sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cold foot

Meu filme está queimado pra sempre. Não tem jeito, não há o que fazer, não adianta lutar contra, já estou predestinada, sou a escolhida, a eleita por toda a eternidade a carregar o fardo e a cruz do ofício de pé frio. Não tem essa de vestir um milhão de meias ou apelar pra Deus. O poder de um pé frio é único e não existem barreiras.

É lógico que não estou falando isso de brincadeira. Isso é muito sério. Tão sério que me proíbi terminantemente para todo o sempre de pisar num jogo do Fluminense. Meu irmão, tricolor roxo, tanto me avisou...

- Fernanda, por favor não vá! Esse jogo é muito importante! Se perder para o Boca, o Flu é eliminado.
- Lógico que não! O Fluminense vai ganhar, tenho certeza!
- Poxa, porque você não deixou para ir na final contra o Botafogo? Aquele jogo era perfeito para você ir.
- Ah esse não tinha graça.
- Por favor, Fernanda!

A pior coisa que existe é um pé frio otimista. Quando ele tem C-E-R-T-E-Z-A (assim bem em caixa alta mesmo) de que seu time vai ganhar e está tão tranquilo quanto a isso a ponto de se permitir ir ao jogo, é porque a coisa no mínimo não vai acabar bem. E geralmente acaba muito pior do que deveria ser.

O Fluminense ter perdido para o Boca era totalmente possível. Afinal, os caras têm experiência em Libertadores e sabem como ninguém manter a calma e cozinhar o adversário até a hora de dar o bote. Além disso, ainda estavam com um ponto de vantagem. Até aí nada fora do script. Mas perder nos últimos milésimos do segundo tempo, enquanto os tricolores padeciam para não ir para os pênaltis... Isso é covardia. Isso é o poder do pé frio, que no caso, admito era eu.

Todos os jogos mais improváveis do Fluminense perder, eu estava lá. Sabe aquelas partidas em que tudo está uma maravilha ou ao menos sob controle e no segundo final do último minuto de acréscimo sai não só o gol do outro time, como a virada provavelmente até com goleada do outro? Pois é. Esse é o efeito que causo quando piso no estádio.

Realmente sou muito friorenta no pé. É difícil me ver dormindo sem meias, bem burguesinha mesmo. Mas nunca acreditei ou ao menos quis acreditar que esses 36 centímetros de pé fossem tão gélidos a ponto de envergonhar a história do Flu na Libertadores. Esse mecanismo da negação do status "pé frio" sempre fez parte da minha vida. Mas por isso, venho aqui desabafar para meus amigos tricolores que neste momento me odeiam com todas as forças: juro que na saúde e na doença, na tristeza e na riqueza, para todo o sempre, nunca mais irei a um jogo do Fluminense. Com certeza a partir de agora Laranjeiras vai ser o bairro mais feliz do Rio. Para a nossa alegria!

Infelizmente Mick, estamos juntos nessa...


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Quando os chatos somos nós

Lí esse texto ontem no último livro da maravilhosa Martha Medeiros "Feliz Por Nada". A conclusão é boa: todo mundo tem um pouco de chato. Ela tirou as palavras do meu pensamento. Vale à pena ler!

Martha Medeiros

Você conhece um chato. Ou dois. Ou meia-dúzia. E até gosta deles, viraram figuras folclóricas na sua vida. Talvez seja um cunhado, um amigo de um amigo, um colega de trabalho. Os chatos são bem intencionados, não se pode negar. E é justamente essa boa intenção fora da medida que faz deles... chatos. O chato nada mais é que um exagerado. Ele é prestativo demais, ele é piadista demais, ele leva muito tempo para contar algo que lhe aconteceu, ele fica hooooras no telefone, ele se leva a sério além do razoável, ele ocupa o tempo dos outros com histórias que não são interessantes. O chato é, basicamente, um cara (ou uma mulher) sem timing.

Estava pensando nisso quando escutei alguém citando uma das coisas mais chatas que existe. Tive que concordar: colocar um filho pequeno no telefone pra falar com a dinda, com a vovó, com o titio, é muito chato. A gente ama aquela criança - talvez seja até o nosso filho! - mas ao telefone, esquece. Tentamos entabular um diálogo minimamente inteligível e nada rola. Ou ele não fala nada que se compreenda, ou não abre o bico, e só nos resta ficar idiotizados do outro lado da linha.

Todo mundo sabe que isso é chato. Mas todo mundo que já teve um filho comete essa mesma chatice com os outros. Por que? Porque pai e mãe de primeira viagem são chatos por natureza. Ninguém escapa. Se não for chato, será considerado um sem-coração. Todos irão apontar: olha lá, aquele ali esconde o filho. Põe ele no telefone!

Outra chatice é mostrar 3.487 fotos do bebê. Dá nos nervos quando o filho não é nosso. Todos os bebês são iguais, menos para seus pais. Seja bem sincero: dá pra aguentar ver foto de bebê pelo celular? Basta perguntar educadamente pra alguém: e seu filhinho, vai bem? Pronto. Num segundo o celular ou iPhone será sacado e apontado direto para seus olhos: veja você mesmo.

A gente sabe que é chato, mas toleramos com sorrisos parcialmente sinceros porque faremos a mesma coisa quando chegar a nossa vez - ou já fizemos um dia. Se você passou dessa fase, segure a onda e compreenda os que ainda não passaram. Nada de reclamar. Aqui se faz, aqui se paga.

Outras chatices? Quando alguém pergunta: lembra de mim? Se está perguntando, é porque a chance é remota. Mas já não fizemos isso diante de alguém que gostaríamos muuuuito que lembrasse? E esticar as letras das palavras quando se está escrevendo? E quando a gente começa uma frase com "adivinha". Adivinha pra onde eu vou nas próximas férias. Adivinha quem me convidou pra jantar. Adivinha com quem eu sonhei hoje.

Falando em sonho, tem coisa mais chata do que ouvir o sonho dos outros? Mas você já contou os seus. Váááárias vezes.

Agora adivinha qual o próximo exemplo que vou dar (rsrs). Precisamos mesmo colocar risadas entre parênteses para que os outros entendam nossas piadinhas cretinas?

Alguns menos, outros mais, chatos somos todos.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Quando eu crescer... Quero ser Claudia!



Outro dia fui a um médico e assim como já se espera de todo script de consultório médico, resolvi pegar uma revista para ler. A primeira era uma Claudia, mas eu queria Caras, é lógico. Muito mais interessante (hum?? Foi isso mesmo que eu disse? Admiti que gosto de Caras?). Enfim... Peguei a segunda opção de revista e quando vejo a capa, adivinha? Era outra revista Claudia. Quase gritei: "eu não quero ler Claudia! Ninguém gosta de Claudia! Já estou nessa droga de consultório há séculos esperando para ser atendida, o mínimo que mereço é uma Caras ou no máximo a Quem!". Comecei então a revirar todas as revistas na saga assassina por uma dessas de fofoca e quando me dou conta, todas eram Claudia!

Que estranho... Será que esse médico gosta tanto assim de Claudia? Não é possível. Não consigo imaginar alguém que goste de Claudia, muito menos que ame e faça coleção. Já sei! Ele ganhou assinatura grátis e deve ser tão mão de vaca que entope o consultório de Claudia só para não ter que gastar dinheiro com Caras. É a única explicação.

Até hoje não consegui descobrir o mistério da obsessão do médico pão duro pela Claudia. Mas de alguma forma ela também acabou tomando conta de mim. A coisa piorou quando estava na semana passada na cozinha da minha casa e me deparei com uma verdadeira bíblia que tinha o seguinte título: O Grande Livro de Receitas de CLAUDIA". Só podia ser perseguição.... Foi então que comecei a pensar: mas quem afinal é essa tal de Claudia?

Ela tem revista mensal sobre todos os assuntos que se possa imaginar, tem livro de receita e tem até a Casa Claudia, ou seja, até de arquitetura e decoração essa mulher entende! Ela fala sobre moda, sexo, beleza, saúde e ainda se diz entendida de oráculos e astrologia! É provavelmente uma dessas Mulher Maravilha, boa de cama e doutora em dicas para alcançar o sucesso profissional. É lógico que também é boa mãe porque já ouvi falar que existe até uma versão da revista chamada CLAUDIA BEBÊ. E tem também a CLAUDIA NOIVAS! Ela definitivamente sabe tudo sobre tudo! Não é à toa que o meu médico tenha se obsecado por ela. Até eu agora estou obsecada por Claudia!

Lembra do vídeo famoso da Xuxa no Youtube dando um fora na "baixinha" que queria participar da brincadeira, com a fatídica frase que virou jargão: "senta lá Claudia"? Coitada da Xuxa, não sabia com quem estava se metendo... Cheguei a conclusão de que todas as mulheres deveriam reverenciar a Claudia, afinal ela é o exemplo de mulher multifacetada e onipresente em todas as áreas possíveis. É praticamente uma Wikipedia brasileira. Finalmente, um ícone feminino que merece realmente ser admirado! E estou falando dos homens também, afinal qual marmanjo que não quer ter uma Claudia linda, sexy, inteligente, bem sucedida, estilosa, cozinheira e boa mãe para seus futuros filhos? Pois é... A crise de identidade está decretada: Fernandinha agora quer ser Claudia.

Senta lá Xuxa!

Momento telefone



Hoje me lembrei de um post engraçadíssimo da minha deusa máxima Natalia Klein, criadora e atriz da série do Multishow "Adorável Psicose". Ela falava entre outras coisas do quão difícil é falar no telefone enquanto outra pessoa ao seu lado fala com você por sinais.

Estava eu ao telefone tentando salvar uma amiga da inevitável crise pela rejeição de um ficante. Assim como a Natalia, tenho um problema crônico em me comunicar simultanemante com alguém quando estou no telefone. É simples: ou um ou outro. Não tenho dois cérebros para registrar duas comunicações ao mesmo tempo, principalmente por gestos. Pode reparar: quando você está numa ligação e alguém quer falar com você, ela nunca fala em palavras sonoras, a comunicação é sempre por sinais e geralmente acompanhados por lábios mudos se mexendo como se leitura labial fosse a coisa mais fácil do mundo. Ora, não é porque estou no telefone que virei surda, gente! Sem falar que nunca fui boa de mímica, então se quer falar comigo enquanto estou no telefone ou diga em voz alta como um ser normal ou se manca porque no mínimo você é inconveniente.

Não se assuste com o ódio visível que tomou conta de mim hoje. É assim que fico quando querem falar comigo no "momento telefone". Mas essa irritação juro que não é leviana. Comunicação simultânea é tão difícil quanto superar uma desilusão amorosa.

- Fê, não sei mais o que fazer... Estou tão triste.
- Calma Bia, isso vai passar. Não se despespere.
- Como assim? Eu pareço estar desesperada?

A empregada interrompe e avisa por gestos (óbvio, sempre os gestos) que vai guardar uns chocolates que deixei na cozinha. Respondo: ta!

- To??? Então com certeza ele percebeu meu desespero e por isso que terminou comigo!
- Não, Bia! Calma, não era com vc!
- Não é comigo? Foi exatamente o que ele falou pra mim, que o problema não é comigo, é com ele. Os homens sempre falam isso...
- Peraí, Bia. Vc está entendendo tudo errado.
- Vc acha que ele gostava de mim, Fê? Por que será que ele estava esse tempo todo comigo?

A empregada volta a interromper, mas para meu alívio fala em alto e bom som: Fernanda, esse doce esquisito que você trouxe (era um cupcake daqueles que parecem de brinquedo) é de enfeite ou é pra comer? E eu respondo: pra comer mesmo.

- Ele estava comigo pra me comer??? Canalha! Vc acha então que eu devo dar pra ele?
- Nãoooooo, Bia!!!
- Não??? Nem assim você acha que tenho chance? To arrasada...

Ela ficou realmente arrasada. Desligou na minha cara e não me atende mais. É isso que acontece quando sou interrompida no "momento telefone". Ter que me comunicar duplamente me faz falar até demais.

Natalia Klein, minha diva inspiradora

 


terça-feira, 15 de maio de 2012

Paraísos Reais



Nesse fim de semana assisti ao filme Paraísos Artificiais. Fui cheia de expectativa de tanto ouvir falar maravilhas do filme. Vê se pode, até o bonequinho do Globo estava batendo palma! Aliás, não sei bem se isso é um bom ou mau sinal porque esse bonequinho tem um gosto muito duvidoso. Geralmente decido se vou assistir a um filme depois de conferir a reação dele: se ele gostou, já sei que é uma droga a não ser em casos de unanimidade porque ninguém consegue ser sempre tão do contra assim. Foi o caso de Paraísos Artificiais.

O diretor Marcos Prado realmente merece aplausos. A fotografia do filme já fala por si só. A trilha é sensacional. A atuação dos personagens não deixa a desejar e o roteiro é muito bem construído e fiel ao mundo real das raves e drogas. Aliás, se for possível definir o filme em uma única palavra seria realidade. As cenas são tão reais que chocam o público, nos faz engasgar, engolir a seco. Tenho certeza de que muitas pessoas vão sair do filme extrememante incomodadas, mas acho que essa é exatamente a intenção do diretor.

Os paraísos são artificiais, mas acima de tudo são muito reais. Minha sugestão: engula bem a saliva, abra a cabeça e assista ao filme porque os aplausos fazem qualquer bonequinho antipático se render finalmente ao cinema brasileiro.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Fernandinha, a traficante da criançada

Para tudo! Como assim não contei o melhor da história no post do pó do amor? Talvez porque minhas histórias sejam tão doidas, cheias de nuances e complicações incrivelmente complicadas que nunca consigo contar o enredo por inteiro.

O fato é que a história do pó do amor é tão mirabolante que não podia acabar com apenas a indiferença fatídica do Claudinho por mim. A confusão foi muito, mas muito mais além!

Após dois dias sumida do colégio, me enchi de óleo de peroba e na maior cara de pau do tipo "não lembro, não fiz, não é comigo", enfrentei os olhares mais venenosos e preparados para me sacanear. Respirei fundo e entrei na sala de aula.

Cabisbaixa e com a franja jogada na cara, esperei a aula acabar olhando fixamente cada demorado andar dos segundos no relógio, quando de repente ouve-se uma voz na porta.

- Fernanda Conde, por favor me acompanhe até a sala do diretor. Ele está à sua espera.

Um silêncio sepulcral tomou conta da sala. Ao me levantar trêmula como uma doente de parkinson, a secretária sombria do diretor solta mais uma frase impactante.

- Pegue sua mochila, Fernanda Conde.
- Mochila? Pra quê?
- Você vai ver.

Antes de sair ainda pude ouvir risos diabólicos dos meus "amiguinhos" no fundo da sala e o som soletrado daquele super bem vindo "se fudeu". Minha tremedeira triplicou.

O que o tirano fascista, nazista e terrorista do diretor queria comigo? Me aprisionar num cativeiro oculto no fundo obscuro de sua casa? Tudo era provável! Mil interrogações entraram em turbulência na minha cabeça. Será que o Claudinho me entregou e estava lá na sala dele me esperando também para o interrogatório? Será que a mochila era para  me expulsar mais rápido do colégio? Será, será, será?

- Fernanda Conde. Sente-se.
- O que houve diretor?
- Sou eu que te faço essa pergunta, Fernanda Conde. Soube que a senhora anda vendendo um pó branco para outros alunos da sua turma. É verdade?
- Ah... Bem... Mais ou menos... Era um...
- Não tente me enrolar, Fernanda Conde! É deplorável saber que uma das alunas do meu colégio, de apenas 13 anos é além de usuária, uma traficante de cocaína! E ainda por cima anda persuadindo outras crianças a se viciarem também!
- Que isso, diretor! Não é nada disso!
- Fernanda Conde, abra sua mochila agora! Quero ver quanta cocaína está carregando aí!
- Mas diretor, eu não vendo droga!
- Abra agora, Fernanda Conde!!!
- Não vou abrir não! O senhor não tem o direito de vasculhar minha mochila! Isso é invasão de privacidade!
- Invasão de privacidade? Então a senhora vende drogas aqui nesse colégio e vem me falar de moralismos? O que você está pensando, Fernanda Conde?
- Senhor diretor, eu não sou traficante e me recuso a abrir minha mochila!
- É mesmo, Fernanda Conde? Então quer dizer que terei que chamar seus pais para termos uma conversa?
- Pode chamar!
Valente eu né? Pois é, ele acabou realmente chamando meus pais no colégio e não deu outra: saíram de lá completamente perplexos. Afinal, não deve ser nada fácil descobrir que sua filha pré-adolescente é uma exímia traficante de cocaína.

O castigo era inevitável. Minha adolescência estava marcada pelo submundo das drogas e a retardada aqui, nem sabia o que era cocaína. Felizmente tive pais muito sensatos e incrivelmente inteligentes para de cara já sacarem que aquilo era uma doideira. Conclusão: graças à sanidade dos meus pais escapei do castigo, mudei de colégio, mas perdi de vez o Claudinho. Pirralha e ainda por cima traficante não dá né?


Adeus Claudinho...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O pulo do gato



Uma vez escrevi um post sobre a difícil escolha entre ser magra ou ser feliz. Não estou aqui para ficar me lamuriando pelos quilinhos extras e muito menos com papo de anoréxica obsecada, mas estou com vontade de compartilhar um dos meus últimos dilemas que vem me impregnando diariamente.

Há algum tempinho resolvi me render ao incrível mundo infernal das dietas radicais. Isso significa nada de açúcar, farinha e muito menos aquela minha sagrada e santa cervejinha. Mas como a minha médica iludida pelos meus planos "Gostosete 2012" não lembrou que quando se fala em dieta também deve-se levar em conta a terrível interferência do fator humano, ela seguirá sem saber que de vez em quando dou umas escapadinhas por aí. Eu já sei que você vai falar que isso é uma autoenganação e blá blá blá, mas tem mentirinha (mesmo que pra si mesmo) mais gostosa do que essa? Numa boa, visto o nível de dificuldade, resistir a um chopp gelado com pastelzinho de camarão é totalmente justificável né? Garanto que o meu cérebro entende muito bem essa justificativa.

Pois bem... Como já previa a lei do meu amigo íntimo Murph, no auge do meu suor e sangue pelo corpo minimamente digno me deparei com um Kinder Bueno! Para quem não conhece essa maravilha divina é um chocolate suculento e cremoso melhor do que Lindt, só para você ver a potência de gostosura da coisa. Ah e não tem nada a ver com aquela bosta de Kinder Ovo, viu? Que aliás só pode ser um doce fajuto qualquer "geneticamente" modificado para se passar por chocolate.

O fato é que o safado do Kinder Bueno me olhou fixo nos olhos, me desejou loucamente e me implorou para ser possuído. O que eu faço, meu Deus?! Lembrei logo da última frase de Pai Nosso como se levasse uma chicotada nas costas: "não nos deixe cair em tentação, mas livrai-nos do mal, amém". Mas aí é que está a questão: adianta rezar nessas horas? "Meu Deus, confesso que cairei sim em tentação, mas garanto que não é do mal, pelo contrário, é uma maravilha". Compra finalizada com sucesso. O Kinder já estava em minhas mãos.

Dias se passaram, mas acredite se quiser, o Kinder Bueno Bonzão Delícia Gostosão está vivo e forte resistindo em embalagem lacrada dentro da minha gaveta até hoje. Não abri, não roubei uma lasquinha se quer, não caí em tentação. Mas todo dia nos olhamos numa troca incrivelmente sedutora e penso: Te como ou não te como? E ele diz: "manda ver, Fernandinha! Me come! Você não me acha gostoso?".

A luta pelo corpo digno está firme, mas o Kinder continua me aguardando do outro lado da cerca. Pulo ou não pulo?


          Pronto para pular a cerca: o gato (Fernandinha) e o cavalinho (Kinder). Uma história de paixão, mentiras e sedução


terça-feira, 8 de maio de 2012

Boliche: no, I can't!

Rufem os tambores! A hora chegou. É você contra você mesmo. Eu sei que todo jogo que não é em equipe só depende mesmo da sua competência, mas o boliche é cruel. Aqueles malditos pitocos intimidam à distância, a canaleta - como eu já disse em outro post - está sempre disposta a te sacanear e os outros jogadores rezam pelo seu pior. Só você é capaz de mudar esse cenário tenebroso, ninguém pode te ajudar. O peso e o direcionamento de sua mão é que vão dizer quem é você. Tudo depende dela. Não é um absurdo???

O boliche é um jogo tão egoísta, que pode reparar no seguinte detalhe: o jogador da vez fica de costas para os outros, o que obriga-o a virar seu corpo logo após a jogada, tendo que encarar de frente todas as pessoas. Falando assim, o tal giro do corpo não parece nada demais, mas é muito mais do que você pensa. Ao jogar, você é o centro do epicentro das atenções, mas os olhos alheios ainda estão atentos apenas ao trajeto da bola, até aí ok. Mas ao virar o corpo, a bola já se foi, a jogada acabou e naturalmente todos os olhos passam a mirar os seus. É como se todos esperassem para ver sua reação. Invariavelmente você se sente obrigado a também olhá-los e isso pode esplanar querendo ou não o sorriso mais amarelo do mundo, aquele entre dentes logo após uma jogada. Não importa se foi boa, ruim ou péssima, é tão constrangedor ter que dar de cara com os outros jogadores que a obrigação natural de ter que esboçar alguma reação seja positiva ou não, gera um embaraço imediato.

Talvez isso seja apenas uma loucura da minha cabeça porque sei que a sensatez realmente não é meu ponto forte, mas é fato real que só a pressão de ter que ter uma reação à sua própria jogada é fonte primária de sorrisos amarelos. No último dia em que me aventurei no boliche foi muito clara essa constatação. A jogada foi horrorosa? Sorriso amarelo instantâneo! A jogada foi boa? Sorriso amarelo neles também, porque não é lá muito agradável fazer cara de bonzão, porque pode parecer arrogância e essa preocupação existe principalmente quando se joga entre amigos, que lógico é o meu caso porque está a anos luz de mim a possibilidade de participar de um jogo profissional.

O fato é que preciso comer muito arroz com feijão para fazer aquela maldita bola não cair na canaleta. Porém, mais urgente ainda é perder todo esse amontoado de vergonha na cara que me desperta os impregnantes sorrisos amarelos. De qualquer forma, cheguei mesmo à conclusão de que boliche definitivamente não é para mim.

Ministério Dilemas de Fernandinha adverte: Bolas assustadoras, canaletas do mal e pinos malditos amarelam os dentes. Fato provado e consumado!

Veja só se não são realmente assustadores! Pitocos fantasmas!

Novo objeto sexual



Eu sei, essa história da Carolina Dieckmann nua na internet já assoberbou mais do que deveria nosso tempo desperdiçado com lixo midiático. Mas uma coisa me intrigou: o que leva alguém a fazer fotos com a cara mais sexy a la cruzada de pernas da Sharon Stone, sentada numa privada? Vaso sanitário agora é objeto sexual? Isso merecia um registro no Dilemas. Realmente, as fantasias das pessoas me surpreendem cada vez mais, não que isso seja relevante, mas de fato Caetano é um profeta: "de perto ninguém é normal".

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Bolafobia


Quem me conhece minimamente bem, sabe: tenho sérios problemas com bola. Não importa o tamanho, o peso ou a força com que ela vem na minha direção. Só o que me interessa é que ela simplesmente VEM em minha direção, inevitavelmente me pegando de surpresa e milimetricamente direcionada na altura da minha cabeça.

Por que o ser humano foi inventar esse objeto maligno? Uma circunferência covarde e traiçoeira! Há quem diga que o problema não é a bola e sim quem está entre ela e o outro suposto jogador, ou seja, EU! Como um imã incrivelmente potente, minha cabeça é capaz de atrair a bola que for independente de onde ela for jogada. Juro que no meu triste caso isso é uma regra.

Às vezes penso que uma forma totalmente nova e fácil de eu conseguir finalmente ganhar dinheiro na vida seria me vender para ficar plantada dentro do gol do adversário nos jogos do Fluminense, meu time de coração. Eu poderia até me passar por goleiro porque temo que o juíz não deixaria uma maluca ficar postada dentro do gol sem mais nem menos. Então, pensa comigo: uma goleira como eu, invariavelmente atrairia toda e qualquer bola para o gol porque o imã aqui garanto que é dos bons. A bola bate na minha cara, obviamente caio espatifada no chão, a danada entra e pronto, é gol. Eu seria objeto de desejo, um passe altamente valorizado no mercado futebolístico, um amuleto raríssimo vítima de lobby para todos os empresários tentarem empurrar um novo goleiro para o time rival. Pode parecer meio ingrato, porque na verdade, ninguém ia me querer, pelo contrário, iam querer que os outros me quisessem, desde que esses outros fossem adversários. Uma bela jogada para fazer um Flamengo da vida tomar o maior recorde de gols da história.

Mas chega de devaneios. Na verdade, estou dizendo isso tudo porque pela primeira vez em anos me aventurei a jogar alguma coisa que envolva bola. O risco era grande, mas era o único jogo que me veio à cabeça no qual a bola só vai e portanto, não volta nunca em minha direção. É o boliche. Tenho muito a relatar sobre esse dia, mas isso rende um outro post. Talvez seja o próximo.

O fato é que a ingênua Fernandinha de sempre esqueceu que não é porque no boliche a bola sempre só vai, que então estava tudo super tranquilo. Eu só esqueci que existe apenas um único imã mais poderoso do que o meu cabeção: a maldita canaleta. Com certeza os inventores da bola foram os mesmos que criaram a canaleta. Pra quê isso, gente? Tem ódio maior do que ver a bola que você tanto se concentrou para jogar na mira dos pinos simplesmente ser sugada para esse grande canteiro do mal? Em absolutamente todas as jogadas ainda por cima! Que covardia...

Então, para vocês que achavam que me conheciam como Fernandinha, a "bolafóbica", muito prazer: meu novo nome é Fernanda Canaleta Novaes.