Sempre tive problema com meu nome. A verdade é que sofro de uma fobia terrível que está diretamente ligada à minha identidade: medo de esporro. Sabe aquelas pessoas que têm aqueles nomes compostos, tipo Pedro Henrique, Maria Eduarda e por aí vai? Pergunte a qualquer uma delas qual é a sensação de ouvir seus dois nomes raivosamente pronunciados por seus pais. Quando a querida e doce Duda vira Maria Eduarda, prepare-se porque FUDEU!
Meu nome apesar de singular, tem o mesmo peso de uma Maria Eduarda. Por isso, apelo, suplico, imploro e infernizo meu amigos e conhecidos para me chamarem de Fernandinha, Fê, Nanda, tudo menos o pavoroso Fernanda. Pode ser cisma minha, mas meus pais sabiam expressar como ninguém o som ácido, tipo um anasalado grave, profundo e cruel que está intrínseco no meu nome. E a desculpa era sempre a mesma: "minha filha, você tem um nome forte, deveria ficar feliz com isso". Às vezes botavam a culpa até na Fernanda Montenegro, tentando me convencer que se inspiraram numa mulher admirável e com um nome tão imponente como ela é. E quem disse que quero ser imponente? Eu sou mesmo é a Fernandinha, tímida, insegura, neorótica, indecisa, problemática e confusa, ou seja, se tem alguma coisa de imponente aqui são os meus dilemas, que aliás têm imponência até demais na minha vida.
Mas por ironia do destino, sempre confundiram meu nome com Renata. Não sei qual é a ligação, a similaridade, mas acho Renata tão mais leve e feliz que em alguns episódios da minha vida posso dizer que cometi crime de falsidade ideológica. Tudo começou há alguns anos atrás quando um professor super simpático e solícito da minha antiga academia, trocou meu nome. Para me estimular naqueles malditos exercícios que me beiravam à morte, ele dizia em alto e bom som: isso aí Renata! Muito bem Renata! Vamos lá Renata! Neste momento, não só a timidez falou mais alto, como a felicidade ilusória por provisioriamente ser conhecida por um nome incrivelmente fofo. Por isso, nunca consegui corrigir o tal professor. Simplesmente, incorporei a Renata, que com o passar das aulas e o nível de intimidade em alta, foi se transformando em Renatinha e por fim, a linda, doce e fofolete Rê da aula de local.
É lógico que não me passei por Renata só pelo simples fato de simpatizar com o novo nome, mas principalmente porque tenho verdadeiro pavor de constranger as pessoas. Imagina que situação embaraçosa seria se um belo dia, literalmente do nada eu revelasse a verdade depois de tantos estímulos, tantas inúmeras aulas sendo a Renatinha querida da aula de local. Jamais! Isto estava fora de cogitação. E no fim das contas, agradeço aos céus porque dei muita sorte de nunca ter passado pelo constrangimento de ser pega no flagra por algum conhecido fingindo me chamar Renata. Mas confesso que por alguns momentos tremi na base com a tensão de ser desmascarada num possível esbarrão concidente com o professor e alguém que soubesse meu real nome. Afinal, não existe imponência de Fernanda que explique as confusões de uma falsa Renata.
Dizem por aí que Fernanda significa ousadia e realização de todos os desejos e sonhos, o que logicamente não faz parte da minha trajetória nos meus últimos 28 anos, senão no mínimo, eu já seria uma milionária da Mega Sena. Por outro lado, ouvi falar que Renata significa renascimento, ressucitação. Huuummm, agora sim estou vendo sentido nessa história toda. Na minha próxima encarnação, pode acreditar que a Renatinha da aula de local vai surgir linda, bela e muito real, mandando ver no quatro apoios e arrasando no abdominal.
Dizem por aí que Fernanda significa ousadia e realização de todos os desejos e sonhos, o que logicamente não faz parte da minha trajetória nos meus últimos 28 anos, senão no mínimo, eu já seria uma milionária da Mega Sena. Por outro lado, ouvi falar que Renata significa renascimento, ressucitação. Huuummm, agora sim estou vendo sentido nessa história toda. Na minha próxima encarnação, pode acreditar que a Renatinha da aula de local vai surgir linda, bela e muito real, mandando ver no quatro apoios e arrasando no abdominal.