Antes tarde do que nunca. Como assim deixei passar o Dia Internacional da Mulher e não pronunciei uma só palavra? Dilemas não é mais o mesmo... Mas mesmo que tardio, dedicarei esse post não só à verdadeira mulher moderna como também ao meu querido Arnaldo Jabor. Sim, admito, eu adoro os textos dele, e daí? E daí que ele é um dos caras mais polêmicos que já vi e com isso ataca e afaga muita gente por aí. Mas hoje estou aqui para atacá-lo pela primeira vez nos meus 28 anos. A mulher prefere os canalhas, meu caro Arnaldo? Nunca pensei que fosse falar isso, mas você anda muito desatualizado ou mal acompanhado, não sei.
No texto dele de terça passada no O Globo, em "homenagem" ao Dia da Mulher, fomos confundidas com seres que buscam diversas formas de manter o estigma de injustiçadas, vítimas do mundo machista, mais propriamente "escravas passivas" como Arnaldo dita. É com base nisso que ele afirma como verdade absoluta que as mulheres preferem os canalhas aos bonzinhos, porque esses sim legitimam nossa histórica injustiça e sofrimento. Hummm... Veremos...
Realmente aí existe uma certa verdade: não gostamos dos bonzinhos. Arnaldo diz que eles não entendem as mulheres. Ok, argumento aceitável. Homens bonzinhos só servem para fazer caridade. Nunca vão arrematar o coração de uma mulher porque o fato é que gostamos sim de atos de virilidade, afinal é um dos raros recursos que ainda diferenciam homens de mulheres.
O canalha tem virilidade de sobra, é verdade. Tem pegada, o que é essencial. Mas mais essencial que isso é o tato, o que eles definitivamente não têm. É instigante se envolver com um cara charmoso e encantador, mas o canalha usa o seu charme (que obviamente é quase hipnotizante) para nos dar o desafio de conquistá-lo. Não significa que queremos ser vítimas frágeis, como diz Arnaldo, mas o artifício nos pega de jeito porque estamos sempre em busca de desafios. Isso sim nos legitima. As conquistas já foram tantas, que queremos ainda mais, mesmo que seja para deixar de quatro um canalha covarde em seus sentimentos. Diferente dos homens canalhas, não temos medo de nada, muito menos de nos envolver para viver uma das poucas coisas boas da vida. Sabemos o que é bom e vamos à luta, apenas isso. É tão simples, mas é aí onde mora a maior fragilidade dos canalhas. Vivem com medo e não entendem que por mais que a gente chore, corra atrás, pague paixão, no fundo não passam de objeto final de mais um desafio vencido.
O canalha é intenso, mas é passageiro. Ele é vazio em sua essência e quando nos tocamos disso, percebemos que queremos muito mais. É aí que a fila anda para um desafio muito maior: encontrar um homem à nossa altura. Não mais o bonzinho ou o canalha, mas o homem de verdade, o que é raríssimo, mas seguimos persistentes na nossa trilha de desafios. É o que nos move.
O homem de verdade não é fácil de ser reconhecido. O que dificulta essa identificação é que eles são tão completos que nos confundem, talvez passem despercebidos. Conseguem se impôr mas de forma sutil. A cada conversa, a cada encontro, a cada beijo, mostra o quão irresistivel é. Vai pelas beiradas, aos poucos, gota a gota. Tem opiniões, conhecimentos desconhecidos, contestações, senso de humor e sabe valorizar uma mulher de igual para igual. Sem babação de ovo e muito menos com indiferença. Ele entende que também temos opiniões, conhecimentos desconhecidos, contestações e senso de humor. Mas não se intimida, porque sabe que não é uma competição. É apenas uma troca em todos os sentidos, na conversa e nos desejos, sem repressão, medos ou fragilidades. Ele deixa fluir e nós também.
Arnaldo é um desses homens que tem atitude, o que nos deixa de queixo caído. Mas ainda não entendeu que apesar de toda nossa complexidade impalpável (como ele diz), só o que querem as mulheres é pegada sim, mas acima de tudo, o tato. Isso sim é impalpável, Arnaldo. Mas não para os homens de verdade.