terça-feira, 8 de maio de 2012

Boliche: no, I can't!

Rufem os tambores! A hora chegou. É você contra você mesmo. Eu sei que todo jogo que não é em equipe só depende mesmo da sua competência, mas o boliche é cruel. Aqueles malditos pitocos intimidam à distância, a canaleta - como eu já disse em outro post - está sempre disposta a te sacanear e os outros jogadores rezam pelo seu pior. Só você é capaz de mudar esse cenário tenebroso, ninguém pode te ajudar. O peso e o direcionamento de sua mão é que vão dizer quem é você. Tudo depende dela. Não é um absurdo???

O boliche é um jogo tão egoísta, que pode reparar no seguinte detalhe: o jogador da vez fica de costas para os outros, o que obriga-o a virar seu corpo logo após a jogada, tendo que encarar de frente todas as pessoas. Falando assim, o tal giro do corpo não parece nada demais, mas é muito mais do que você pensa. Ao jogar, você é o centro do epicentro das atenções, mas os olhos alheios ainda estão atentos apenas ao trajeto da bola, até aí ok. Mas ao virar o corpo, a bola já se foi, a jogada acabou e naturalmente todos os olhos passam a mirar os seus. É como se todos esperassem para ver sua reação. Invariavelmente você se sente obrigado a também olhá-los e isso pode esplanar querendo ou não o sorriso mais amarelo do mundo, aquele entre dentes logo após uma jogada. Não importa se foi boa, ruim ou péssima, é tão constrangedor ter que dar de cara com os outros jogadores que a obrigação natural de ter que esboçar alguma reação seja positiva ou não, gera um embaraço imediato.

Talvez isso seja apenas uma loucura da minha cabeça porque sei que a sensatez realmente não é meu ponto forte, mas é fato real que só a pressão de ter que ter uma reação à sua própria jogada é fonte primária de sorrisos amarelos. No último dia em que me aventurei no boliche foi muito clara essa constatação. A jogada foi horrorosa? Sorriso amarelo instantâneo! A jogada foi boa? Sorriso amarelo neles também, porque não é lá muito agradável fazer cara de bonzão, porque pode parecer arrogância e essa preocupação existe principalmente quando se joga entre amigos, que lógico é o meu caso porque está a anos luz de mim a possibilidade de participar de um jogo profissional.

O fato é que preciso comer muito arroz com feijão para fazer aquela maldita bola não cair na canaleta. Porém, mais urgente ainda é perder todo esse amontoado de vergonha na cara que me desperta os impregnantes sorrisos amarelos. De qualquer forma, cheguei mesmo à conclusão de que boliche definitivamente não é para mim.

Ministério Dilemas de Fernandinha adverte: Bolas assustadoras, canaletas do mal e pinos malditos amarelam os dentes. Fato provado e consumado!

Veja só se não são realmente assustadores! Pitocos fantasmas!