quarta-feira, 6 de junho de 2012

Let's live, let's share!



Sempre achei que aquelas pessoas que não têm Facebook fossem meia dúzia de gatos pingados revoltados com essa obrigação maluca de simplesmente ter que estar presente nas redes sociais. Aliás, meu irmão era um desses resistentes. Na verdade, era um facebookiano enrustido.

Se vangloriava aos quatro ventos por ser um obstinado que jamais se renderia à futilidade mixa do Facebook. Nunca sequer pensou na possibilidade de aderir ao famigerado Orkut e praticamente se intitulou o único ser totalmente superior aos oprimidos que não conseguiram escapar da incrível oportunidade de poderem fuxicar e serem fuxicados, numa espécie de "15 minutos de fama" só que full time.

Meses se passaram... Anos também, quando de repente surge um tal de Felipe Novaes me enviando solicitação de amizade. Logo pensei: coitado do meu irmão... Tanto teima em não se render ao Facebook, que agora um hacker inventou um perfil dele.

Engano meu. Vejam a desculpinha.

- Fernanda, sou um publicitário. Atendo contas importantes de clientes que estão presentes nas redes sociais. Por uma questão estritamente profissional, tive que aderir a essa babaquice mas só porque agora preciso acompanhar o andamento de uma promoção de um dos meus clientes no Facebook.

Hummm... Sei... O argumento foi muito bem desenvolvido e apresentado com tanta seriedade que por um lapso, acreditei. Para confirmar todo esse discurso, quando a tal promoção do cliente chegou ao fim, o perfil dele também foi para o espaço. Não é que ele estava falando sério? Sem mais nem menos, se matou no Facebook e eu fui ao delírio na minha admiração por ter um irmão com tanta personalidade e opiniões firmes.

Engano meu one more time.

Meses se passaram... Anos, não. Não chegou a tanto. Uns dias depois reparei que lá estava o Felipe Novaes ressucitado nas últimas atualizações do Facebook. Verdade nua e crua: meu irmão, aquele exemplo de pessoa tão bem resolvida e determinada, não aguentou e se rendeu novamente. Ele não é flamenguista, mas uma vez facebookiano, sempre facebookiano. Poucos são os que fogem à regra.

Por outro lado, aqueles que até hoje resistem ao Facebook sempre são alvo de desconfiaça do tipo: "sei não... Esse aí deve ter telhado de vidro"... Como se para existir e ser confiável, você tivesse que obrigatoriamente ter um profile.

Você não pensa. Escreve um status. Não sorri. Manda um emotion. Não gosta de nada, apenas dá um joinha. Não conversa, comenta. Não namora. Está em um relacionamento sério (olha que pomposo!).  Se ainda estivesse vivo, meu caro filósofo Descartes não diria jamais "penso, logo existo". Nos novos tempos, a prova da nossa existência é muito mais completa: tenho profile, curto, compartilho e cutuco, logo existo. Minha conta está ativa e se é isso que diz que estou viva, quem sou eu para não dar uma curtida? Let's live, let's share!