quarta-feira, 16 de maio de 2012

Momento telefone



Hoje me lembrei de um post engraçadíssimo da minha deusa máxima Natalia Klein, criadora e atriz da série do Multishow "Adorável Psicose". Ela falava entre outras coisas do quão difícil é falar no telefone enquanto outra pessoa ao seu lado fala com você por sinais.

Estava eu ao telefone tentando salvar uma amiga da inevitável crise pela rejeição de um ficante. Assim como a Natalia, tenho um problema crônico em me comunicar simultanemante com alguém quando estou no telefone. É simples: ou um ou outro. Não tenho dois cérebros para registrar duas comunicações ao mesmo tempo, principalmente por gestos. Pode reparar: quando você está numa ligação e alguém quer falar com você, ela nunca fala em palavras sonoras, a comunicação é sempre por sinais e geralmente acompanhados por lábios mudos se mexendo como se leitura labial fosse a coisa mais fácil do mundo. Ora, não é porque estou no telefone que virei surda, gente! Sem falar que nunca fui boa de mímica, então se quer falar comigo enquanto estou no telefone ou diga em voz alta como um ser normal ou se manca porque no mínimo você é inconveniente.

Não se assuste com o ódio visível que tomou conta de mim hoje. É assim que fico quando querem falar comigo no "momento telefone". Mas essa irritação juro que não é leviana. Comunicação simultânea é tão difícil quanto superar uma desilusão amorosa.

- Fê, não sei mais o que fazer... Estou tão triste.
- Calma Bia, isso vai passar. Não se despespere.
- Como assim? Eu pareço estar desesperada?

A empregada interrompe e avisa por gestos (óbvio, sempre os gestos) que vai guardar uns chocolates que deixei na cozinha. Respondo: ta!

- To??? Então com certeza ele percebeu meu desespero e por isso que terminou comigo!
- Não, Bia! Calma, não era com vc!
- Não é comigo? Foi exatamente o que ele falou pra mim, que o problema não é comigo, é com ele. Os homens sempre falam isso...
- Peraí, Bia. Vc está entendendo tudo errado.
- Vc acha que ele gostava de mim, Fê? Por que será que ele estava esse tempo todo comigo?

A empregada volta a interromper, mas para meu alívio fala em alto e bom som: Fernanda, esse doce esquisito que você trouxe (era um cupcake daqueles que parecem de brinquedo) é de enfeite ou é pra comer? E eu respondo: pra comer mesmo.

- Ele estava comigo pra me comer??? Canalha! Vc acha então que eu devo dar pra ele?
- Nãoooooo, Bia!!!
- Não??? Nem assim você acha que tenho chance? To arrasada...

Ela ficou realmente arrasada. Desligou na minha cara e não me atende mais. É isso que acontece quando sou interrompida no "momento telefone". Ter que me comunicar duplamente me faz falar até demais.

Natalia Klein, minha diva inspiradora