terça-feira, 3 de abril de 2012

Guerra contra o tempo


Fernanda Atrasilda Novaes, este é o meu verdadeiro nome. Quem me conhece sabe, sou a própria personificação da palavra atraso. Não me orgulho disso, pelo contrário, o tempo é meu maior inimigo.

Não sei o que acontece, mas não importa o que for, sempre acho que tudo vai dar tempo. Acho não, acredito piamente. Não sei se é uma tentativa de autoenganação ou se é burrice mesmo, ou quem sabe os dois juntos. Mas sei que não sou a única no mundo injustiçada pelo relógio. Com certeza existem outras vítimas como eu que enxergam nitidamente que a única situação em que os minutos levam uma eternidade para passar é quando você está se matando na esteira. Fora isso, na cabeça do atrasildo, dez compromissos se encaixam perfeitamente num espaço de dez minutos. É a matemática da enganação. Sim, a matemática para doidas como eu, nem sempre é tão exata como dizem. Afinal qual é o problema de calcular 1 minuto para cada compromisso?

É lógico que não estou falando de compromissos como as duas horas que as mulheres estão acostumadas a levar dentro de um salão de beleza. São coisas aparentemente simples como comer um sanduiche (nº 1), escovar os dentes (nº 2), passar um hidratante no corpo (nº 3), vestir uma roupa (nº 4), escovar o cabelo (nº 5), se maquiar (nº 6), arrumar a bolsa (nº 7), se despedir do cachorro (nº 8), chamar o elevador (nº 9) e descer do elevador (finalmente, nº 10). Missão cumprida! O problema não são essas 10 coisinhas e sim o celular que você esqueceu e tem que voltar na última hora para buscar, a pasta de dente que acabou e tem que procurar uma nova, o cachorro que não para quieto e o pior, o "momento armário".

O "momento armário" na verdade é o grande culpado de tudo. Todos os outros imprevistos podem ser relevados, mas quando as portas do dito cujo se abrem, brotam milhões de dúvidas, um bilhão de combinações de roupas, cores para todo o lado, ataques de histeria e minutos que se transformam automaticamente em segundos. É impressionante como basta você ter que escolher uma roupa para os minutos tão preciosos na vida de uma atrasilda voarem como nunca. Quero ver eles voarem assim enquanto você está se esguelando na esteira!

Os minutos são traiçoeiros. O ponteirinho do relógio não perdoa nem quando você está com o tempo todo cronometrado. E é por isso, que venho aqui por meio deste blog desabafar não só contra o poder maquiavélico do armário, porque além de atrasilda também sou indecisa (combinação explosiva!!!), mas também contra o elevador. É exatamente isso que você está lendo, o elevador é uma desgraça na vida de um atrasildo. Não importa se é no seu prédio, no trabalho ou no raio que o parta, o elevador sempre está pronto para te sacanear, mais precisamente nos minutos finais que te restam para conseguir não se atrasar.

Pode parecer um troço inofensivo ou até uma excelente invenção para os sedentários de plantão (ok, eu também sou um deles), mas o elevador é uma faca de dois gumes. Seu mal é tão devastador que pode causar estresse de alto nível e até violência desenfreada. No vídeo abaixo, você vai entender exatamente do que estou falando. Mas resumindo é assim que funciona o plano maquiavélico: você quer subir, mas ele está descendo. A porta está quase fechando, mas eis que surge um mala no último segundo e enfia a mão no sensor antes da porta fechar e ela vooooolllta a se abrir. Vamos lá, respira fundo! A porta finalmente fecha, mas na mesma hora alguém chama de novo e mais uma vez o elevador abre a droga da porta. Enfim, nessa brincadeira os 10 minutos que você achava que tinha já se foram embora há tempos. Isso só leva a crer que se você é atrasildo como eu, caia na real! A culpa não é nossa, é toda e sempre do maldito elevador!