quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dilemas de Renatinha



Sempre tive problema com meu nome. A verdade é que sofro de uma fobia terrível que está diretamente ligada à minha identidade: medo de esporro. Sabe aquelas pessoas que têm aqueles nomes compostos, tipo Pedro Henrique, Maria Eduarda e por aí vai? Pergunte a qualquer uma delas qual é a sensação de ouvir seus dois nomes raivosamente pronunciados por seus pais. Quando a querida e doce Duda vira Maria Eduarda, prepare-se porque FUDEU!

Meu nome apesar de singular, tem o mesmo peso de uma Maria Eduarda. Por isso, apelo, suplico, imploro e infernizo meu amigos e conhecidos para me chamarem de Fernandinha, Fê, Nanda, tudo menos o  pavoroso Fernanda. Pode ser cisma minha, mas meus pais sabiam expressar como ninguém o som ácido, tipo um anasalado grave, profundo e cruel que está intrínseco no meu nome. E a desculpa era sempre a mesma: "minha filha, você tem um nome forte, deveria ficar feliz com isso". Às vezes botavam a culpa até na Fernanda Montenegro, tentando me convencer que se inspiraram numa mulher admirável e com um nome tão imponente como ela é. E quem disse que quero ser imponente? Eu sou mesmo é a Fernandinha, tímida, insegura, neorótica, indecisa, problemática e confusa, ou seja, se tem alguma coisa de imponente aqui são os meus dilemas, que aliás têm imponência até demais na minha vida.

Mas por ironia do destino, sempre confundiram meu nome com Renata. Não sei qual é a ligação, a similaridade, mas acho Renata tão mais leve e feliz que em alguns episódios da minha vida posso dizer que cometi crime de falsidade ideológica. Tudo começou há alguns anos atrás quando um professor super simpático e solícito da minha antiga academia, trocou meu nome. Para me estimular naqueles malditos exercícios que me beiravam à morte, ele dizia em alto e bom som: isso aí Renata! Muito bem Renata! Vamos lá Renata! Neste momento, não só a timidez falou mais alto, como a felicidade ilusória por provisioriamente ser conhecida por um nome incrivelmente fofo. Por isso, nunca consegui corrigir o tal professor. Simplesmente, incorporei a Renata, que com o passar das aulas e o nível de intimidade em alta, foi se transformando em Renatinha e por fim, a linda, doce e fofolete Rê da aula de local.

É lógico que não me passei por Renata só pelo simples fato de simpatizar com o novo nome, mas principalmente porque tenho verdadeiro pavor de constranger as pessoas. Imagina que situação embaraçosa seria se um belo dia, literalmente do nada eu revelasse a verdade depois de tantos estímulos, tantas inúmeras aulas sendo a Renatinha querida da aula de local. Jamais! Isto estava fora de cogitação. E no fim das contas, agradeço aos céus porque dei muita sorte de nunca ter passado pelo constrangimento de ser pega no flagra por algum conhecido fingindo me chamar Renata. Mas confesso que por alguns momentos tremi na base com a tensão de ser desmascarada num possível esbarrão concidente com o professor e alguém que soubesse meu real nome. Afinal, não existe imponência de Fernanda que explique as confusões de uma falsa Renata.

Dizem por aí que Fernanda significa ousadia e realização de todos os desejos e sonhos, o que logicamente não faz parte da minha trajetória nos meus últimos 28 anos, senão no mínimo, eu já seria uma milionária da Mega Sena. Por outro lado, ouvi falar que Renata significa renascimento, ressucitação. Huuummm, agora sim estou vendo sentido nessa história toda. Na minha próxima encarnação, pode acreditar que a Renatinha da aula de local vai surgir linda, bela e muito real, mandando ver no quatro apoios e arrasando no abdominal.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

What a surprise!



Ultimamente tenho entrado numa psicose louca por corrida. Isso é meio estranho porque afinal, sempre remoí problemas seríssimos com aparelhos que simulam movimentos sem sair do lugar. Bicicleta, esteira, transport e aquela monstruosidade que imita uma escada com degraus ambulantes, nunca fui com a cara deles. Como pode? Você pedala horas ou então, sobe 40 mil degraus da porra da escada móvel e continua de cara para a parede da sala da academia? É um verdadeiro convite ao tédio. Mas como já dizia Forrest Gump, "a vida é como uma caixa de bombom, a gente nunca sabe o que vai encontrar" e portanto, na maior surpresa dos últimos tempos, eis que um certo flerte começou a pintar entre mim e Stela.

A Stela é uma das 20 esteiras que tem na minha academia. Ela é especial porque fica posicionada no canto exatamente inferior ao ar condicionado (vulgo Senhor Alasca), colada na parede (que comecei a ver com outros olhos: de entendiante ela passou a aconchegante) e a alguns poucos metros da única televisão sintonizada num canal que não esteja passando futebol. Nós nos simpatizamos depois que resolvi dar uma chance a ela e tentar alcançar o mítico, distante e inimaginável emagrecimento.

A afinidade foi tanta que não consigo olhar para a Stela sem pensar: hoje vou ficar com você por no mínimo uma hora, minha amada, querida e mais nova amiga. Tudo isso porque Stela realmente está me saindo melhor do que qualquer dieta da sopa e do poder laxante nada agradável do chá verde. Uma hora com Stela significa no mínimo 10 km percorridos, o que segundo ela me diz, corresponde a 1000 calorias perdidas! Sim, eu disse mil, com os três zeros reluzentes! Ainda por cima, Stela tem excelente facilidade para matemática e essas chatices numéricas em geral. Mas tem mais: ela é a metamorfose ambulante de Raul Seixas. Com um simples toque pode virar uma superfície mantanhosa, com descidas e subidas em vários níveis de dificuldade. Com Stela não existe tédio! 

Ela é um pouco tímida, discreta, reclusa, exatamente como eu, veja só que irônico! Por isso, ela se posiciona no cantinho mais estratégico para que ninguém fique vendo você suar como uma porca e muito menos para que nenhum professor mala tenha acesso a você. Estou falando isso porque simplesmente tenho horror de professor de academia e acho que deviam ser banidos da sociedade aqueles cristos que em geral ficam responsáveis por passar de aparelho em aparelho impregnando os alunos com perguntas do tipo: está tudo bem? quer uma águinha? posso medir seu pulso? Numa boa, se você é professor de academia e faz esse tipo de coisa, vá agora cortar os pulsos, porque você é um mala inconveniente, submisso, subserviente, capacho da ditadura das academias que cismam em monitorar os alunos com um único e claro objetivo: deixar o pobre coitado que está se matando na esteira com aquela maldita dor de viado. Isso é muito sério, gente! Não existe conversar, bater papinho, dar detalhes de como está sendo o seu treino enquanto você corre, cacete! Correr pressupõe silêncio absoluto! No máximo, um fone com a música no volume máximo para você nunca ter que ouvir e responder nada para ninguém. Não existe interação na corrida. É você, o fone e a Stela, pronto e acabou. A boca só abre para respirar. Se você falar um ai que seja, é dor de viado na certa. Quero ver alguém correr com aquela dor insuportável, é um verdadeiro golpe baixo com pontadas ritmicas condicionadas aos seus passos da corrida. Nem toda a disposição do mundo é capaz de sobreviver a isso e os professores sabotadores são os principais culpados.

Ok, depois desse desabafo insano de ódio aos professores, posso concluir sobre o meu caso de amor com Stela. Pois bem, não sei se é um relacionamento de longa duração e nem se ficará mais intenso evoluindo para corridas de 20 km pra cima. Acho sinceramente que tudo é possível nesse meu mais novo affair. Uma vez li um post da minha musa psicótica Natalia Klein em que ela perguntava: correr para quê? para onde? por que? No atual estágio, ainda estou na fase cega do amor, então não posso responder a essas perguntas. Só sei que enquanto Stela estiver pronta para o meu start, estarei lá rumo à tão sonhada magreza e sem caixas de bombom, of course, mas no maior estilo Forrest Gump. Run, Fernandinha, run!


sexta-feira, 22 de junho de 2012

The Big Boss



Certas coisas na vida não têm meio termo. Não adianta. Por exemplo, não existe meio gay. Ou é ou não é. Outro dia conversando com um amigo, tentei descobrir se ele era realmente gay. Algo me dizia que aquela Fanta tinha um quê de Coca-Cola. É lógico que não usei meus recursos de sedução, até porque nesse caso nem ele resistiria (ahamm, sei...). Então, por meio de argumentos muito sólidos tentei mostrar a ele como as mulheres são digamos assim, interessantes. Não que eu seja lésbica (para isso também não tem meio termo), mas se eu ficar cara a cara com uma Eva Mendes da vida, não sei não. No mínimo, beijaria o chão que ela pisa.

Mas voltando ao meu amigo, depois de muito blá blá blá totalmente em vão, ele me olhou e disse: "Fê, não adianta. Sou gay". Tive que aceitar porque realmente gosto não se discute, apesar de compartilhar do mesmo que o dele. Afinal, no fundo no fundo, entendo a proliferação de homens saindo do armário. As mulheres são muito chatas, repetitivas, cansativas e impregnadas de paranóias, dívidas com cartões de crédito e TPMs. Ou seja, realmente, é tempo perdido investir numa mulher. Roubada na certa, mesmo que seja a incrível, exuberante e magnânima Eva Mendes.

O lance é que com homem não tem lero lero, é preto no branco, branco no preto, sem frufru e frescurite aguda. Um puxão de cabelo a la Javier Bardem em Vicky Cristina Barcelona já desmancha qualquer uma, ou no caso, um. Você que assistiu a essa obra prima do Woody Allen deve ter percebido que mesmo entre três deusas aparentemente irresistíveis, a vida do bonitão se tornou um inferno em vida ao ter que lidar com pelo menos duas delas, aliás as melhores: Penélope e Scarlet. Tudo bem que uma era completamente ensandecida e a outra era instável e emotiva demais, quase bipolar. Mas qual mulher não tem um pouco dessas duas personalidades? As que não têm são no mínimo uma mosca morta com cara de bunda e nem deveriam frequentar esse blog porque isso aqui é um lugar de pessoas com o mínimo de dilemas, portanto com expressão e opiniões.

Javier é o mestre dos machos alfa. O líder do líder. The big boss. E olha só, para variar já estou eu aqui de lero lero em vez de ir direto à questããã que tanto me instiga hoje. O cara é o cara por um simples e único motivo: ele surpreende. De primeira já oferece uma viagem interessante, imprevisível e claro, inegável. Como a vida é muito curta, mas só os espertos sabem disso, as duas sortudas não conseguem negar e se entregam ao charme daquele Don Juan.

Um homem que sabe surpreender e ainda usa de subterfúgios bem mal intecionados, diga-se de passagem, como oferecer um bom vinho tinto e um papo recheado de conteúdo, preferencialmente sobre algumas das sete artes do mundo, este é o big boss. O homem que qualquer sexo quer chamar de seu. Acredito que é por causa desses big boss da vida que surgem os gays. Um mito da masculinidade capaz de fazer com que muitos saiam do armário e definam para o resto de suas vidas, assim como meu amigo: eu sou gay!

Meu dilema com relação a homossexuais acaba de se esvaziar. Enquanto os Javiers existirem, o mundo realmente será gay e apesar disso acirrar ainda mais a concorrência com as mulheres, tenho que admitir que no mínimo, bom gosto eles têm. E não me julgue paraíba, mas Fanta é bem melhor que Coca-Cola.

Até Penélope teve que agarrar o big boss pelo pescoço

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Uma noite com Vinícius



Esse escurinho... Esse cheiro de uísque com cigarro... Esse violão com som de veludo... Essa voz profunda e calma... Essas palavras... Aaaahhh que palavras... Eu mesma não tenho palavras para descrever as palavras. Ele me envolveu de tal maneira que já não consigo mais abrir os olhos para admirar sua beleza. Os olhos fechados me fazem sentir melhor sua pele.

- Aaaahhh... Insensatez... Que você fez. Coração mais sem cuidadooo... Fez chorar de doooor o seu amooor... Um amor tão delicadooo...
- Vinícius... Você cantando assim... Me deixa mais apaixonada (suspiros)
- Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval, minha doce Fernanda.
- Vinícius... Você falando assim... Me deixa sem fôlego (mais suspiros)
- Só espero que nosso amor seja infinito enquanto dure, minha doce Fernanda.
- Vinícius... Você falando assim... Me deixa totalmente embriagada (suspiros ininterruptos)
- Eu sempre vou te amar. Por toda minha vida eu vou te amar, minha doce Fernanda.

Silêncio.

- Fernanda? Fernanda?

Por alguns minutos levitei sobre a sala incrivelmente aconchegante, antro de sedução da casa de Petrópolis de Vinícius de Moraes. Fiquei bêbada de amor e desmaiei em seus braços delirando com o poder hipnótico de seus olhos umedecidos e poderosos. Seu olhar me admirava com tanta profundidade e minha recíproca era tão intensa que fui tirada de órbita rumo a outra galáxia.

- Fernanda! O que houve com você, meu amor?
- Saí de mim. Não é você mesmo que diz: quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém? Então. Aconteceu.
- Minha doce Fernanda... Sem você não há paz, não há beleza, é só tristeza e a melancolia.
- É verdade. Senti tanto sua falta nos últimos anos. As rádios não tocam mais suas músicas e as pessoas não conhecem mais a Bossa Nova. Tudo se perdeu, Vinícius. Mas agora que nos encontramos, só posso te dizer uma coisa: Chega de saudade!
- Minha doce Fernanda... Você quer ser minha namorada?
- É meu maior sonho!
- Então, você tem que me fazer um juramento de só ter um pensamento. Ser só minha até morrer. E também de não perder esse jeitinho de falar devagarinho essas histórias de você. E de repente me fazer muito carinho e chorar bem de mansinho, sem ninguém saber porque.
- Eu juro! Mas você já se casou nove vezes, Vinícius. Então antes de assumir o posto de décima mulher, preciso te contar uma coisa.
- Fale, minha doce Fernanda.
- Eu amo você, sou enlouquecida por Bossa Nova, mas... Mas.... Mas.... É que... que... Eu gosto de funk.
- Ok. Você nunca será minha décima mulher. Adeus!

Acordei logo depois desse dolorido e sonoro adeus. Era apenas um sonho. Quanta insensatez...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

E aí? Formô?



Desculpe o palavreado nada elegante, mas Dia dos Namorados é foda! Sei que já passou, já está superado (ou não!), mas tive que vir aqui desabafar. Quem foi esse mala do ano, ou melhor, do século, que inventou essa desgraça?

Para começar que esse cara é no mínimo muito confuso. Como pode no Brasil a data ser 12 de junho e nos Estados Unidos 14 de fevereiro? Por que os americanos são sempre primeiro em tudo? Ainda por cima é preconceituoso. Mas vamos relevar os provincianismos e passemos para o próximo ponto. Será que esse grande inventor era também um grande pegador?

O nome dele era Johnny Blow, um americano gostosão e muito do materialista. Tinha um apego por coisas materiais que dava até nojo. Que feio, Johnny Blow... Na verdade, acabei de inventar esse nome, mas vai dizer que não é o nome típico de um americano babacão? Já ouviu falar naquela gíria de nem, tipo "fulano si si", pois é, todo fulano que se sente é no fundo, um Johnny Blow. Ele pega nas mão das gata, fala meia dúzia de asneiras momentaneamente encantadoras, e quando vemos, está lá atracado no cantinho mais estratégico da festa. Formôôôô!

Ele está sempre formando. Leva as gata para um after na sua casa e oferece a bebida clichê dos garanhões, vodca com Red Bull, duuuuurrr. Quanta criatividade! Engatilha logo um som hipnótico, tipo Sade, Morsheeba ou Bob Marley dependendo do style das gata. A meia luz no ambiente é pura coincidência, nada proposital. Um beijinho do bom aqui, outro ali, mãozinhas e mãozinhas, quer dizer, mãozão seria mais adequado, e pronto, foi dado o bote! A frase mágica demorou, mas saiu: Aí gata, quer namorar comigo? Formôôôô!!!

Aaaaaahhh Johnny Blow, pegou pesado heim! Pesado nada, pegou de jeito mesmo. Emplacou mais uma nova namorada e a cada ano o dia 12 de junho é sempre uma novidade. Claro que uma novidade boa, porque Johnny Blow não dá furos e já que inventou a praga do Dia dos Namorados, nunca se casa, afinal casamento não é mais namoro. Espertinho né? Está sempre ganhando presente e tirando onda de pegador. Aaaaahhhh vocêzinho aí que está lendo esse post está encalhado??? Saiba que Johnny Blow está cagando pra vc. Sofra mesmo, sinta-se bem diminuído nesta data maldita e finja que não está nem aí indo para essas festas falidas de "solteiros", no fundo, no fundo, você sabe que Johnny Blow é que é o cara e você é apenas mais um infeliz no 12 de junho que está puxando ferro na academia, enquanto Johnny e 80% do mundo está mandando ver com as gata.

As gata "solteiras" também sofrem, tadinhas. Se na terça-feira por onde você passava sentia todo mundo te olhando de cima abaixo como que pensando: "huuummmm.. essa aí está andando sozinha pela rua logo hoje? Hahahaha está encalhada, coitada!", tente se acostumar. A menos que você desencalhe, todo 12º dia de junho você passará por isso. É assim com todo mundo. 

Mas que droga de pressão é essa? Johnny Blow é mais poderoso que o Obama, galera! Uma amiga me disse inclusive, que até no trabalho dela liberaram mais cedo por conta do Dia dos Namorados. Aí eu penso: e quem não tem namorado, cacete? Ta me expulsando pra ir logo pra casa afogar minhas mágoas? Não entendo essas coisas.

Na atual conjuntura, eu estou zero encalhada, pela graça de Deus, mas no fatídico dia 12 cogitei ir para a academia às nove da noite. Cheguei a ir até a porta num lapso de "não estou nem aí para a data de hoje, eu quero é ficar gostosa", quando um pensamento irônico passou pela minha cabeça: Fernanda, que derrota! No dia mais romântico do ano, na data mundial da pegação e dos casais lindos, felizes e sorridentes, você vai se entregar ao suor impregnado dos aparelhos de musculação e ainda passar recibo de encalhada para os outros infelizes que estão lá??? E o seu orgulho próprio??? Aliás, e o seu macho? Não vai te levar para um after?

O celular tocou.

- E aí, Fê? Bora comer um japa?
- Formôôôôô!!!


Uma boa saída para os solteiros. Por essa, Johnny Blow não esperava!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Piada pronta

Já tem dois dias, mas essa é boa. A filha de 82 anos de Oscar Niemeyer morreu.

Pinga ni mim!



Uma lambida suculenta na bochecha manchada de lágrimas de rímel. Que susto! Pisquei bem os olhos, pisquei mais forte numa tentativa fúnebre de enxergar uma visão embaçada da baba do meu cachorro pronta para escorrer em meu rosto. A baba pingou e mais umas dez lambidas frenéticas borraram um pouco mais a maquiagem da noite anterior. Foi difícil, mas acordei.

Olhei bem ao meu redor e logo veio um suspirante alívio de estar sã e salva no meu quarto quentinho. O celular já esperneava mensagens aflitas do whatsapp. Isso me deu a certeza de que sim, eu estava viva! Sobrevivi à noite louca e mergulhada em álcool desta quarta-feira, véspera de feriado.

O álcool é realmente impressionante. Uns dizem que é o insumo do mal, coisa do demônio. Mas que é gostoso, aaahhh isso é. Olhem o poder travesso de uma pinga: inocentemente saí do meu lindo e doce lar na quarta à noite com a ingênua ideia de tomar cinco choppinhos at most com a Maricota, uma amiga querida e saudosa. Cinco tranformaram-se em... peraí, deixa eu fazer as contas... Quinze, não não, foi mais. Ok, vinte. Huuummm, sobe mais essa contagem aí, Fernandinha. Trinta? Ah garota, deixa de ser micha, pensar pequeno! Você tomou uma verdadeira lavada de cerveja! Um barril inteiro no mínimo consumiu seu fígado! Cai na real!

É o poder da multiplicação. Pinga fuderosa essa! Daí por diante minha gente, são só flashes. Algo como um sonho me diz que da Gávea fui teletransportada para um inferninho em Botafogo. Barraco na porta pra entrar? Sim, disso eu me lembro! Nirvana, Red Hot, Pearl Jam, o álcool me embalou no melhor do rock'n roll.

Amnésia, amnésia, amnésia. Algumas horas de memória nula. Agora, a pergunta que não quer calar. Como cheguei em casa? E eu por acaso tinha ideia de onde era minha casa? Yeeeesss, um pingo de dignidade deve ter restado em mim. Fui de táxi, cê sabe, tava morrenduuu de... Vontade de vomitar, Angélica!

Ué, mas eu não tinha 100 reais na carteira? Que taxímetro caro esse heim! Olha só esses folhetos de Jesus Cristo na minha bolsa. Igreja Batista, encontre Jesus, o senhor é meu pastor e nada me faltará... Lembrei! As provas materiais intactas da loucura insana de uma bêbada transloucada.

A maluca aqui fez do taxista um psicólogo, um divã no carro amarelo. Mas o taxista tava mais pra pastor evangélico do que pra médico psiquiatra. Óbvio que nunca vou me lembrar ao certo, mas foram algumas horas de choro, redenção e catequização explícita dentro do confessionário ambulante. O templo de Deus estava motorizado e a pecadora deve ter ajudado bastante com a cestinha da igreja porque a nota de 100 reais nunca mais deu o ar da graça na minha carteira.

No reino mágico de uma mente alcoolizada não existe apego ao dinheiro. Mas como o "pastor" me disse que Deus vai me devolver em dobro, só rezo para que o poder de multiplicação do Pai de Todos seja o mesmo do chopp da minha quarta-feira. Amém!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Let's live, let's share!



Sempre achei que aquelas pessoas que não têm Facebook fossem meia dúzia de gatos pingados revoltados com essa obrigação maluca de simplesmente ter que estar presente nas redes sociais. Aliás, meu irmão era um desses resistentes. Na verdade, era um facebookiano enrustido.

Se vangloriava aos quatro ventos por ser um obstinado que jamais se renderia à futilidade mixa do Facebook. Nunca sequer pensou na possibilidade de aderir ao famigerado Orkut e praticamente se intitulou o único ser totalmente superior aos oprimidos que não conseguiram escapar da incrível oportunidade de poderem fuxicar e serem fuxicados, numa espécie de "15 minutos de fama" só que full time.

Meses se passaram... Anos também, quando de repente surge um tal de Felipe Novaes me enviando solicitação de amizade. Logo pensei: coitado do meu irmão... Tanto teima em não se render ao Facebook, que agora um hacker inventou um perfil dele.

Engano meu. Vejam a desculpinha.

- Fernanda, sou um publicitário. Atendo contas importantes de clientes que estão presentes nas redes sociais. Por uma questão estritamente profissional, tive que aderir a essa babaquice mas só porque agora preciso acompanhar o andamento de uma promoção de um dos meus clientes no Facebook.

Hummm... Sei... O argumento foi muito bem desenvolvido e apresentado com tanta seriedade que por um lapso, acreditei. Para confirmar todo esse discurso, quando a tal promoção do cliente chegou ao fim, o perfil dele também foi para o espaço. Não é que ele estava falando sério? Sem mais nem menos, se matou no Facebook e eu fui ao delírio na minha admiração por ter um irmão com tanta personalidade e opiniões firmes.

Engano meu one more time.

Meses se passaram... Anos, não. Não chegou a tanto. Uns dias depois reparei que lá estava o Felipe Novaes ressucitado nas últimas atualizações do Facebook. Verdade nua e crua: meu irmão, aquele exemplo de pessoa tão bem resolvida e determinada, não aguentou e se rendeu novamente. Ele não é flamenguista, mas uma vez facebookiano, sempre facebookiano. Poucos são os que fogem à regra.

Por outro lado, aqueles que até hoje resistem ao Facebook sempre são alvo de desconfiaça do tipo: "sei não... Esse aí deve ter telhado de vidro"... Como se para existir e ser confiável, você tivesse que obrigatoriamente ter um profile.

Você não pensa. Escreve um status. Não sorri. Manda um emotion. Não gosta de nada, apenas dá um joinha. Não conversa, comenta. Não namora. Está em um relacionamento sério (olha que pomposo!).  Se ainda estivesse vivo, meu caro filósofo Descartes não diria jamais "penso, logo existo". Nos novos tempos, a prova da nossa existência é muito mais completa: tenho profile, curto, compartilho e cutuco, logo existo. Minha conta está ativa e se é isso que diz que estou viva, quem sou eu para não dar uma curtida? Let's live, let's share!