no maior estilo baiano, totalmente relax, paz e amor. O cenário não era tão glamuroso quanto as paradisíacas praias da Bahia, mas o charme único de Búzios me deu a chance de respirar por dois dias aquele ar despreocupado e sentir toda a malemolência de uma terra genuinamente bela e praiana.

Mas como já comentei aqui no blog algumas vezes, tenho sempre que contar com a variável "Murphy", principalmente nestes momentos aparentemente perfeitos demais. É claro que algum imprevisto nada agradável e muito improvável tinha que acontecer. Para resumir em uma única palavra, mais precisamente em apenas três letrinhas, o dilema da vez chama-se GPS, que tanto pode significar Global Position System, quanto Garantia de Problemas em Série.

Ficar terrivelmente gripada com direito a tosse de tuberculoso exatamente na madrugada de véspera de uma viagem para um lugar de praia foi apenas um mero detalhe. Só uma pequena amostra do que estava por vir. Vitamina C e Benalete me pareciam uma ótima solução, mas estou amargando a maldita gripe até hoje.

Mas voltando ao dilema central, o GPS definitivamente não tem a menor empatia comigo. Isso porque ter Fernandinha como co-pilota é se entregar ao significado mais literal da palavra desespero. Você acha que viajar da Gávea para Búzios em não menos que SETE HORAS só acontece em feriadão? Nãããão! Sem trânsito nenhum é absolutamente possível cometer esse suicídio se estiver confiando em mim como GPS. É isso mesmo... Eu fiz Rio - Búzios em pouco mais de sete horas num fim de semana comum e sem trânsito. Parece difícil de acreditar? Então vou te ensinar como se faz.

Primeiro tente ir para a Ponte Rio Niterói pela Linha Vermelha. Você achava que era pelo Centro?? Não, senhor. Red Line e vamo que vamo. Quando estiver na Ilha do Governador você pode se dar conta desse pequeno errinho e fazer o retorno para pegar a Linha Amarela. Yeeeeessss, Yellow Line porque não? Afinal, podendo errar mais uma vez não vai te custar nada a não ser uma leve vontade de socar compulsivamente o volante até quebrá-lo.

Agora preste atenção porque essa dica é fundamental: a Fernandinha diz que a saída da Linha Amarela para o Centro é a 90. Quando chegar bem próximo da saída 9D (veja que não é mais 90, é 9D! O zero para a cegueta aqui era na verdade a letra D!) e aparecer uma placa com o bairro CENTRO e uma seta, NÃO ENTRE! Pode seguir em frente e ir atééééééééééé a Barra da Tijuca! Mais uma vez, porque não? Afinal, a Fernandinha disse saída 90 e não 9D, então nada mais normal do que ir até o final da Linha Amarela e quem sabe voltar para a Gávea, porque não?

Ok, voltar para a Gávea é um pouco demais. Então vamos só esperar ir até a Barra para pegar a Linha Amarela toda de novo, só que dessa vez no sentido contrário porque a Fernandinha finalmente se tocou que zero não é a mesma coisa que D. E agora ela está determinada a caçar a saída para o Centro. Aliás qual era o nosso objetivo mesmo? Já me perdi.

Nada disso! Não sou tão perdida assim. Vamos pegar a saída 9D, cair finalmente no Centro e chegar a tão sonhada Ponte Rio Niterói! Mas como todos já sabem, nunca foi registrado tráfego fluente na ponte. Então, respira mais um pouco e espera. Agora me diz! Depois disso tudo você conseguiu pegar a Via Lagos? E está todo felizinho com isso? Ah então chegou a hora de nos divertir mais um pouquinho e dar uma voltinha em Magé, o que acha? O que foi? Não gostou de Magé? Pois é, eu também não, então daremos um jeito de retornar para a Via Lagos em direção a Búzios porque se você não se lembra mais este é o nosso objetivo final.

De volta à nossa estrada para o fim de semana buziano teoricamente bem relax, vamos tentar realmente apaziguar os ânimos agora e seguir em frente como se não houvesse amanhã, afinal estamos enfim no caminho certo. Aí quando você avistar uma bifurcação com uma placa gigantesca apontando uma seta para a esquerda "Rio Bonito" e outra para a direita indicando Búzios, você pensa bem e pergunta para a Fernandinha, afinal ela é o melhor GPS já desenvolvido nos últimos tempos. Então, pegue a esquerda e vamos agora dar uma voltinha por Rio Bonito. Aaaaaahhh não, mas a gente queria ir para Búzios e a diária da pousada já está paga, esqueceu? Era para chegarmos no início da tarde e talvez até já aproveitar uma praia, não se lembra? Pois é, mas já são quase dez horas da noite e a Fernandinha conseguiu confundir Rio Bonito com Búzios. Um lugar super agradável, principalmente a esta hora, com direito a alguns bêbados estranhando seu carro com olhares ameaçadores.

Mas não se preocupe! Nada que uma bandalha não resolva e te ajude a pegar a estrada de volta. E aí cansou? Agora já são onze da noite e com toda a boa vontade de Murphy, finalmente você conseguiu chegar na Orla Bardot. Você imaginava pegar uma praiana quando chegasse? Pois é, não deu. João Fernandes já está um breu. Que tal então afogar o ódio que provavelmente tomou conta do seu ser num bom destilado na Rua das Pedras? Também não deu... Não existem forças nem para o álcool.

Por isso tudo, não me venha agora querendo tchu, muito menos querendo tcha. Tenho um namorado prestes a ter um surto psicótico e preciso me desculpar e acalmar. Minha única sorte nessa tragédia toda foi ter ainda um final de semana inteiro pela frente com a certeza de estar pisando nas areias de seda das praias de Búzios. Cenário perfeito para uma reconciliação, não acha?

Mas depois dessa pequena trajetória de erros, não tenho mais a menor dúvida de que Tim Maia definitivamente conheceu e se arriscou a ir para Búzios com uma dessas Fernandinhas que estão espalhadas por aí, praticamente uma das musas inspiradoras de Murphy. Diante de tanta má sorte, a única coisa que o mestre conseguiu cantar foi: "O que eu quero? Sossego". E eu cantei tanto as sábias palavras do síndico que consegui enfim uma folga de Murphy para viver a paz do desfecho perfeito desenhado pelo céu de Búzios totalmente azul da cor do mar. Realmente, da Gávea a Búzios não há nada igual.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Hora de dar tchau


Despedida... Essa palavra não estava no meu dicionário. Na verdade até já esteve em alguns poucos e doloridos episódios da minha vida, mas fiz questão de passar a borracha, pulando direto para a letra E de esperança, expectativa e emoção, que é exatamente do que se trata esse mais novo dilema.
O papo dessa vez é sério porque amanhã dou início a um novo ciclo na minha vida profissional. O Globo Online terá uma nova repórter na área. Cheia de dilemas, mas com todo o gás, enfrento amanhã o novo desafio com a certeza de que tive uma experiência realmente emocionante no lugar onde agora me rendi ao que eu mais abomino: me despedir.

Mas afinal por que será que as despedidas carregam esse peso tão negativo? Já reparou que muitas vezes é a partir da simples oportunidade de dizer tchau que finalmente conseguimos expressar nossos sentimentos? Sim, é verdade! Muitas relações que antes ficavam blindadas pelas amenidades do cotidiano acabam se revelando muito mais profundas e verdadeiras exatamente neste temido momento de dizer tchau.

Sei que ninguém está morrendo e que não estou indo morar no Japão, mas só o fato de não poder mais terminar meus dias com o rotineiro "até amanha" para essas pessoas que me aturaram durante nada menos que cinco anos, faz com que esse tchau incorpore todo o peso melodramático de um adeus.

Foi assim mesmo, bem capítulo de novela mexicana, que disse hoje adeus aos meus colegas de trabalho. Lágrimas, soluços, declarações, todos os elementos melodramáticos estavam presentes neste roteiro. Mas apesar de nao ter caído ainda a ficha, nada disso era ficção. Aliás, foi tudo tão verdade que pela primeira vez pude enxergar o lado positivo das despedidas: o quanto você pode ser querida e às vezes nem imagina. 
As despedidas abrem caminho para que os afetos se revelem. Isso nao é drama.  É apenas o happy end das esquetes da vida.

Um tchau muito feliz a todos!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dilemas de Renatinha



Sempre tive problema com meu nome. A verdade é que sofro de uma fobia terrível que está diretamente ligada à minha identidade: medo de esporro. Sabe aquelas pessoas que têm aqueles nomes compostos, tipo Pedro Henrique, Maria Eduarda e por aí vai? Pergunte a qualquer uma delas qual é a sensação de ouvir seus dois nomes raivosamente pronunciados por seus pais. Quando a querida e doce Duda vira Maria Eduarda, prepare-se porque FUDEU!

Meu nome apesar de singular, tem o mesmo peso de uma Maria Eduarda. Por isso, apelo, suplico, imploro e infernizo meu amigos e conhecidos para me chamarem de Fernandinha, Fê, Nanda, tudo menos o  pavoroso Fernanda. Pode ser cisma minha, mas meus pais sabiam expressar como ninguém o som ácido, tipo um anasalado grave, profundo e cruel que está intrínseco no meu nome. E a desculpa era sempre a mesma: "minha filha, você tem um nome forte, deveria ficar feliz com isso". Às vezes botavam a culpa até na Fernanda Montenegro, tentando me convencer que se inspiraram numa mulher admirável e com um nome tão imponente como ela é. E quem disse que quero ser imponente? Eu sou mesmo é a Fernandinha, tímida, insegura, neorótica, indecisa, problemática e confusa, ou seja, se tem alguma coisa de imponente aqui são os meus dilemas, que aliás têm imponência até demais na minha vida.

Mas por ironia do destino, sempre confundiram meu nome com Renata. Não sei qual é a ligação, a similaridade, mas acho Renata tão mais leve e feliz que em alguns episódios da minha vida posso dizer que cometi crime de falsidade ideológica. Tudo começou há alguns anos atrás quando um professor super simpático e solícito da minha antiga academia, trocou meu nome. Para me estimular naqueles malditos exercícios que me beiravam à morte, ele dizia em alto e bom som: isso aí Renata! Muito bem Renata! Vamos lá Renata! Neste momento, não só a timidez falou mais alto, como a felicidade ilusória por provisioriamente ser conhecida por um nome incrivelmente fofo. Por isso, nunca consegui corrigir o tal professor. Simplesmente, incorporei a Renata, que com o passar das aulas e o nível de intimidade em alta, foi se transformando em Renatinha e por fim, a linda, doce e fofolete Rê da aula de local.

É lógico que não me passei por Renata só pelo simples fato de simpatizar com o novo nome, mas principalmente porque tenho verdadeiro pavor de constranger as pessoas. Imagina que situação embaraçosa seria se um belo dia, literalmente do nada eu revelasse a verdade depois de tantos estímulos, tantas inúmeras aulas sendo a Renatinha querida da aula de local. Jamais! Isto estava fora de cogitação. E no fim das contas, agradeço aos céus porque dei muita sorte de nunca ter passado pelo constrangimento de ser pega no flagra por algum conhecido fingindo me chamar Renata. Mas confesso que por alguns momentos tremi na base com a tensão de ser desmascarada num possível esbarrão concidente com o professor e alguém que soubesse meu real nome. Afinal, não existe imponência de Fernanda que explique as confusões de uma falsa Renata.

Dizem por aí que Fernanda significa ousadia e realização de todos os desejos e sonhos, o que logicamente não faz parte da minha trajetória nos meus últimos 28 anos, senão no mínimo, eu já seria uma milionária da Mega Sena. Por outro lado, ouvi falar que Renata significa renascimento, ressucitação. Huuummm, agora sim estou vendo sentido nessa história toda. Na minha próxima encarnação, pode acreditar que a Renatinha da aula de local vai surgir linda, bela e muito real, mandando ver no quatro apoios e arrasando no abdominal.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

What a surprise!



Ultimamente tenho entrado numa psicose louca por corrida. Isso é meio estranho porque afinal, sempre remoí problemas seríssimos com aparelhos que simulam movimentos sem sair do lugar. Bicicleta, esteira, transport e aquela monstruosidade que imita uma escada com degraus ambulantes, nunca fui com a cara deles. Como pode? Você pedala horas ou então, sobe 40 mil degraus da porra da escada móvel e continua de cara para a parede da sala da academia? É um verdadeiro convite ao tédio. Mas como já dizia Forrest Gump, "a vida é como uma caixa de bombom, a gente nunca sabe o que vai encontrar" e portanto, na maior surpresa dos últimos tempos, eis que um certo flerte começou a pintar entre mim e Stela.

A Stela é uma das 20 esteiras que tem na minha academia. Ela é especial porque fica posicionada no canto exatamente inferior ao ar condicionado (vulgo Senhor Alasca), colada na parede (que comecei a ver com outros olhos: de entendiante ela passou a aconchegante) e a alguns poucos metros da única televisão sintonizada num canal que não esteja passando futebol. Nós nos simpatizamos depois que resolvi dar uma chance a ela e tentar alcançar o mítico, distante e inimaginável emagrecimento.

A afinidade foi tanta que não consigo olhar para a Stela sem pensar: hoje vou ficar com você por no mínimo uma hora, minha amada, querida e mais nova amiga. Tudo isso porque Stela realmente está me saindo melhor do que qualquer dieta da sopa e do poder laxante nada agradável do chá verde. Uma hora com Stela significa no mínimo 10 km percorridos, o que segundo ela me diz, corresponde a 1000 calorias perdidas! Sim, eu disse mil, com os três zeros reluzentes! Ainda por cima, Stela tem excelente facilidade para matemática e essas chatices numéricas em geral. Mas tem mais: ela é a metamorfose ambulante de Raul Seixas. Com um simples toque pode virar uma superfície mantanhosa, com descidas e subidas em vários níveis de dificuldade. Com Stela não existe tédio! 

Ela é um pouco tímida, discreta, reclusa, exatamente como eu, veja só que irônico! Por isso, ela se posiciona no cantinho mais estratégico para que ninguém fique vendo você suar como uma porca e muito menos para que nenhum professor mala tenha acesso a você. Estou falando isso porque simplesmente tenho horror de professor de academia e acho que deviam ser banidos da sociedade aqueles cristos que em geral ficam responsáveis por passar de aparelho em aparelho impregnando os alunos com perguntas do tipo: está tudo bem? quer uma águinha? posso medir seu pulso? Numa boa, se você é professor de academia e faz esse tipo de coisa, vá agora cortar os pulsos, porque você é um mala inconveniente, submisso, subserviente, capacho da ditadura das academias que cismam em monitorar os alunos com um único e claro objetivo: deixar o pobre coitado que está se matando na esteira com aquela maldita dor de viado. Isso é muito sério, gente! Não existe conversar, bater papinho, dar detalhes de como está sendo o seu treino enquanto você corre, cacete! Correr pressupõe silêncio absoluto! No máximo, um fone com a música no volume máximo para você nunca ter que ouvir e responder nada para ninguém. Não existe interação na corrida. É você, o fone e a Stela, pronto e acabou. A boca só abre para respirar. Se você falar um ai que seja, é dor de viado na certa. Quero ver alguém correr com aquela dor insuportável, é um verdadeiro golpe baixo com pontadas ritmicas condicionadas aos seus passos da corrida. Nem toda a disposição do mundo é capaz de sobreviver a isso e os professores sabotadores são os principais culpados.

Ok, depois desse desabafo insano de ódio aos professores, posso concluir sobre o meu caso de amor com Stela. Pois bem, não sei se é um relacionamento de longa duração e nem se ficará mais intenso evoluindo para corridas de 20 km pra cima. Acho sinceramente que tudo é possível nesse meu mais novo affair. Uma vez li um post da minha musa psicótica Natalia Klein em que ela perguntava: correr para quê? para onde? por que? No atual estágio, ainda estou na fase cega do amor, então não posso responder a essas perguntas. Só sei que enquanto Stela estiver pronta para o meu start, estarei lá rumo à tão sonhada magreza e sem caixas de bombom, of course, mas no maior estilo Forrest Gump. Run, Fernandinha, run!


sexta-feira, 22 de junho de 2012

The Big Boss



Certas coisas na vida não têm meio termo. Não adianta. Por exemplo, não existe meio gay. Ou é ou não é. Outro dia conversando com um amigo, tentei descobrir se ele era realmente gay. Algo me dizia que aquela Fanta tinha um quê de Coca-Cola. É lógico que não usei meus recursos de sedução, até porque nesse caso nem ele resistiria (ahamm, sei...). Então, por meio de argumentos muito sólidos tentei mostrar a ele como as mulheres são digamos assim, interessantes. Não que eu seja lésbica (para isso também não tem meio termo), mas se eu ficar cara a cara com uma Eva Mendes da vida, não sei não. No mínimo, beijaria o chão que ela pisa.

Mas voltando ao meu amigo, depois de muito blá blá blá totalmente em vão, ele me olhou e disse: "Fê, não adianta. Sou gay". Tive que aceitar porque realmente gosto não se discute, apesar de compartilhar do mesmo que o dele. Afinal, no fundo no fundo, entendo a proliferação de homens saindo do armário. As mulheres são muito chatas, repetitivas, cansativas e impregnadas de paranóias, dívidas com cartões de crédito e TPMs. Ou seja, realmente, é tempo perdido investir numa mulher. Roubada na certa, mesmo que seja a incrível, exuberante e magnânima Eva Mendes.

O lance é que com homem não tem lero lero, é preto no branco, branco no preto, sem frufru e frescurite aguda. Um puxão de cabelo a la Javier Bardem em Vicky Cristina Barcelona já desmancha qualquer uma, ou no caso, um. Você que assistiu a essa obra prima do Woody Allen deve ter percebido que mesmo entre três deusas aparentemente irresistíveis, a vida do bonitão se tornou um inferno em vida ao ter que lidar com pelo menos duas delas, aliás as melhores: Penélope e Scarlet. Tudo bem que uma era completamente ensandecida e a outra era instável e emotiva demais, quase bipolar. Mas qual mulher não tem um pouco dessas duas personalidades? As que não têm são no mínimo uma mosca morta com cara de bunda e nem deveriam frequentar esse blog porque isso aqui é um lugar de pessoas com o mínimo de dilemas, portanto com expressão e opiniões.

Javier é o mestre dos machos alfa. O líder do líder. The big boss. E olha só, para variar já estou eu aqui de lero lero em vez de ir direto à questããã que tanto me instiga hoje. O cara é o cara por um simples e único motivo: ele surpreende. De primeira já oferece uma viagem interessante, imprevisível e claro, inegável. Como a vida é muito curta, mas só os espertos sabem disso, as duas sortudas não conseguem negar e se entregam ao charme daquele Don Juan.

Um homem que sabe surpreender e ainda usa de subterfúgios bem mal intecionados, diga-se de passagem, como oferecer um bom vinho tinto e um papo recheado de conteúdo, preferencialmente sobre algumas das sete artes do mundo, este é o big boss. O homem que qualquer sexo quer chamar de seu. Acredito que é por causa desses big boss da vida que surgem os gays. Um mito da masculinidade capaz de fazer com que muitos saiam do armário e definam para o resto de suas vidas, assim como meu amigo: eu sou gay!

Meu dilema com relação a homossexuais acaba de se esvaziar. Enquanto os Javiers existirem, o mundo realmente será gay e apesar disso acirrar ainda mais a concorrência com as mulheres, tenho que admitir que no mínimo, bom gosto eles têm. E não me julgue paraíba, mas Fanta é bem melhor que Coca-Cola.

Até Penélope teve que agarrar o big boss pelo pescoço

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Uma noite com Vinícius



Esse escurinho... Esse cheiro de uísque com cigarro... Esse violão com som de veludo... Essa voz profunda e calma... Essas palavras... Aaaahhh que palavras... Eu mesma não tenho palavras para descrever as palavras. Ele me envolveu de tal maneira que já não consigo mais abrir os olhos para admirar sua beleza. Os olhos fechados me fazem sentir melhor sua pele.

- Aaaahhh... Insensatez... Que você fez. Coração mais sem cuidadooo... Fez chorar de doooor o seu amooor... Um amor tão delicadooo...
- Vinícius... Você cantando assim... Me deixa mais apaixonada (suspiros)
- Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval, minha doce Fernanda.
- Vinícius... Você falando assim... Me deixa sem fôlego (mais suspiros)
- Só espero que nosso amor seja infinito enquanto dure, minha doce Fernanda.
- Vinícius... Você falando assim... Me deixa totalmente embriagada (suspiros ininterruptos)
- Eu sempre vou te amar. Por toda minha vida eu vou te amar, minha doce Fernanda.

Silêncio.

- Fernanda? Fernanda?

Por alguns minutos levitei sobre a sala incrivelmente aconchegante, antro de sedução da casa de Petrópolis de Vinícius de Moraes. Fiquei bêbada de amor e desmaiei em seus braços delirando com o poder hipnótico de seus olhos umedecidos e poderosos. Seu olhar me admirava com tanta profundidade e minha recíproca era tão intensa que fui tirada de órbita rumo a outra galáxia.

- Fernanda! O que houve com você, meu amor?
- Saí de mim. Não é você mesmo que diz: quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém? Então. Aconteceu.
- Minha doce Fernanda... Sem você não há paz, não há beleza, é só tristeza e a melancolia.
- É verdade. Senti tanto sua falta nos últimos anos. As rádios não tocam mais suas músicas e as pessoas não conhecem mais a Bossa Nova. Tudo se perdeu, Vinícius. Mas agora que nos encontramos, só posso te dizer uma coisa: Chega de saudade!
- Minha doce Fernanda... Você quer ser minha namorada?
- É meu maior sonho!
- Então, você tem que me fazer um juramento de só ter um pensamento. Ser só minha até morrer. E também de não perder esse jeitinho de falar devagarinho essas histórias de você. E de repente me fazer muito carinho e chorar bem de mansinho, sem ninguém saber porque.
- Eu juro! Mas você já se casou nove vezes, Vinícius. Então antes de assumir o posto de décima mulher, preciso te contar uma coisa.
- Fale, minha doce Fernanda.
- Eu amo você, sou enlouquecida por Bossa Nova, mas... Mas.... Mas.... É que... que... Eu gosto de funk.
- Ok. Você nunca será minha décima mulher. Adeus!

Acordei logo depois desse dolorido e sonoro adeus. Era apenas um sonho. Quanta insensatez...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

E aí? Formô?



Desculpe o palavreado nada elegante, mas Dia dos Namorados é foda! Sei que já passou, já está superado (ou não!), mas tive que vir aqui desabafar. Quem foi esse mala do ano, ou melhor, do século, que inventou essa desgraça?

Para começar que esse cara é no mínimo muito confuso. Como pode no Brasil a data ser 12 de junho e nos Estados Unidos 14 de fevereiro? Por que os americanos são sempre primeiro em tudo? Ainda por cima é preconceituoso. Mas vamos relevar os provincianismos e passemos para o próximo ponto. Será que esse grande inventor era também um grande pegador?

O nome dele era Johnny Blow, um americano gostosão e muito do materialista. Tinha um apego por coisas materiais que dava até nojo. Que feio, Johnny Blow... Na verdade, acabei de inventar esse nome, mas vai dizer que não é o nome típico de um americano babacão? Já ouviu falar naquela gíria de nem, tipo "fulano si si", pois é, todo fulano que se sente é no fundo, um Johnny Blow. Ele pega nas mão das gata, fala meia dúzia de asneiras momentaneamente encantadoras, e quando vemos, está lá atracado no cantinho mais estratégico da festa. Formôôôô!

Ele está sempre formando. Leva as gata para um after na sua casa e oferece a bebida clichê dos garanhões, vodca com Red Bull, duuuuurrr. Quanta criatividade! Engatilha logo um som hipnótico, tipo Sade, Morsheeba ou Bob Marley dependendo do style das gata. A meia luz no ambiente é pura coincidência, nada proposital. Um beijinho do bom aqui, outro ali, mãozinhas e mãozinhas, quer dizer, mãozão seria mais adequado, e pronto, foi dado o bote! A frase mágica demorou, mas saiu: Aí gata, quer namorar comigo? Formôôôô!!!

Aaaaaahhh Johnny Blow, pegou pesado heim! Pesado nada, pegou de jeito mesmo. Emplacou mais uma nova namorada e a cada ano o dia 12 de junho é sempre uma novidade. Claro que uma novidade boa, porque Johnny Blow não dá furos e já que inventou a praga do Dia dos Namorados, nunca se casa, afinal casamento não é mais namoro. Espertinho né? Está sempre ganhando presente e tirando onda de pegador. Aaaaahhhh vocêzinho aí que está lendo esse post está encalhado??? Saiba que Johnny Blow está cagando pra vc. Sofra mesmo, sinta-se bem diminuído nesta data maldita e finja que não está nem aí indo para essas festas falidas de "solteiros", no fundo, no fundo, você sabe que Johnny Blow é que é o cara e você é apenas mais um infeliz no 12 de junho que está puxando ferro na academia, enquanto Johnny e 80% do mundo está mandando ver com as gata.

As gata "solteiras" também sofrem, tadinhas. Se na terça-feira por onde você passava sentia todo mundo te olhando de cima abaixo como que pensando: "huuummmm.. essa aí está andando sozinha pela rua logo hoje? Hahahaha está encalhada, coitada!", tente se acostumar. A menos que você desencalhe, todo 12º dia de junho você passará por isso. É assim com todo mundo. 

Mas que droga de pressão é essa? Johnny Blow é mais poderoso que o Obama, galera! Uma amiga me disse inclusive, que até no trabalho dela liberaram mais cedo por conta do Dia dos Namorados. Aí eu penso: e quem não tem namorado, cacete? Ta me expulsando pra ir logo pra casa afogar minhas mágoas? Não entendo essas coisas.

Na atual conjuntura, eu estou zero encalhada, pela graça de Deus, mas no fatídico dia 12 cogitei ir para a academia às nove da noite. Cheguei a ir até a porta num lapso de "não estou nem aí para a data de hoje, eu quero é ficar gostosa", quando um pensamento irônico passou pela minha cabeça: Fernanda, que derrota! No dia mais romântico do ano, na data mundial da pegação e dos casais lindos, felizes e sorridentes, você vai se entregar ao suor impregnado dos aparelhos de musculação e ainda passar recibo de encalhada para os outros infelizes que estão lá??? E o seu orgulho próprio??? Aliás, e o seu macho? Não vai te levar para um after?

O celular tocou.

- E aí, Fê? Bora comer um japa?
- Formôôôôô!!!


Uma boa saída para os solteiros. Por essa, Johnny Blow não esperava!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Piada pronta

Já tem dois dias, mas essa é boa. A filha de 82 anos de Oscar Niemeyer morreu.

Pinga ni mim!



Uma lambida suculenta na bochecha manchada de lágrimas de rímel. Que susto! Pisquei bem os olhos, pisquei mais forte numa tentativa fúnebre de enxergar uma visão embaçada da baba do meu cachorro pronta para escorrer em meu rosto. A baba pingou e mais umas dez lambidas frenéticas borraram um pouco mais a maquiagem da noite anterior. Foi difícil, mas acordei.

Olhei bem ao meu redor e logo veio um suspirante alívio de estar sã e salva no meu quarto quentinho. O celular já esperneava mensagens aflitas do whatsapp. Isso me deu a certeza de que sim, eu estava viva! Sobrevivi à noite louca e mergulhada em álcool desta quarta-feira, véspera de feriado.

O álcool é realmente impressionante. Uns dizem que é o insumo do mal, coisa do demônio. Mas que é gostoso, aaahhh isso é. Olhem o poder travesso de uma pinga: inocentemente saí do meu lindo e doce lar na quarta à noite com a ingênua ideia de tomar cinco choppinhos at most com a Maricota, uma amiga querida e saudosa. Cinco tranformaram-se em... peraí, deixa eu fazer as contas... Quinze, não não, foi mais. Ok, vinte. Huuummm, sobe mais essa contagem aí, Fernandinha. Trinta? Ah garota, deixa de ser micha, pensar pequeno! Você tomou uma verdadeira lavada de cerveja! Um barril inteiro no mínimo consumiu seu fígado! Cai na real!

É o poder da multiplicação. Pinga fuderosa essa! Daí por diante minha gente, são só flashes. Algo como um sonho me diz que da Gávea fui teletransportada para um inferninho em Botafogo. Barraco na porta pra entrar? Sim, disso eu me lembro! Nirvana, Red Hot, Pearl Jam, o álcool me embalou no melhor do rock'n roll.

Amnésia, amnésia, amnésia. Algumas horas de memória nula. Agora, a pergunta que não quer calar. Como cheguei em casa? E eu por acaso tinha ideia de onde era minha casa? Yeeeesss, um pingo de dignidade deve ter restado em mim. Fui de táxi, cê sabe, tava morrenduuu de... Vontade de vomitar, Angélica!

Ué, mas eu não tinha 100 reais na carteira? Que taxímetro caro esse heim! Olha só esses folhetos de Jesus Cristo na minha bolsa. Igreja Batista, encontre Jesus, o senhor é meu pastor e nada me faltará... Lembrei! As provas materiais intactas da loucura insana de uma bêbada transloucada.

A maluca aqui fez do taxista um psicólogo, um divã no carro amarelo. Mas o taxista tava mais pra pastor evangélico do que pra médico psiquiatra. Óbvio que nunca vou me lembrar ao certo, mas foram algumas horas de choro, redenção e catequização explícita dentro do confessionário ambulante. O templo de Deus estava motorizado e a pecadora deve ter ajudado bastante com a cestinha da igreja porque a nota de 100 reais nunca mais deu o ar da graça na minha carteira.

No reino mágico de uma mente alcoolizada não existe apego ao dinheiro. Mas como o "pastor" me disse que Deus vai me devolver em dobro, só rezo para que o poder de multiplicação do Pai de Todos seja o mesmo do chopp da minha quarta-feira. Amém!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Let's live, let's share!



Sempre achei que aquelas pessoas que não têm Facebook fossem meia dúzia de gatos pingados revoltados com essa obrigação maluca de simplesmente ter que estar presente nas redes sociais. Aliás, meu irmão era um desses resistentes. Na verdade, era um facebookiano enrustido.

Se vangloriava aos quatro ventos por ser um obstinado que jamais se renderia à futilidade mixa do Facebook. Nunca sequer pensou na possibilidade de aderir ao famigerado Orkut e praticamente se intitulou o único ser totalmente superior aos oprimidos que não conseguiram escapar da incrível oportunidade de poderem fuxicar e serem fuxicados, numa espécie de "15 minutos de fama" só que full time.

Meses se passaram... Anos também, quando de repente surge um tal de Felipe Novaes me enviando solicitação de amizade. Logo pensei: coitado do meu irmão... Tanto teima em não se render ao Facebook, que agora um hacker inventou um perfil dele.

Engano meu. Vejam a desculpinha.

- Fernanda, sou um publicitário. Atendo contas importantes de clientes que estão presentes nas redes sociais. Por uma questão estritamente profissional, tive que aderir a essa babaquice mas só porque agora preciso acompanhar o andamento de uma promoção de um dos meus clientes no Facebook.

Hummm... Sei... O argumento foi muito bem desenvolvido e apresentado com tanta seriedade que por um lapso, acreditei. Para confirmar todo esse discurso, quando a tal promoção do cliente chegou ao fim, o perfil dele também foi para o espaço. Não é que ele estava falando sério? Sem mais nem menos, se matou no Facebook e eu fui ao delírio na minha admiração por ter um irmão com tanta personalidade e opiniões firmes.

Engano meu one more time.

Meses se passaram... Anos, não. Não chegou a tanto. Uns dias depois reparei que lá estava o Felipe Novaes ressucitado nas últimas atualizações do Facebook. Verdade nua e crua: meu irmão, aquele exemplo de pessoa tão bem resolvida e determinada, não aguentou e se rendeu novamente. Ele não é flamenguista, mas uma vez facebookiano, sempre facebookiano. Poucos são os que fogem à regra.

Por outro lado, aqueles que até hoje resistem ao Facebook sempre são alvo de desconfiaça do tipo: "sei não... Esse aí deve ter telhado de vidro"... Como se para existir e ser confiável, você tivesse que obrigatoriamente ter um profile.

Você não pensa. Escreve um status. Não sorri. Manda um emotion. Não gosta de nada, apenas dá um joinha. Não conversa, comenta. Não namora. Está em um relacionamento sério (olha que pomposo!).  Se ainda estivesse vivo, meu caro filósofo Descartes não diria jamais "penso, logo existo". Nos novos tempos, a prova da nossa existência é muito mais completa: tenho profile, curto, compartilho e cutuco, logo existo. Minha conta está ativa e se é isso que diz que estou viva, quem sou eu para não dar uma curtida? Let's live, let's share!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cold foot

Meu filme está queimado pra sempre. Não tem jeito, não há o que fazer, não adianta lutar contra, já estou predestinada, sou a escolhida, a eleita por toda a eternidade a carregar o fardo e a cruz do ofício de pé frio. Não tem essa de vestir um milhão de meias ou apelar pra Deus. O poder de um pé frio é único e não existem barreiras.

É lógico que não estou falando isso de brincadeira. Isso é muito sério. Tão sério que me proíbi terminantemente para todo o sempre de pisar num jogo do Fluminense. Meu irmão, tricolor roxo, tanto me avisou...

- Fernanda, por favor não vá! Esse jogo é muito importante! Se perder para o Boca, o Flu é eliminado.
- Lógico que não! O Fluminense vai ganhar, tenho certeza!
- Poxa, porque você não deixou para ir na final contra o Botafogo? Aquele jogo era perfeito para você ir.
- Ah esse não tinha graça.
- Por favor, Fernanda!

A pior coisa que existe é um pé frio otimista. Quando ele tem C-E-R-T-E-Z-A (assim bem em caixa alta mesmo) de que seu time vai ganhar e está tão tranquilo quanto a isso a ponto de se permitir ir ao jogo, é porque a coisa no mínimo não vai acabar bem. E geralmente acaba muito pior do que deveria ser.

O Fluminense ter perdido para o Boca era totalmente possível. Afinal, os caras têm experiência em Libertadores e sabem como ninguém manter a calma e cozinhar o adversário até a hora de dar o bote. Além disso, ainda estavam com um ponto de vantagem. Até aí nada fora do script. Mas perder nos últimos milésimos do segundo tempo, enquanto os tricolores padeciam para não ir para os pênaltis... Isso é covardia. Isso é o poder do pé frio, que no caso, admito era eu.

Todos os jogos mais improváveis do Fluminense perder, eu estava lá. Sabe aquelas partidas em que tudo está uma maravilha ou ao menos sob controle e no segundo final do último minuto de acréscimo sai não só o gol do outro time, como a virada provavelmente até com goleada do outro? Pois é. Esse é o efeito que causo quando piso no estádio.

Realmente sou muito friorenta no pé. É difícil me ver dormindo sem meias, bem burguesinha mesmo. Mas nunca acreditei ou ao menos quis acreditar que esses 36 centímetros de pé fossem tão gélidos a ponto de envergonhar a história do Flu na Libertadores. Esse mecanismo da negação do status "pé frio" sempre fez parte da minha vida. Mas por isso, venho aqui desabafar para meus amigos tricolores que neste momento me odeiam com todas as forças: juro que na saúde e na doença, na tristeza e na riqueza, para todo o sempre, nunca mais irei a um jogo do Fluminense. Com certeza a partir de agora Laranjeiras vai ser o bairro mais feliz do Rio. Para a nossa alegria!

Infelizmente Mick, estamos juntos nessa...


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Quando os chatos somos nós

Lí esse texto ontem no último livro da maravilhosa Martha Medeiros "Feliz Por Nada". A conclusão é boa: todo mundo tem um pouco de chato. Ela tirou as palavras do meu pensamento. Vale à pena ler!

Martha Medeiros

Você conhece um chato. Ou dois. Ou meia-dúzia. E até gosta deles, viraram figuras folclóricas na sua vida. Talvez seja um cunhado, um amigo de um amigo, um colega de trabalho. Os chatos são bem intencionados, não se pode negar. E é justamente essa boa intenção fora da medida que faz deles... chatos. O chato nada mais é que um exagerado. Ele é prestativo demais, ele é piadista demais, ele leva muito tempo para contar algo que lhe aconteceu, ele fica hooooras no telefone, ele se leva a sério além do razoável, ele ocupa o tempo dos outros com histórias que não são interessantes. O chato é, basicamente, um cara (ou uma mulher) sem timing.

Estava pensando nisso quando escutei alguém citando uma das coisas mais chatas que existe. Tive que concordar: colocar um filho pequeno no telefone pra falar com a dinda, com a vovó, com o titio, é muito chato. A gente ama aquela criança - talvez seja até o nosso filho! - mas ao telefone, esquece. Tentamos entabular um diálogo minimamente inteligível e nada rola. Ou ele não fala nada que se compreenda, ou não abre o bico, e só nos resta ficar idiotizados do outro lado da linha.

Todo mundo sabe que isso é chato. Mas todo mundo que já teve um filho comete essa mesma chatice com os outros. Por que? Porque pai e mãe de primeira viagem são chatos por natureza. Ninguém escapa. Se não for chato, será considerado um sem-coração. Todos irão apontar: olha lá, aquele ali esconde o filho. Põe ele no telefone!

Outra chatice é mostrar 3.487 fotos do bebê. Dá nos nervos quando o filho não é nosso. Todos os bebês são iguais, menos para seus pais. Seja bem sincero: dá pra aguentar ver foto de bebê pelo celular? Basta perguntar educadamente pra alguém: e seu filhinho, vai bem? Pronto. Num segundo o celular ou iPhone será sacado e apontado direto para seus olhos: veja você mesmo.

A gente sabe que é chato, mas toleramos com sorrisos parcialmente sinceros porque faremos a mesma coisa quando chegar a nossa vez - ou já fizemos um dia. Se você passou dessa fase, segure a onda e compreenda os que ainda não passaram. Nada de reclamar. Aqui se faz, aqui se paga.

Outras chatices? Quando alguém pergunta: lembra de mim? Se está perguntando, é porque a chance é remota. Mas já não fizemos isso diante de alguém que gostaríamos muuuuito que lembrasse? E esticar as letras das palavras quando se está escrevendo? E quando a gente começa uma frase com "adivinha". Adivinha pra onde eu vou nas próximas férias. Adivinha quem me convidou pra jantar. Adivinha com quem eu sonhei hoje.

Falando em sonho, tem coisa mais chata do que ouvir o sonho dos outros? Mas você já contou os seus. Váááárias vezes.

Agora adivinha qual o próximo exemplo que vou dar (rsrs). Precisamos mesmo colocar risadas entre parênteses para que os outros entendam nossas piadinhas cretinas?

Alguns menos, outros mais, chatos somos todos.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Quando eu crescer... Quero ser Claudia!



Outro dia fui a um médico e assim como já se espera de todo script de consultório médico, resolvi pegar uma revista para ler. A primeira era uma Claudia, mas eu queria Caras, é lógico. Muito mais interessante (hum?? Foi isso mesmo que eu disse? Admiti que gosto de Caras?). Enfim... Peguei a segunda opção de revista e quando vejo a capa, adivinha? Era outra revista Claudia. Quase gritei: "eu não quero ler Claudia! Ninguém gosta de Claudia! Já estou nessa droga de consultório há séculos esperando para ser atendida, o mínimo que mereço é uma Caras ou no máximo a Quem!". Comecei então a revirar todas as revistas na saga assassina por uma dessas de fofoca e quando me dou conta, todas eram Claudia!

Que estranho... Será que esse médico gosta tanto assim de Claudia? Não é possível. Não consigo imaginar alguém que goste de Claudia, muito menos que ame e faça coleção. Já sei! Ele ganhou assinatura grátis e deve ser tão mão de vaca que entope o consultório de Claudia só para não ter que gastar dinheiro com Caras. É a única explicação.

Até hoje não consegui descobrir o mistério da obsessão do médico pão duro pela Claudia. Mas de alguma forma ela também acabou tomando conta de mim. A coisa piorou quando estava na semana passada na cozinha da minha casa e me deparei com uma verdadeira bíblia que tinha o seguinte título: O Grande Livro de Receitas de CLAUDIA". Só podia ser perseguição.... Foi então que comecei a pensar: mas quem afinal é essa tal de Claudia?

Ela tem revista mensal sobre todos os assuntos que se possa imaginar, tem livro de receita e tem até a Casa Claudia, ou seja, até de arquitetura e decoração essa mulher entende! Ela fala sobre moda, sexo, beleza, saúde e ainda se diz entendida de oráculos e astrologia! É provavelmente uma dessas Mulher Maravilha, boa de cama e doutora em dicas para alcançar o sucesso profissional. É lógico que também é boa mãe porque já ouvi falar que existe até uma versão da revista chamada CLAUDIA BEBÊ. E tem também a CLAUDIA NOIVAS! Ela definitivamente sabe tudo sobre tudo! Não é à toa que o meu médico tenha se obsecado por ela. Até eu agora estou obsecada por Claudia!

Lembra do vídeo famoso da Xuxa no Youtube dando um fora na "baixinha" que queria participar da brincadeira, com a fatídica frase que virou jargão: "senta lá Claudia"? Coitada da Xuxa, não sabia com quem estava se metendo... Cheguei a conclusão de que todas as mulheres deveriam reverenciar a Claudia, afinal ela é o exemplo de mulher multifacetada e onipresente em todas as áreas possíveis. É praticamente uma Wikipedia brasileira. Finalmente, um ícone feminino que merece realmente ser admirado! E estou falando dos homens também, afinal qual marmanjo que não quer ter uma Claudia linda, sexy, inteligente, bem sucedida, estilosa, cozinheira e boa mãe para seus futuros filhos? Pois é... A crise de identidade está decretada: Fernandinha agora quer ser Claudia.

Senta lá Xuxa!

Momento telefone



Hoje me lembrei de um post engraçadíssimo da minha deusa máxima Natalia Klein, criadora e atriz da série do Multishow "Adorável Psicose". Ela falava entre outras coisas do quão difícil é falar no telefone enquanto outra pessoa ao seu lado fala com você por sinais.

Estava eu ao telefone tentando salvar uma amiga da inevitável crise pela rejeição de um ficante. Assim como a Natalia, tenho um problema crônico em me comunicar simultanemante com alguém quando estou no telefone. É simples: ou um ou outro. Não tenho dois cérebros para registrar duas comunicações ao mesmo tempo, principalmente por gestos. Pode reparar: quando você está numa ligação e alguém quer falar com você, ela nunca fala em palavras sonoras, a comunicação é sempre por sinais e geralmente acompanhados por lábios mudos se mexendo como se leitura labial fosse a coisa mais fácil do mundo. Ora, não é porque estou no telefone que virei surda, gente! Sem falar que nunca fui boa de mímica, então se quer falar comigo enquanto estou no telefone ou diga em voz alta como um ser normal ou se manca porque no mínimo você é inconveniente.

Não se assuste com o ódio visível que tomou conta de mim hoje. É assim que fico quando querem falar comigo no "momento telefone". Mas essa irritação juro que não é leviana. Comunicação simultânea é tão difícil quanto superar uma desilusão amorosa.

- Fê, não sei mais o que fazer... Estou tão triste.
- Calma Bia, isso vai passar. Não se despespere.
- Como assim? Eu pareço estar desesperada?

A empregada interrompe e avisa por gestos (óbvio, sempre os gestos) que vai guardar uns chocolates que deixei na cozinha. Respondo: ta!

- To??? Então com certeza ele percebeu meu desespero e por isso que terminou comigo!
- Não, Bia! Calma, não era com vc!
- Não é comigo? Foi exatamente o que ele falou pra mim, que o problema não é comigo, é com ele. Os homens sempre falam isso...
- Peraí, Bia. Vc está entendendo tudo errado.
- Vc acha que ele gostava de mim, Fê? Por que será que ele estava esse tempo todo comigo?

A empregada volta a interromper, mas para meu alívio fala em alto e bom som: Fernanda, esse doce esquisito que você trouxe (era um cupcake daqueles que parecem de brinquedo) é de enfeite ou é pra comer? E eu respondo: pra comer mesmo.

- Ele estava comigo pra me comer??? Canalha! Vc acha então que eu devo dar pra ele?
- Nãoooooo, Bia!!!
- Não??? Nem assim você acha que tenho chance? To arrasada...

Ela ficou realmente arrasada. Desligou na minha cara e não me atende mais. É isso que acontece quando sou interrompida no "momento telefone". Ter que me comunicar duplamente me faz falar até demais.

Natalia Klein, minha diva inspiradora

 


terça-feira, 15 de maio de 2012

Paraísos Reais



Nesse fim de semana assisti ao filme Paraísos Artificiais. Fui cheia de expectativa de tanto ouvir falar maravilhas do filme. Vê se pode, até o bonequinho do Globo estava batendo palma! Aliás, não sei bem se isso é um bom ou mau sinal porque esse bonequinho tem um gosto muito duvidoso. Geralmente decido se vou assistir a um filme depois de conferir a reação dele: se ele gostou, já sei que é uma droga a não ser em casos de unanimidade porque ninguém consegue ser sempre tão do contra assim. Foi o caso de Paraísos Artificiais.

O diretor Marcos Prado realmente merece aplausos. A fotografia do filme já fala por si só. A trilha é sensacional. A atuação dos personagens não deixa a desejar e o roteiro é muito bem construído e fiel ao mundo real das raves e drogas. Aliás, se for possível definir o filme em uma única palavra seria realidade. As cenas são tão reais que chocam o público, nos faz engasgar, engolir a seco. Tenho certeza de que muitas pessoas vão sair do filme extrememante incomodadas, mas acho que essa é exatamente a intenção do diretor.

Os paraísos são artificiais, mas acima de tudo são muito reais. Minha sugestão: engula bem a saliva, abra a cabeça e assista ao filme porque os aplausos fazem qualquer bonequinho antipático se render finalmente ao cinema brasileiro.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Fernandinha, a traficante da criançada

Para tudo! Como assim não contei o melhor da história no post do pó do amor? Talvez porque minhas histórias sejam tão doidas, cheias de nuances e complicações incrivelmente complicadas que nunca consigo contar o enredo por inteiro.

O fato é que a história do pó do amor é tão mirabolante que não podia acabar com apenas a indiferença fatídica do Claudinho por mim. A confusão foi muito, mas muito mais além!

Após dois dias sumida do colégio, me enchi de óleo de peroba e na maior cara de pau do tipo "não lembro, não fiz, não é comigo", enfrentei os olhares mais venenosos e preparados para me sacanear. Respirei fundo e entrei na sala de aula.

Cabisbaixa e com a franja jogada na cara, esperei a aula acabar olhando fixamente cada demorado andar dos segundos no relógio, quando de repente ouve-se uma voz na porta.

- Fernanda Conde, por favor me acompanhe até a sala do diretor. Ele está à sua espera.

Um silêncio sepulcral tomou conta da sala. Ao me levantar trêmula como uma doente de parkinson, a secretária sombria do diretor solta mais uma frase impactante.

- Pegue sua mochila, Fernanda Conde.
- Mochila? Pra quê?
- Você vai ver.

Antes de sair ainda pude ouvir risos diabólicos dos meus "amiguinhos" no fundo da sala e o som soletrado daquele super bem vindo "se fudeu". Minha tremedeira triplicou.

O que o tirano fascista, nazista e terrorista do diretor queria comigo? Me aprisionar num cativeiro oculto no fundo obscuro de sua casa? Tudo era provável! Mil interrogações entraram em turbulência na minha cabeça. Será que o Claudinho me entregou e estava lá na sala dele me esperando também para o interrogatório? Será que a mochila era para  me expulsar mais rápido do colégio? Será, será, será?

- Fernanda Conde. Sente-se.
- O que houve diretor?
- Sou eu que te faço essa pergunta, Fernanda Conde. Soube que a senhora anda vendendo um pó branco para outros alunos da sua turma. É verdade?
- Ah... Bem... Mais ou menos... Era um...
- Não tente me enrolar, Fernanda Conde! É deplorável saber que uma das alunas do meu colégio, de apenas 13 anos é além de usuária, uma traficante de cocaína! E ainda por cima anda persuadindo outras crianças a se viciarem também!
- Que isso, diretor! Não é nada disso!
- Fernanda Conde, abra sua mochila agora! Quero ver quanta cocaína está carregando aí!
- Mas diretor, eu não vendo droga!
- Abra agora, Fernanda Conde!!!
- Não vou abrir não! O senhor não tem o direito de vasculhar minha mochila! Isso é invasão de privacidade!
- Invasão de privacidade? Então a senhora vende drogas aqui nesse colégio e vem me falar de moralismos? O que você está pensando, Fernanda Conde?
- Senhor diretor, eu não sou traficante e me recuso a abrir minha mochila!
- É mesmo, Fernanda Conde? Então quer dizer que terei que chamar seus pais para termos uma conversa?
- Pode chamar!
Valente eu né? Pois é, ele acabou realmente chamando meus pais no colégio e não deu outra: saíram de lá completamente perplexos. Afinal, não deve ser nada fácil descobrir que sua filha pré-adolescente é uma exímia traficante de cocaína.

O castigo era inevitável. Minha adolescência estava marcada pelo submundo das drogas e a retardada aqui, nem sabia o que era cocaína. Felizmente tive pais muito sensatos e incrivelmente inteligentes para de cara já sacarem que aquilo era uma doideira. Conclusão: graças à sanidade dos meus pais escapei do castigo, mudei de colégio, mas perdi de vez o Claudinho. Pirralha e ainda por cima traficante não dá né?


Adeus Claudinho...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O pulo do gato



Uma vez escrevi um post sobre a difícil escolha entre ser magra ou ser feliz. Não estou aqui para ficar me lamuriando pelos quilinhos extras e muito menos com papo de anoréxica obsecada, mas estou com vontade de compartilhar um dos meus últimos dilemas que vem me impregnando diariamente.

Há algum tempinho resolvi me render ao incrível mundo infernal das dietas radicais. Isso significa nada de açúcar, farinha e muito menos aquela minha sagrada e santa cervejinha. Mas como a minha médica iludida pelos meus planos "Gostosete 2012" não lembrou que quando se fala em dieta também deve-se levar em conta a terrível interferência do fator humano, ela seguirá sem saber que de vez em quando dou umas escapadinhas por aí. Eu já sei que você vai falar que isso é uma autoenganação e blá blá blá, mas tem mentirinha (mesmo que pra si mesmo) mais gostosa do que essa? Numa boa, visto o nível de dificuldade, resistir a um chopp gelado com pastelzinho de camarão é totalmente justificável né? Garanto que o meu cérebro entende muito bem essa justificativa.

Pois bem... Como já previa a lei do meu amigo íntimo Murph, no auge do meu suor e sangue pelo corpo minimamente digno me deparei com um Kinder Bueno! Para quem não conhece essa maravilha divina é um chocolate suculento e cremoso melhor do que Lindt, só para você ver a potência de gostosura da coisa. Ah e não tem nada a ver com aquela bosta de Kinder Ovo, viu? Que aliás só pode ser um doce fajuto qualquer "geneticamente" modificado para se passar por chocolate.

O fato é que o safado do Kinder Bueno me olhou fixo nos olhos, me desejou loucamente e me implorou para ser possuído. O que eu faço, meu Deus?! Lembrei logo da última frase de Pai Nosso como se levasse uma chicotada nas costas: "não nos deixe cair em tentação, mas livrai-nos do mal, amém". Mas aí é que está a questão: adianta rezar nessas horas? "Meu Deus, confesso que cairei sim em tentação, mas garanto que não é do mal, pelo contrário, é uma maravilha". Compra finalizada com sucesso. O Kinder já estava em minhas mãos.

Dias se passaram, mas acredite se quiser, o Kinder Bueno Bonzão Delícia Gostosão está vivo e forte resistindo em embalagem lacrada dentro da minha gaveta até hoje. Não abri, não roubei uma lasquinha se quer, não caí em tentação. Mas todo dia nos olhamos numa troca incrivelmente sedutora e penso: Te como ou não te como? E ele diz: "manda ver, Fernandinha! Me come! Você não me acha gostoso?".

A luta pelo corpo digno está firme, mas o Kinder continua me aguardando do outro lado da cerca. Pulo ou não pulo?


          Pronto para pular a cerca: o gato (Fernandinha) e o cavalinho (Kinder). Uma história de paixão, mentiras e sedução