quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Convite indiscreto

Publicitário não é mole mesmo né? Os caras têm a audácia de estampar a musa Camila Pitanga para elogiar algo unanimemente inelogiável. É que no calar da noite deste louco ano de 2013, ela deu a cara a tapa para falar bem de quê mesmo??? Da Caixa Econômica Federal, minha gente! Oh my god!!! Com o sorriso mais lindo e enganador, Camila faz o convite: "vem pra Caixa você também!". Você, meu caro leitor, já experimentou entrar nesse aposento do apocalipse que aqui vos falo? 

Pra começo de conversa tenha certeza de que o abacaxi que você tiver que solucionar naquele reduto de Lúcifer definitivamente não será resolvido no mesmo dia. Aliás, solucionar não é bem uma palavra que se encaixe em um texto sobre a Caixa, certo? Mas se essa era sua esperança, esquece. Terá que ir e voltar inúmeras infernais vezes e sempre por causa de dois motivos triviais: o sistema e o funcionário.

Tenho três hipóteses sobre o sistema da Caixa. Penso seriamente que ele talvez sofra de alguma fraqueza crônica nos ossos, talvez falta de cálcio, ou é provável que tenha algum vício escuso por alcoolismo e quem sabe tenha ainda um perfil meio estabanado. Pensa bem... Quantas vezes você já não teve que entubar, mesmo que puto da vida, a desculpa de que "sorry, mas o sistema CAIU"? Sei bem como é...

Mas se você achava que o sistema é que era o cara mau dessa história... Então vou te relembrar daquele funcionário de 20 anos de casa da Caixa Econômica Federal. Já reparou como são todos iguais? Realmente incrível!

Na Caixa de Ipanema ou de Bangu, você vai se deparar com uma criatura (certamente um líder de cultos de sadismo) que passa cinco dias por semana prostrado em sua mesa cacarecada. Seu ofício é contabilizar os minutos de tédio da sua longa carga horária de 10h às 16h. Em duas décadas de funcionalismo público, seus óculos nunca foram vistos sem as lentes engorduradas da coxinha de frango que devora nas tardes do árduo trabalho. A camisa bege de botão e manga curta parece ser referência na instituição. Todos são fiéis ao estilo, inclusive à tradicional mancha de café, que também já faz parte do vestuário.

Agora prepare o Seu Saraiva interior quando tiver que se digladiar com esse indivíduo. Ele vai te pedir original e cópia de TODOS os seus documentos, inclusive dos seus pais, avós e tios de terceiro grau. Obviamente, nessa vasta documentação você esquecerá de alguma coisa. Pesquisas inclusive comprovam que o documento mais esquecido entre os brasileiros ao "tentar" resolver problemas na Caixa, no Banco do Brasil ou no Detran é o papelzinho de votação das últimas eleições. Aliás, daquele tamanho só pode ter sido sordidamente projetado para ser perdido. Mas isso é Brasil, darling. Faz parte do show.

- Senhora, muito bom que dessa vez tenha conseguido toda a documentação para estarmos resolvendo seu problema (eles adoram gerúndio). Pena que ainda assim esteja faltando o seu papelzinho de quitação eleitoral (um sorriso perverso se desenha em seu rosto).
- Isso significa que terei que voltar nesse inferno, pegar aquela maldita senha, me entulhar no meio daqueles 347 infelizes da fila e olhar pra sua sua camisa suja de café de novo???
- Exatamente, senhora, mas fique tranquila porque estaremos solucionando seu problema (gerúndio até morrer!).

A Caixa nada mais é do que uma odisseia ao inferno. Um Brasil maquiado de Camila Pitanga. Mas o convite está feito. E aí, vem pra Caixa você também? 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Dear Lulu


Não me diga! Ele é #MaisBaratoQueUmPãoNaChapa??? Mas e aquela pinta toda de bom partido? Ao menos é inegável reconhecer que o cara tem mesmo um #ShapeNotaDez, #MãosFortes e #MaxilarMarcado, se bem que... Já dizia o velho ditado, "beleza não põe mesa" e vamos combinar que um babaca com #OlhosClaros tem cotação mais baixa que o Eike Batista na Bovespa. Ah mas pensa bem... Ele vai me levar pra #ConhecerOMundo, #VerOPôrDoSolNaPraia, vamos #ChorarDeTantoRir e ainda #DormirDeConchinha. É, Lulu, ele é  #OCara!

Estou achando que vai rolar até um date nesse fim de semana. Imagina! Vai me buscar em casa com o #CarroDoAno, me receber com aquele #SorrisoIncrível e ainda vou ganhar #Covinhas de bônus! Aaaahh, Lulu, para tudo! Ele é a prova viva de que existe sim #PríncipeEncantado! 

Soube que o histórico também favorece. Afinal de contas, o cara é #BemCriado, um pequeno detalhe mas que valoriza quase que em dobro seu passe, até porque sogro e sogra bacanas são tão raros quanto #HomemDeUmaMulherSó, aliás não vi essa hashtag no perfil dele, Lulu. Você esqueceu de marcar esse tópico ou é por isso que ele não vale nem a torrada que comi hoje na padaria?

Tá certo que o pão na chapa não me saiu muito mais do que um real, mas juro que aquela manteiguinha derretida com as bordas levemente torradas estava melhor do que muito beijo de #LábiosDeMel. Ta vendo só, dear Lulu, dependendo da perspectiva, #MaisBaratoQueUmPãoNaChapa talvez nem seja tão pejorativo assim. Acho que já está na hora de você se dar uma atualizada lá na Apple Store.

E nem pense em discutir a relação com o Tubby heim! Parece que o cara já vai chegar cheio de sangue nos olhos, possuído por sede de vingança. A nossa brincadeira vai deixar de ser leve e divertida para virar testemunho em mão de advogado. Tudo bem que homem costuma sofrer de um certo delay para sacar o bom humor das mulheres e dessa vez o retardo foi até longe demais. Pode inclusive ter sido mesmo bola fora sua, Lulu, mas é que precisa de alguém para explicar aos neurônios masculinos que nenhum #GraduadoEmPornô (e qual deles não é?) vai deixar de conquistar aquela gata porque o aplicativo não foi lá muito legal com ele.

Desculpa mesmo te desmerecer, dear Lulu, mas você não passa de um bando de jogo da velha amontoado. Uma brincadeirinha tão antiga e bobinha... Uma pena que os bolinhas não levaram na boa. Tomara que um dia possam entender que não existe tecnologia no mundo ou até mesmo mesa de bar que desbanque o efeito do olho no olho. Mais do que isso, não há nota zero ou dez que impeça o amor de acontecer. O resto é apenas #DiversãoSemLimites.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Adeus


Um veludo negro certa vez me encantou. Foi mesmo amor à primeira vista, não apenas para mim mas de fato arrebatava olhares por onde passava. A negritude de seus pêlos era tão impactante que refutava qualquer sentido lógico ao se revelar o escuro mais reluzente da natureza. Preto que brilhava, noite ensolarada, escuridão iluminada. Um tanto de antônimos que juntos descrevem com clareza a desconcertante beleza da linda cadelinha.

A pequena canina era a prova concreta de que nos menores frascos estão realmente os melhores perfumes. A delicadeza feminina de cada músculo sinuosamente desenhado deslumbrava juízes, treinadores e leigos como eu. Uma baixinha charmosa que esbanjava sorrisos e rebolados ao desfilar. Tinha tanta vida que esta vida acabou curta, muito curta. Talvez ela fosse especial demais para essa mera dimensão terrena. 

A cada dia estou mais certa de que os anjos ficam pouco tempo como matéria entre nós. Talvez tenham muitas tarefas no céu já esperando por eles e assim, temos que deixá-los partir. Certamente chegou a hora de ela voar mais alto. As nuvens serão sua nova passarela e as nossas noites nunca mais serão escuras. 

Amém. 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Meu primeiro encontro


O Facebook quer saber no que estou pensando. Good question, sir Mark Zuckerberg, mas no momento quero me aprimorar em algo que intitulo um primor artístico: parar de pensar. Já pensou nisso? Parece dúbia a pergunta, eu sei, mas aí é que está o grande segredo para a tão sonhada paz de espírito.

Não sou guru espiritual, nem aprendiz de Dalai Luma, mas recentemente pude vivenciar, sentir e até me inebriar de uma avalanche de paz e serenidade. Na língua dos seres evoluídos isso chama-se iluminação. Está certo que não durou muito mais do que três minutos e também não me transformei em monge budista, mas finalmente foi dessa forma que tive o prazer de pela primeira vez em quase 30 anos encontrar comigo mesma.

Durante um período não muito distante da minha história, eu vivia com medo de encontros. A timidez me calava de tal forma que caminhava pelas ruas sob um véu fictício para que meus olhos nunca cruzassem com de nenhum conhecido. O tempo foi passando e com um pouco de amadurecimento e vergonha na cara aprendi ao menos a lidar com os benditos encontros. 

É claro que encontrar consigo mesmo já é um passo muito mais além e poucas pessoas passam por essa vida com a dádiva de poder se conhecer verdadeiramente. O esvaziamento dos pensamentos é o portal para esse grande encontro. Por mais rápido que seja, é uma experiência tão intensa e transformadora que o tempo deixa de importar. Tudo se desfaz: as preocupações, os compromissos, as angústias, os ressentimentos, a euforia,  a vaidade, o sofrimento. As emoções que não passam de subterfúgios criados pela mente se apagam como num passe de mágica e morrem junto com o pensamento. De repente é possível se dar conta de que ali só restou você com você. Livre do barulho da mente e da dor das emoções. É a sua paz.

Muito legal se vestir de branco no reveillon e passar a vida toda rezando por paz, mas nada adianta esperar pela serenidade por meio de rituais externos porque na verdade ela está dentro de você, em um cantinho imenso e todo poderoso, onde não entra a voz dos pensamentos, muito menos as interferências do mundo externo. É só você. Taí... Esse foi o meu melhor encontro.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Pede pra sair


Na minha época ginástica era ginástica. Halteres, tornozeleiras e ah sim, os aparelhos de musculação, aqueles bem rudimentares mas já estavam por lá. Cena comum era professor de academia com seu short azul royal e camisa regata evidenciando o peitoral diante do super aparelho de som da Aiwa à procura da melhor cronologia de CDs que iriam dar o gás na mulherada da aula de localizada (sou do tempo até das fitas cassetes, ok? Mas abafa...). Ele gritava "agacha um e dois e três, sobe um e dois e três..." e haja cordas vocais. O microfone que vemos por aí acoplado na orelha era coisa de Hollywood. Só Madonna e Michael Jackson tinham bala na agulha pra tirar essa onda. 

Tênis era sinônimo de Reebok, quiçá Nike. Fone de ouvido era aquele tipo arco feito de alumínio fajuto, não esses megatroni ultradimensionados que se usam agora por aí. Aliás esse brinquedinho ficou tão popular que entrou até para o estilão dos jogadores de futebol, reparou? Neymar que o diga. O magnânimo instrumento de trabalho era restrito a produtores musicais. Impensável se deparar com criaturas na rua correndo de boné combinado a megafone colorido por cima. 

Crossfit, ginástica natural, treino funcional... É muito futuro pra minha cabecinha oitentista. Até a simples compra de um tênis agora é diferente, quer dizer, diferenciada (como se diz no linguajar atual). Se você acha que basta saber quanto calça e escolher uma cor, acorde pra vida, ruína ambulante! Em tempos de obsessão por eventos de corrida é extremamente imprescindível, urgente, quase uma lei federal fazer o incrível teste da pisada e aí sim você, um super atleta que mal aguenta dar uma volta na Lagoa, pode comprar um novo par da Asics, que tal?

- Oi, tudo bem? Qual é seu nome? 
- Fernandinha.
- Sua idade?
- Precisa responder?
- É, vamos pular para perguntas mais importantes. Seu percentual de gordura e de massa magra?
- Também precisa responder?
- Pisada pronada, neutra ou supinada?
- Oi???
- É alérgica a glúten, lactose e açúcar?
- Heim???
- Toma Whey Protein, Detox Tea? Gogi berry? Snacks de 3 em 3 horas?
- Desculpe, acho que estamos em planetas diferentes.

O império dos personais e das nutricionistas apoiado em sua poderosa base governista formada pelas fitnessgirls do instagram segue firme na saga por lançar projetos e mais projetos em busca da bunda de aço e da barriga negativa. O Lula em seus áureos tempos de zilhões de medidas provisórias perdia pra essa turma. E eu que nos anos 80 considerava o futuro dos Jetsons muito plausível e admirável com seus carros voadores e babás robôs, agora tento me conformar em viver em um planeta estranho com gente esquisita a base de suco verde e barra de cereal. Não deixam portanto de ser robôs. É, em algum ponto os Jetsons tinham razão. Agora a pergunta que não me cala: e aí capitão, posso pedir pra sair?

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O rei do churrasco


Quando a turma se reunia para beber e petiscar linguiça com pão de alho, o cara era unanimidade. Tirava o corte perfeito da picanha, salgava no ponto e conquistava todos os mais variados gostos, desde os mais vampirescos aficionados por carnes suculentas até os mais ogros viciados em fatias tão tostadas quanto carvão. Definitivamente, ele era o rei do churrasco. 

Na cobertura esplendorosa do amigo rico ou na varanda milimétrica daquele prédio com 213 apartamentos por andar (defumando a vizinhança inteira), não importava. O cara pilotava como ninguém uma churrasqueira e ele sabia disso. Quando aportava em um churrasco era o primeiro a se apossar dos espetos e facões quase que bulinando-os como se fossem irresistíveis objetos de desejo. Aos poucos ia se entranhando entre os que chegaram antes na churrasqueira até conseguir dominá-la por completo. Ninguém nunca reclamou até porque... huuuummmm que carne divina...

Mas algo muito grave aconteceu. O rei do churrasco virou vegano. Deixou a barba por fazer, abandonou na garagem seu maior xodó 4x4 e investiu em uma bicicleta elétrica. Uma nova criatura, totalmente repaginada, saudável, sustentável e mais do que isso, cool. Não é mais uma questão de status, mas sim de estilo. 

Parou de chamar os garçons de "braço" e evita antigos trejeitos da malandrice carioca como as fatídicas expressões "vale um confere" e "chega mais". Comprou um óculos escuros de madeira sustentável e apostou firme nas meias coloridas combinadas com o modelo Vans que esteja em voga no momento. As bermudas jeans, seu ex-maior repúdio em matéria de moda, estrearam no seu armário. Na fase "rei do churrasco" até que já curtia um boné de vez em quando para disfarçar o cabelo despenteado, mas agora não era mais uma questão capilar e sim de estilo, então tratou de desdobrar as abas dos bonés até que ficassem as mais retas possíveis. Que style...

Também pagou uma pequena fortuna em um cachorro gringo e raríssimo. Adora quando o param na rua para perguntar qual a raça do cãozinho. É o momento-chave para pronunciar um nome incompreensível de cinco palavras em idiomas diferentes, tipo sobrenome de príncipe da família real. Ninguém entende nada, mas é aí que ele vai ao delírio. Estufa o peito e arrota que é uma mistura franco-holandesa-finlandesa, uma criação exclusiva dos antigos reis da dinastia romana.

No lugar do churrasco, uma nova paixão entrou para sua vida: arte urbana. Adora postar no instagram imagens de intervenções e não deixa passar um grafite sequer dos gêmeos, seus novos "ídalos". Ele ainda não aprendeu a falar í-dO-lo. Isso nunca vai mudar, sorry.

Apesar de vegano, sustentável e exemplar healthy lifestyle, o marmanjo ainda curte umas festolas por aí. Não é difícil achá-lo em sites de fotos das noitadas cariocas naquela linha "para ver e ser visto". É a sua maior vitrine, o tal do marketing pessoal. Ficou até amigo dos caras do site para garantir que sempre seja fotografado. Boa garoto!

No momento, ele ainda está refletindo sobre os dez mandamentos do cool guy, mas um já está oficializado, carimbado e até com firma reconhecida: quando você for abordado na balada para uma foto naquele site bacana faça o quê??? Uma careta! É sério, agrega valor! O ideal é colocar a língua pra fora, entortar um pouco a boca, arregalar bem os olhos e segurar uma garrafa de Absolut. A mensagem é fatal: estou muito doido, feliz pra caralho e posso fazer caretas à vontade para mostrar o quanto sou irreverente, sacou? 

O cool guy não mata mais boi e nem frango, mas mata os outros de vergonha alheia. Esse aí a Veja ainda não viu.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Um beijinho não dói


A boate W em Ipanema bombava. Era noite de sábado e os colégios da zona sul marcavam presença em peso. A galera devidamente prevenida com suas identidades falsificadas e o segurança bonzinho fazia vista grossa para a a molecada se divertir. Se resolvesse barrar, não ia sobrar um, então libera geral!

Escova no cabelo, blusa justa com generoso decote, calça jeans e salto bem alto para disfarçar a altura desfavorecida. Lá estavam as amigas do Santo Agostinho prontas para a guerra. Depois de virar noites e dias embrulhadas nos livros de química e física, enfim chegou o momento de libertação.

No meio daquela boate com cara de recreio de colégio, uma das meninas destoava das outras. Tímida, fazia de tudo para que nenhum garoto a percebesse. Tinha medo de descobrirem que nunca havia dado um beijinho sequer em seus 17 anos de vida. Imagina que mico, gente?! Internamente já tinha se decidido partir para o convento assim que finalizasse o terceiro ano, mas um empecilho estava determinado a impedir tal infortúnio. O incansável obstáculo tinha nome: Fernandinha. Isso, eu mesma! No papel de melhor amiga jamais permitiria tamanho absurdo.

O dj acabava de tocar a vigésima música da INOJ e as meninas já estavam ansiosas pelo funk do Bonde do Tigrão com sua incrível música "Um tapinha não dói". Foi a deixa que eu precisava para pegar a amiga pelo braço e dar uma lição de moral: "dessa vez você não escapa! Vai pegar alguém hoje sim e pronto!". Seus olhos arregalaram e imploraram pela minha piedade, mas não cedi.

Um loirinho baixinho com uma espécie de frozen nas mãos vinha passando e eu pensei: é esse! Acorrentada por mim, ela não tinha como fugir. Chamei o bonitinho e joguei os dois um na frente do outro. Se vira nos 30! Saí de perto para assistir de camarote.

O rosto dela variava entre roxo e rosa pink. As mãos não paravam de mexer e seus olhos só conseguiam mirar na minha direção como se pudessem me assassinar a distância. Mas enfim, o moleque não me decepcionou. Ofereceu um gole do seu incrível frozen de limão e pááááá! Tascou-lhe um beijo daqueles, bem na hora que a pista ia abaixo com a meninada rebolando até o chão. Era muita alegria para meu coração: o primeiro beijo depois de 17 anos... Uuuoooooouuuuuuu!

O rapazinho chegou a ser educado e antes de dar o balão de praxe pediu o telefone da gatinha. Ela não titubeou. Vai, anota aí! Eu, orgulhosa e sorridente ao seu lado, quase não segurei a vontade louca de pular de alegria, mas ok, vamos manter a pose. Ele anotou o número em seu celular e ainda tirou onda porque simplesmente era um Samsung com flip, do you belive??! Que máximoooo!!!!

Após duas semanas de angústia a espera do telefonema, a amiga caiu em si: ele não ia ligar. Ficou triste por mais alguns dias, mas logo superou, afinal seu maior martírio já tinha enfim se resolvido. Em um ano de vestibular e 417 fórmulas de química para decorar, a principal lição que ela aprendeu foi que um beijinho realmente não dói.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Wanna be Miami


Preparem-se porque hoje chegamos ao tão esperado, celebrado, o must do must, o dia mais genuinamente nacional brasileiro, the big day 31 de outubro! It's Halloween, folks!!! Sem dúvida, não há data que mais contagie os chamados "wanna be Miami". Faz encher os olhos de lágrimas finalmente acordar e ouvir a pergunta que mais toca a imensa profundeza de nossas raízes tupiniquins: doces ou travessuras? Yeaaahhhh baby! Just do it!

A próxima parada também já está bem próxima. A quarta sexta-feira de novembro vai fazer nosso sangue ferver, na verdade o nosso bolso, quando começar a pipocar na internet um milhão de oportunidades supostamente tentadoras de "descontos" em tudo quanto é tipo de loja. Talvez você não saiba, mas estou falando de um acontecimento histórico. Junto com o descobrimento do Brasil, Pedro Alvares Cabral também criou um evento que é a principal base da nossa expressão cultural: o Black Friday. Um evento que promove um tsunami de euforia nos profiles dos "wanna be Miami". O Black Friday na verdade é tipo uma pré-night. Você põe o fígado para aquecer, bebe uma vodca aqui, uma cachacinha ali, só para dar aquela animada básica antes da grande festa até que chega a tão sonhada semana pré-Natal e agora sim, entramos na balada. Todo mundo fazendo as malas porque os outlets de Miami nos esperam! Let's go, guys!

Os "wanna be Miami" são os mais expressivos ícones da nossa pátria amada. Têm verdadeira adoração pelo cavalinho símbolo da Ralph Lauren, aquela grife artesanal brasileira, sabe? Aliás, admiram tanto o bichinho que o usam como escudo de time do coração, quanto maiores e visíveis forem, melhor. Lindo isso tudo! Mas eles não valorizam apenas a moda nacional e as nossas datas comemorativas, vão muuuuiiiito além! Essa turma aí é mais profunda do que você pensa. São sensíveis, emotivos, gente do bem. Digo isso porque é impressionante a forma como eles privilegiam a língua portuguesa até mesmo para se despedir de alguém ao falecer. No intuito de dar maior visibilidade aos seus sentimentos, postam logo no Facebook quase que em mutirões, apenas três letrinhas: R.I.P. A simplicidade da abreviação de "rest in peace" me emociona. Só acho interessante que todos eles usem esse mesmo formato de despedida. É quase um código de uma seita. Mas não deixa de ser profundo e genuinamente brasileiro, então ok. That's fine!

Mas como hoje ainda é Halloween, tenho uma boa sugestão de fantasia para os "wanna be Miami". É bem a cara da nossa história nacional. Vista-se de black bloc. Eles estão com tudo no momento, são super in, bem cool mesmo. Incrível como eles conseguiram a partir das ruas brasileiras se disseminar pelo mundo afora. Já ouvi falar que eles estão nas manifestações até dos Estados Unidos, acredita?! Só é uma pena que não curtam Starbucks e nem mesmo o MC Donald's que é o nosso grande berço cultural. Mas não se preocupe porque hoje não é dia de café e nem de cheeseburger. É dia de doces e travessuras! So, let's have fun!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sugestão do chef


Não é difícil... Jogue uma pitada de açúcar, talvez uma colher de mel e chocolate a gosto. Próximo passo? Abra seu coração. Isso, abra mais um pouquinho! Ta quase lá, você consegue! Agora deixe derretê-lo o máximo que puder. Misture aos outros ingredientes e despeje tudo em forminhas bem graciosas, sem pressa. Vamos provar? Respire fundo, feche os olhos e apenas sinta. Aprecie cada partícula dessa deliciosa textura que desmancha agora em sua saliva. Saboreie... 

Eu sei que é bem gostoso, mas não deixe a ansiedade te controlar. Administre com precisão cada movimento de sua boca. Ritmado, circular, horizontal, não importa. Mergulhe nessa nova dimensão imensamente prazerosa. Seu mais profundo sentimento pede que o momento não se acabe, mas sua mente é acelerada, angustiada, apressada demais a exemplo do mundo lá fora. Ela quer mais, sempre mais. Uma insatisfação crônica. Quer engolir o momento igual comprimido de dor de cabeça e ainda exige resultados rápidos, sem erros, nem rodeios. Caso contrário, se frustra. E o que acontece depois??? Ela pede mais. Tudo se repete.

Saia desse ciclo. Volte sua atenção aos seus verdadeiros sentimentos e despreze os pensamentos. Eles são apenas barulho assim como o martelo na obra da vizinha ao lado. Selecione os sons que realmente deseja ouvir. Esqueça os ruídos e ouça apenas sua orquestra interior. A respiração, a pulsação, a intuição, o silêncio. Pronto, isto agora que você está ouvindo chama-se coração, o principal ingrediente da nossa receita lá do início desse post, lembra? 

O açúcar é um mero coadjuvante para tornar tudo mais doce, amoroso. Como os corações andam muito azedos por aí pode ser um bom segredinho culinário. Ao entrar nessa dimensão, os aborrecimentos se reduzem a reles formiguinhas, que podem querer roubar um pouco do seu açúcar também. Não há problema nisso, basta dosar bem o quanto você irá doar para elas e para seu prazer interno. Nesta balança, o desequilíbrio é o seu equilíbrio. Quando tudo estiver devidamente desequilibrado em prol do seu bem-estar, chegamos ao ponto.

Coração aberto ao amor, flambado de doçura. Fica aqui a sugestão do chef. Bon appétit e be happy!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Explode coração!


Na compasso do samba, lá se vão os mais belos olhos azuis, desfilando alegria e brilhando a purpurina de sua mais gaiata fantasia. Ela que sorri e chora, pula e bagunça, quando encontra a bateria espalha seu mais profundo esplendor. Ah que sorriso ela tem... Mais que contagia. Eletriza as almas ao redor. A vontade de cantar e girar nos invade como um furacão semeando vida. Que beleza mais bela tem essa menina. Para descrevê-la não existem redundâncias, reparou?

Foram tantos carnavais, tantas folias e agora seu mundo se abriu para mais uma alegria: o amor. A Mangueira ainda a faz vibrar com o profundo chacoalhar da bateria mas agora treme seu coração quando seus olhos encontram os do Guiga. Ela ainda se arrepia e sim, ainda canta e gira. Um ainda infinito. Um carnaval que se eterniza.

Uma cervejinha para acompanhar, uma nova cidade para amar. A mais carioca das cariocas é capaz de transformar São Paulo em Rio de Janeiro. Short jeans e havaianas na Oscar Freire, por que não? Bronze na piscina e BG no Itaim, por que, por que não?? Encantar os paulixxxxtas sem maquiagem, sem chapinha, por que, por que, por que não??? Pois, o Guiga responde e ele diz SIM. 

Nesta semana, chegou a hora do melhor sim. O amor está inaugurando um novo samba-enredo na vida da menina de olhos azuis. Um desfile colorido por si só, sem júri, sem quarta-feira de cinzas. Aqui tudo é azul! Dias plenos de alegria que hão de se eternizar em sua paz de espírito agora como um casal, que se transforma em unidade e se complementa em total harmonia.

O casamento mais esperado entre Rio e São Paulo vai iluminar a grande avenida: Santa Teresa. Não haveria passarela melhor para a união que enfim fará rufar os tamborins. A garota da gema, rainha da beleza salgada e dourada encontrou seu mestre-sala. Bem que eu estranhava aquele samba no pé meio torto, nem lá, nem cá. E os dedos indicadores sempre apontados para cima?! Quem olhava até pensava que era gringa! Mas agora caiu a ficha, já era um sinal da ginga meio desajeitada, algo meio paulista. 

Compartilho aqui nesse post minha felicidade com o casamento que está por vir. Na Sapucaí ou no Anhembi, o casal sacode e contagia por onde desfila. Um amor que só de ver explode o peito de emoção, explode a alma de paixão, explode nosso coração! Parabéns Bebel e Guiga!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Risos virtuais


Um sábio amigo escreveu no Facebook: "99,9% das pessoas que escrevem 'hahaha' na internet nunca estão rindo de verdade". Admito, eu faço parte dessa porcentagem. Mas pior do que o 'hahaha' é o 'hehehe', muito utilizado para situações em que você no máximo esboçou um sorriso de canto de boca ou nem isso mas precisa ser simpático no comentário.

Já ouvi falar que existem algumas risadas customizadas para cada tipo de situação no mundo virtual, mas isso me deixa um pouco intrigada. Por exemplo, quando afinal devemos escrever 'kkkkkkk' ou 'hahaha'? Hummm, realmente muito complexo. Parece que o único caso em que não existe dubiedade alguma é quando seu comentário pede uma reação extremamente engraçada e aí a gente libera todo o ser esquizofrênico que tem dentro de si e solta um 'hauhauahuahauahau'. Mesmo assim considero este formato menos enigmático do que o famoso 'rsrsrsrs'. O que seria isso? Um grunhido de porco? Um grilo? Nãããooo... Na verdade, trata-se de uma super abreviação da palavra risos. Mas quem diabos ri falando risos, risos, risos?

Outro dilema seríssimo é com relação às despedidas. Quando usar o convencional 'beijos' ou o simplista 'bjs'? Já me explicaram que o primeiro formato se encaixa adequadamente em uma conversa entre duas pessoas que já têm um certo nível de amizade, portanto você não precisa ser careta a ponto de se despedir com 'abraços'. O 'bjs' serve para casos em que também há uma intimidade, mas um dos dois está apressado ou alguém está com uma certa raivinha do outro. Tipo, quando você não quer dar muita moral para aquela sua amiga mala ou quer mostrar que está relativamente desgostosa com relação a ela, manda um 'bjs' na lata e fica tudo certo. Você está sendo sucinta, curta e direta, sem frufru algum. Se quiser ser fofinha, manda uma 'beijoca' ou na pressa, apenas 'bjk' que também funciona.

Como hoje eu estou toda fofolete, vai aqui uma big bjk p/ vc tb! Vlw!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A minha professora Helena


Era uma sexta-feira de sol e o que eu mais temia aconteceu. A professora Helena pediu silêncio e proclamou cheia de pompa e orgulho: "a grande vencedora do concurso de poesia de 1994 é... Fernanda Conde Novaes". Um silêncio agonizante invadiu meu corpo e lá eu me vi, paralisada, no foco dos mais de cem olhares atentos e curiosos direcionados ao meu rosto pálido, já quase sem vida.

Enquanto alguns amiguinhos se contorciam no auditório indignados com a derrota para a garota mais tímida de toda a quarta série, eu deixava aos poucos meu corpo deslizar sob a cadeira. Queria perfurar o chão com meus pés e desaparecer daquele horror. 

Quem disse que eu queria ganhar aquela merda? Não, nunca, jamais! Apenas tive que escrever uma poesia, totalmente à força só porque valia nota no boletim. A professora sequer nos avisou que o texto seria alvo de competição. Não gosto de disputas e não estou nem  aí para saber quem é o melhor ou o pior. Sempre fui café com leite e não tenho o menor problema com isso. Mas dessa vez não tive colher de chá. A café com leite ia ter que enfrentar o palco e fazer quase um milk shake de tanto jogo de cintura que precisava para vencer o medo do microfone e ler a poesia.

Pernas trêmulas, mãos geladas e um mix de manchas vermelhas nas bochechas como se estivesse à beira da morte por um ataque fatal de alergia. Peguei o microfone e mandei bala. Entre uma frase e outra me segurei para não disparar ensandecida em direção à porta. Minha mãe na plateia se esgoelava emocionada com direito a soluços e olhos encharcados. Meus coleguinhas não demoraram muito a perceber e logo já gargalhavam alto apontando para a maluca do auditório aos prantos. A timidez se multiplicou por três.

Quando finalmente chego ao fim do poema, uma voz emana: "temos que levar essa menina ao Jô Soares!". Oi??? Como assim??? Pagar esse mico em rede nacional??? Vocês querem que eu me interne? Naquele momento uma internação psiquiátrica não me parecia uma má ideia, contanto que fosse possível evaporar dali.

É claro que eu me safei do programa do Jô, mas depois soube que a ideia partiu da própria professora Helena, que além de me botar naquela furada, ainda queria transformar a matuta aqui em pop star, vê se pode? Não sei por onde ela anda, mas depois de quase 20 anos me veio sua lembrança logo hoje, no dia do mestre. Uma data verdadeiramente merecida para a mentora que me fez padecer de vergonha mas que me ensinou uma arte que levo para o resto da vida: o amor à escrita. Um parabéns cheio de saudade a todas as professoras Helenas!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Nosso amor é um poema


De todos os amores que eu tive
Você foi o mais intrigante
Um dilema diário
Entre o beijo, o abraço
Ou um adeus maçante

Seus olhos puxados
Se parecem com os meus
Um amor, um fardo
Julieta e Romeu

Lábios saborosos, macios
Afagos cheirosos, um vício
Ombros largos e peludos
Coração amargo, inseguro

O surf lhe traz paz
E sob a prancha faz magia
Viaja com o mar
Da Indonésia à Costa Rica

Na pista é o rei da dança
Meu eterno encanto
Com essa ginga baiana
e um charme insano

Os cachorros da sua vida
Me derretem por inteira
O que temos em comum?
Adoração à natureza

Paixão que me inspira
Mesmo sendo um dilema
Me transforma em poetisa
Porque esse amor é um poema

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A encalhada do Bob's


No último sábado ela foi ao salão e gastou a vida nas mechas californianas impecavelmente produzidas pelo hairstylist mais glamuroso da vez. Pintou as unhas de preto, caprichou nas sobrancelhas e arrasou no novo corte e cor de cabelo: 100% medium hair, blondorexia total, diva máxima! Tirou até foto no Instagram do muso das tesouras. Com essa moral toda, inevitavelmente Maria Elisa pensou: é hoje!

Doce ilusão... Depois de mais uma noite fracassada, surge uma voz arrastada em plena madrugada: "um cheeseburger e um milk shake de chocolate, por favor". Era ela, sozinha, alcoolizada e com larica de nooooovo, pensou o atendente do Bob's. Solitariamente esfomeada com os olhos borrados por uma mistura desastrosa de rímel com lápis e sombra, um resto de batom vermelho no canto ressecado do lábio inferior e um blush rosa pink nas bochechas marcadas por lágrimas escorridas. Mesmo depois de todo o esforço no salão de beleza, esse já contabilizava o sétimo final de semana consecutivo que ela revivia a mesma infeliz situação. Oh vida...

Recém separada do ex futuro provável whatever marido, é mais conhecida entre as amigas por Maria Lisa em referência às suas subsequentes noitadas falidas ao menos no quesito "pegação". A cada noite de lisura, escuta o mesmo clichê: "Lisa, ninguém conhece príncipe na night e quanto mais você procurá-lo, menos irá achá-lo. O amor só aparece quando você menos espera". Oh no...

Bonita desde sempre não pode reclamar do sucesso entre os rapazes nos áureos tempos de sua juventude. Beijou muito, namorou muito, acreditou muito. Lisa tem um dilema seríssimo com a tal da esperança. Cria expectativas com tudo que ameaça prosperar na sua vida. Já tentou desacreditar do futuro, mas sempre alguém aparece para dizer que não se pode nunca perder a esperança. Oh céus...

A decepção com o término do último romance foi tão grande que parece ter encruado no seu corpo a ponto de emanar energias inviabilizadoras de amor. E o pior, no auge daquele momento divisor de águas entre "será que vou pegar alguém hoje ou não", ela sempre se lembra do conselho "o amor só acontece quando você menos espera" e decide então não esperar. Só que a não-esperança de Lisa significa se apoderar de uma fome avassaladora da comida mais junk que existir. E dá-lhe Bob's again! Oh dia...

Apesar de tantas lamúrias, Lisa ainda não desistiu. Apela para os programas mais repugnantes: micareta, rave, baile funk, festa dos encalhados no dia dos namorados. Fez novena de Santo Antônio e sempre trapaceia na simpatia do vestido de noiva grampeando seu nome cabalisticamente sete vezes porque acredita ser seu número da sorte. Até em porrada em casamento já se meteu. Na ânsia para pegar o buquê, caiu sob um espelho que se despedaçou inteiro. O sete virou o número de anos de má sorte. Que pena, o feitiço virou contra o feiticeiro. Oh azar...

Não se sabe se foi culpa do espelho, mas parece que Lisa está mesmo condenada ao encalhamento. É só fazer as contas: já foram sete cheeseburgueres devorados na calada da noite. Sete celulites a mais nos culotes. Sete prantos solitários. E nem mesmo tantos setes foram capazes de abalar Lisa, isso porque a conta total só fecha quando ela percebe que depois do Bob's ainda existem sete dias de esperança até o próximo fim de semana. Afinal, mesmo sendo futuro provável whatever, sábado à noite tudo pode mudar. Oh yeeaaahhh!!!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Ressaca em Y


No "meeting" semanal de trabalho, o garoto dá show. Camisa xadrez, calça jeans, todo trabalhado na sua marca preferida: Reserva, é claro. Estiloso, cheiroso, cool. Definitivamente Cadu é cool. De cara já deixa qualquer executivo boquiaberto.

"Opa! E aí pessoal? Bom, eu sou o Cadu, CEO e creative director dessa startup. Depois de dois anos como head de multimeios em uma agência de branding, content e design, montei um plano de negócios com meus consultants e a partir de um crowdfounding de muito sucesso lançamos no mercado essa startup que já é considerada um case totalmente diferenciado. Tivemos um coaching nota dez, investimos pesado na plataforma mobile e muito em breve vamos lançar a flagship da marca". Isso aí, Cadu é top!

Estrangeirismo nunca é "too much" no discurso do menino prodígio. É quase uma regra. De segunda a segunda, seu escritório é sua casa. Foi graças à tamanha determinação que conquistou o cobiçado posto de garotão mais bem sucedido antes dos 30 anos. É tudo o que a tal Geração Y tanto quer e ele conseguiu. Cadu é top! 

O Tucson preto é seu cartão de visita. No trajeto diário Leblon - Centro, Cadu quebra tudo na direção esbanjando potência com suas caixas de som super tunadas. Conhece de A a Z as bandas moderninhas e se orgulha por ouvir músicas cotadas apenas nas playlists dos mais antenados. Cadu é top!

Só frequenta festas que for convidado e de fato, Cadu é vipão. Ninguém ousa colocá-lo entre os vipinhos. Melhor amigo das promoters mais badaladas, nunca decide alguma noitada com antecedência. Pode ter certeza que só depois da meia-noite resolverá ir ou não ao super evento do dia. É, Cadu é top!

Acelerado, envolvente, talentoso e inovador. Any qualidades! Tem verdadeiro olho de gato quando o assunto é tendências. Cadu é trendy! E se você pensa que ele se contenta com a "pequena" fortuna da família, está enganado. Em dois anos garante que fará seu primeiro milhão. As meninas vão à loucura. Gente, que partidão!

Às escuras frequenta o Instagram da healthygirl do momento para manter o shape, mas jura até a morte que nunca apelou para o suco verde matinal, muito menos para os suplementos que ela "espontaneamente" divulga. Adora pagar de macho alfa, mas não perde os mimimis típicos da sua geração. Pois é, Cadu nem sempre é top... Na real, é egocêntrico, ansioso, narcisista e o pior, infeliz. Nunca está satisfeito porque sempre teve tudo do melhor mas quando se viu obrigado a assumir a vida adulta percebeu que nesse mundo também existe algo chamado NÃO.

Cadu é o líder mór dessa turminha Y da qual eu infelizmente faço parte. Uma legião de cabecinhas empesteadas de blá blá blá e mimimi. É muita espuma e pouca cerveja. Quente, amarga e dá dor de cabeça. Quanta ressaca... E aí o que nos resta? Aturar os Cadus e tomar muito Engov. Cheers!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Alô cupido!


Tenho falado tanto de amor mas a verdade é que eu mesma nunca me dei muito bem com esse sentimento enigmático. A gente até se esbarra de vez em quando, troca uns olhares, mas na hora H é desgraça na certa.

Tenho um zilhão de tragédias amorosas, mas uma em especial hoje me tira gargalhadas. Pois bem, eu vivia de lero lero com o pseudo amor da minha vida. Um dia a gente se via, no outro os dois sumiam, depois alguém aparecia mas só mandava uma mensagenzinha. Três dias se passavam e minhas neuras se proliferavam e era neste exato momento de total explosão das paranoias mais insanas que a esperta aqui resolvia aprontar algo muuuuuuuito inteligente.

A cúmplice, Roberttinha, coleguinha de trabalho e amiga inspiradora deste blog, assim como eu também não devia ser muito dotada de sabedoria. Isso porque a danada simplesmente aprovava e mandava ver junto comigo os planos mais mirabolantes. O fato é que ela não suportava mais ver a mala apaixonada se lamentando por não receber nem mais um "oi" que fosse do amado no MSN (na época isso ainda existia, ok?). A inteligência pura aqui logo pensou: "ele viajou, só pode ser isso! Vamos ligar para o trabalho dele e descobrir". 

Diretamente da nossa baia na Petrobras, Roberttinha decidida, poderosa e absoluta pegou o telefone e páááááá, ligou para meu pseudo amor. Grudei ao seu lado com aquele frio típico na barriga e um riso desenfreado. Mas antes de tudo, fiz apenas um pedido: "escuta bem, sou o único ser que ele conhece na Petrobras, então você só não pode dar nenhuma brecha de que essa ligação é daqui, senão ele mata a charada na hora e aí perdi, playboy". 

Roberttinha ligou. Uma voz masculina atendeu. Ela então pediu para falar com meu pseudo amor, mas já era o próprio na linha. Momento de pânico, ela se desesperou. Ao seu lado, eu gargalhava sem parar, morrendo sufocada com meu próprio riso.

Depois de alguns segundos a gênia disse: "vou transferir a ligação". Meu sorriso congelou. O que ela estava fazendo, minha gente??? Ficou tão idiotizada que apertou com tudo a tecla que transfere ligações e o pior, continuou pressionando a maldita sem se mancar que enquanto isso um jingle da nossa querida Petrobras tocava no ouvidinho do meu pseudo amor e fatalmente, ele não demoraria a ligar lé com cré para saber que a Fernandinha aqui estava passando trote para ele. Legal né? Pois bem... Acredite se quiser mas Roberttinha permaneceu apertando o botão. Eu perplexa em estado de choque, sem conseguir mandá-la desligar a porra do telefone e ele escutando a droga da mulher cantando Petrobras umas 20 vezes. 

Depois que o serviço já estava "bem feito", uma luz se acendeu sob o cérebro da cúmplice e enfim, ela desligou, na cara dele obviamente. Nós nos olhamos. Uma lágrima ameaçou escorrer sob meu rosto. Engasgada com palavras que sequer existiam para justificar aquele plano tosco, ela estendeu as mãos e emprestou seu ombro amigo. Finalizei mais uma tragédia amorosa com um chopp pós-trabalho chorando as mágoas e segurando vela com Roberttinha e seu marido. O pseudo amor nunca mais me procurou e ela desistiu de ser meu cupido.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Amar ou jogar?


Mas vem pra cá, mas vai pra lá.. Má oooiiiii! Não, isso não é o programa do Sílvio Santos. Acredite se quiser, mas isso é mais ou menos o que acontece nos affairs que a minha geração arruma por aí. É um tal de liga, não liga; vê, mas não olha; agarra, mas não abraça; dá trela, mas não conversa; dá bola, mas isola; tamo junto hoje, fim de semana quem sabe, vai depender das mensagens no Whatsapp. Má oooiiii??? Como é que é??? Assim que é, tipo pegadinha do malandro mesmo.

A hipotenusa do cateto do triângulo elevada ao seno da raiz quadrada do coseno é igual ao meu entendimento dos relacionamentos atuais. Ou seja, zero. Se nas gerações anteriores já era difícil apenas querer dar as mãos, por que diabos hoje em dia que já quebramos tantos pudores, homens e mulheres têm que ficar fingindo que um dia estão a fim mas no outro não? Essa dúvida é tão exata quanto matemática. Não entra na minha cabeça.

Juro pra você que é super natural querer ficar com outra pessoa, não é nenhum bicho de sete cabeças, então livre-se dessa trigonometria insensata que transformamos o amor. Some logo todos os pontos positivos, subtraia os negativos e multiplique os beijinhos e carinhos. Não há Einstein que depois consiga descomplicar o nó que você já criou com essa mania de fazer joguinho. Jogo de verdade é aquele em que os dois vencem, sem escanteio, drible, muito menos falta. É presença, corpo e alma. Cheio de verdade e desejo assumido. Vai ver se a torcida gosta de time sem raça! Não! Tem que ter vontade mesmo, sem medo de mostrar que realmente quer.

A geração do blefe perde um amor, mas não abre mão do ego. É um jogo interminável de pôquer, em que só importa seu bolso, sua sorte e azar aos outros. Quem quer dinheiro, Sílvio Santos? Na verdade, estou mais com o Tim Maia porque afinal, quero amor sincero, isto é o que eu espero, eu só quero amar.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Quer tc comigo?


Admita! Você se lembra sim da perguntinha mágica que abria as portas para um novo universo. Tudo começou com as salas de bate-papo do UOL, pelo menos que eu me lembre. A pré-história que vivíamos dava adeus aos dinossauros e abria espaço à mirabolante e milagrosa internet. Todos se perguntavam: "sério que dá mesmo pra conversar com um japonês??". Sim, homem das cavernas, chegamos ao encantador mundo do "quer tc comigo?". Onde quer que esteja, com apenas um computador você agora pode papear com o planeta inteiro. Uuuuuaaaauuuuu!

Pela primeira vez ouvi falar em nickname e tinha que ser algo extremamente atraente e objetivo porque funcionava quase como um slogan sobre você. Portanto, o que mais se via eram apelidos do tipo Gatinha de Copa, Anjinho_rj, Garanhão_17, etc... Número geralmente se referia à idade do indivíduo e daí por diante era ladeira abaixo. 

Depois do mundo decrépito do UOL finalmente eis que surge o mIRC. Aquilo sim era uma revolução! Com milhões de canais e uma tela preta em que permitia-se escrever com letras coloridas, o mIRC foi a sensação de inúmeras noites da minha adolescência. Ringue era o canal queridinho da turminha da zona sul. Na verdade, era como se fosse um recreio virtual do colégio repleto de patotas, fofocas, paquerinhas, uma grande "soci" como gostávamos de dizer. Rolavam uns encontros no Fashion Mall e festinhas que mais pareciam desfile da Ralph Lauren. Meninos e meninas 100% trabalhados na camisa pólo com o cavalinho estampado. Um período nada fútil na minha vida, sabe?...


O glamour chinfrim do Ringue ia de vento em popa, até que um sonzinho bem simpático entrou nas nossas vidas e detonou o mIRC. Era o ICQ com seu alerta fofo de nova mensagem "oh oh". Aquele som era sinônimo na certa de frio na barriga. "Meu Deus, será que o fulano veio falar comigo??!".

Não demorou muito e lá veio a invasão do MSN aniquilando de vez com o ICQ. O que eu mais gostava era a opção de ficar invisível. Isso significou o fim da encheção de saco de alguns malas que óbvio estavam sempre online e adoravam puxar papo principalmente nos momentos mais inconvenientes. Até que o MSN perdurou por um bom tempo. Só mesmo o Facebook conseguiu tirá-lo de cena. 

Tudo bem que os dinossauros foram mesmo embora e demos um grande salto de modernidade, mas que saudade me dá do friozinho na barriga com o alerta do ICQ. Que saudade me dá das intrigas inocentes do Ringue. Que saudade me dá do mundo que estava pronto para se abrir e conhecer pessoas totalmente novas sem tantos pedidos formais de autorização e mil regras de privacidade. Mesmo o Garanhão_17 tinha a humildade de se mostrar disponível para uma mera conversa com alguém que nunca viu na vida. Nós éramos mais abertos, livres, menos egoístas e privados.

Quanta nostalgia lembrar que o Google não dominava a Terra e que para pesquisar qualquer informação bastava acessar o Cadê. Simples assim. Também não sei o que foi feito dos e-mails do BOL e nem daqueles CDs do AOL que se proliferavam igual coelho. Só sei da falta que sinto de nos abrirmos mais ao novo, ao desconhecido, sem essa necessidade toda de restrições. Por que não voltar a ser inventivo o suficiente para me conquistar com apenas um nickname? É o papo reto que está nos faltando. Por isso tudo, quebre as barreiras e venha logo me dizer ao que veio. E aí? Quer tc comigo?

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Dentro de nós


Ela veio na minha direção, me encarou bem fundo e disse: "não chore, minha princesa. Eu preciso trabalhar mas não vou demorar". O abraço em seguida foi tão apertado que pude sentir nossos corações se encostarem, se entrelaçarem. Lá ia ela, mais um dia, linda com sua clássica camisa social branca, sutilmente maior que seu corpo e entreaberta na altura do colo formando um decote despretensioso e sedutor. Simples, chique e charmosa. Era de hipnotizar qualquer um.

Nunca imaginei que fosse tão sexy ver uma arquiteta deslizando um lápis sob uma prancha de papel, envolvida por réguas de todos os formatos, grafites e compassos. Eu presenciei essa cena inúmeras vezes como um take em slow motion de Almodóvar. Um cenário essencialmente preto e branco e trilha sonora criada especialmente por Sade. A taça de vinho tinto finalizava com maestria o quadro que se pintava todos os dias na minha casa. 

Olhar profundo e doçura envolvente. O carisma definitivamente era sua melhor qualidade. Impossível não amá-la só de vê-la passar. Impossível mesmo era não se sentir amado por tamanho afeto que pairava com aquele sorriso.  Eu fui muito amada, assim como meu pai, meu irmão, amigos, manicures, porteiros, todos, sim, absolutamente todos os que recebiam aquele sorriso se sentiam abraçados espontaneamente como uma luz linda e gostosa que te envolve e acolhe num momento de paz. 

Meu sonho era ser como minha mãe. Queria ter aquele mesmo carisma e a capacidade infinita de amar a todos, mas achava tudo isso inalcançável. Só agora que ela já não está mais aqui pude enxergar que esse amor contagiante já existe dentro de todos nós, mas vivemos como se estivesse fora da gente. Como se apenas pessoas muito especiais, quase anjos, pudessem ter essa energia maravilhosa. 

Sandra Conde de fato era um anjo, mas TODOS nós somos seres divinos. Portanto, se permitam. Deixem o amor acontecer. Está mais perto do que imaginamos. Aí, bem pertinho, dentro de você.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dia de fúria


Ultimamente tenho andado muito amorosa. Não sei se é a primavera chegando ou apenas algum efeito louco das fases da lua, mas como não entendo nada desse papo de astros, muito menos de translação da Terra, vou deixar esse blá blá blá para depois. Porém, independente do meu momento paz e amor, ainda existem resquícios de pequenas pinimbas internas que insistem em me martelar provavelmente para testar meu humor. Oh god...

Peguei um táxi. Sinal fechou e lá veio a mão maldita do taxista direto sob a marcha para colocá-la em ponto morto. Até aí ok, né? Não, não está ok, isso porque o dito cujo tinha aquela mania desesperadora de ficar sacudindo a marcha continuamente no ponto morto até o sinal voltar a abrir. O impregnante só parava com o sacolejo interminável quando o verde finalmente acendia e não tinha mais como não passar logo a porra da primeira marcha. Foi assim em todos os sinais que paramos e como a Lei de Murphy realmente é gamada em mim, a corrida era looooooonnnga... Da Gávea ao Galeão, haja sacolejo!

Mas minha coleção de pinimbas não para por aí. Sabe aquelas pessoas esquizofrênicas que leem qualquer texto no computador selecionando as palavras com o mouse? Ah não, aí já é demais para a minha paciência. Uma vez minha ex-chefe resolveu me mostrar um e-mail. Tudo bem que a chefinha já era mala de nascença, mas daí a sincronizar sua leitura em voz alta (detalhe para o sotaque sonso de mineirinha) com o passar do mouse sublinhando trecho por trecho, não! Tenha misericórdia da minha pessoa... Isso me lembra aquelas criancinhas no colégio que quando a professora ("tia" não heim, pelo amor de Deus!) lia um texto junto com a turma alguns coleguinhas lesados precisavam de régua para conseguir acompanhar linha por linha. Por que isso meu Deus? Ainda por cima é uma mania tola, ou você que faz isso é algum zarolho por acaso?

Você pode estar achando tudo isso uma besteira, principalmente se irritantemente você não se irrita com esses exemplos irritáveis, provavelmente porque você é apenas mais um irritante no mundo irritando os outros irritados como eu.

O fato é que também sou humana e não é nada fácil não se dilacerar por dentro ao presenciar manias tão repreensíveis. Quer algo mais repreensível do que alguém que fala JANTA em vez de jantar? Não, please!!!! E aqueles que falam cor de abóbora em vez de simplesmente laranja? E quando alguém solta um "esse tombo magoou minha perna"? Como é que é? Tombo que MAGOA??? E as novelas que ano após ano cismam em colocar os personagens usando robe? Gente, quem além da Suzana Vieira usa robe??? Nããããããoooo!!! Tem ainda aqueles que volta e meia soltam um "sandália de dedo". Cara, fala chinelo que está tudo certo.

E os tarados por espinha? Não podem ver uma bolinha no seu rosto que já começam a dar show para você deixá-lo espremer o tal monstrinho. Na boa, que nojo! Conhece também aqueles inconvenientes que falam perto demais? Só falta deixar escapar um cuspe na sua cara, mas aí o buraco já é mais embaixo. Qualquer dia vou isolar um desse bem longe.

Tem ainda o cara que, pobre coitado, querendo dar uma de cavalheiro abre a porta do táxi para a mulher, mas em vez do bonitão entrar pelo outro lado acaba obrigando a lady a se arrastar com pulinhos extremamente desagradáveis até o outro lado do banco só para o "lord" entrar. Comigo não funciona! Se é para ser gentleman, seja por completo, amor. Falando em amor, um dia vou acabar ganhando uma úlcera de presente só por causa dessas pessoas super "delicadas" que te chamam de amor, querida, filha e outras variáveis potencializadoras de fúria. E para finalizar, não preciso nem comentar sobre os seres que se comunicam por hashtags. Isso é hors concours total.

Enfim, por mais amor que se tenha no mundo, as pequenas irritações nunca vão acabar. Portanto, um bom dia de fúria para você também!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Mais sorriso por favor!


Se dizem que vivemos em um mundo cão, por que não mudar essa perspectiva para uma dimensão mais positiva? Você pode até não gostar de cachorros (acho um pouco absurdo, admito), mas é fato inegável que um cão é a tradução mais completa do que é felicidade. No coração canino só cabe amor, diversão e gula. Huuummmm, que delícia! Esse coração é pleno, é profundo sem limites, não guarda rancor e nem perde tempo com orgulho. É simplesmente a entrega espiritual mais pura que há. Com esse novo olhar, nosso mundinho se enche de alegria só de alguém vir nos visitar. É o lar do amor e da felicidade e se há dificuldades (sempre haverá), vou uivar meus sentimentos, rosnar até eliminar as impurezas e me jogar no primeiro abraço verdadeiro que me oferecerem para guardar no mimo caloroso de um colo o aprendizado que tirei com mais um obstáculo vencido. Ah como eu gosto de um colo... É como dar as mãos de maneira mais completa, uma troca de energia que me alimenta com tanto prazer quanto me deliciar com um filé mignon bem macio e generoso.

Não sou contra o sistema, mas os cães são anti-capitalistas em sua essência. Tudo bem que como seres racionais precisamos de algum caminho com regras senão ninguém sobreviveria, mas desconhecer a existência de uma moeda que só promove o culto ao poder, é maravilhoso. Eles ignoram o valor em dinheiro, reconhecendo apenas o valor infinito das nossas ferramentas mais puras e o melhor, gratuitas. Quais são elas? Sorrir, gargalhar, amar. Tem algo mais contagiante do que uma boa gargalhada? Ta aí uma moeda de troca que o mais humilde dos pobres também usufrui. Muito democrático, não? Pois é, o mundo cão é a democracia da alegria, falta apenas você se permitir contagiar por ela. Dito isso, aí vai um pedido: mais sorriso por favor!
























sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O braboy da Gávea


Pela primeira vez a sorte parece ter atendido às preces de João. É que Jade Musa, a farmete mais cool do momento caiu nas graças do bonitão. Na real, ela gamou mesmo foi no potencial de popularidade do rapaz. E não é que deu namoro?!

Bonito, esperto e endinheirado. Era um bom briefing inicial. Os poréns do João eram apenas uma questão de ajuste, nada que um pouco de marketing não resolvesse. O cenário pedia, na verdade implorava por esse casal: já que ela era a farmete do Leblon, seu namorado tinha que ser quem? O braboy da Gávea, fato. Imagina só o frenesi que o novo par causaria nas rodinhas da zona sul! Era tudo que Jade mais almejava em sua vida.

As táticas marketeiras de uma farmete podem ser bem agressivas, mas João não se importava. Estava in love pela musa. Assim sendo, Jade deitou e rolou. Logo no primeiro mês de namoro deu início aos trabalhos e já nas preliminares conseguiu arrebatar aquela caretice encruada na imagem do rapaz. Eca, sai pra lá coisa ruim! Eu quero é glamour!

Os ajustes brifados: Braboy que é braboy pratica algum esporte, claro. Futebol, jiu-jitsu, tênis? Não, não. Ela queria algo inabalável, algo que fizesse as outras farmetes pirarem de inveja. Mas o que seria? João meu querido, se vira nos 30 mas você vai ter que aprender a surfar. Jade não era tão exigente, então nem precisava ser tipo um Kelly Slater. Bastava uma prancha debaixo do braço e aquele andar confiante fazendo tipo de malandro em direção ao pontão do Leblon. Pimba! Pontos pra ele!

Nem as roupas do boy escaparam do olhar ardiloso de Jade. Nada de camisa regata, muito menos bermuda da Osklen. Braboy usa camisa com gola U. Bermudão e tênis Vans (colorido, please!) também arrancam suspiros das farmetes. E se ele ainda usasse meia preta, pronto, era certeza absoluta de orgasmos múltiplos. That's it!

Armário novo e prancha de surf, check! Mas isso ainda não era o suficiente. Braboy tem que ter algum trabalho que possa destacá-lo como "O Cara", de preferência uma atividade muito, super, mega, inegavelmente cool. Jade pensou, matutou... Depois de muitos neurônios gastos e perdidos, enfim enxergou o pote de ouro no fim do arco-íris: João viraria DJ!!! Se bem que... DJ com esse nome tão comum? DJ João? Definitivamente não combinava. Ela teria que ir mais longe nessa guerra, mas a batalha não estava entregue, afinal nome artístico serve exatamente para isso. 

Não foi fácil. Ela apelou até para numerologia, mas finalmente chegou ao nome que em breve estaria no boca-a-boca de toda a zona sul carioca: Johny Groove. Enfim, João estava rebatizado. Uuuaaaauuuuu!

No final das contas, ela nem trapaceou tanto assim. João realmente tinha o groove no sangue. Aprendeu desde cedo com seus pais o que tinha de mais bacana na cultura musical americana. Acordava ao som de Steve Ray Vaughan e dormia ouvindo o piano de Stevie Wonder. Ele não sabia, mas já era "O Cara" muito antes de Jade aparecer. Sacava tudo de  blues, jazz e rock'n roll. Oi??? Blues? Jazz? Ok, ela não sabe o que é isso.

Johny Groove hoje, além de tocar nas melhores festas da cidade, está lançando uma marca de roupas totalmente inspirada no surf e skate. Algo bem original, sabe? Recentemente deu uma entrevista explicando que o target de sua loja é formado por "ídalos" da zona sul do Rio. Como se vê, ele aprendeu também a ser disléxico, afinal braboy de verdade não consegue falar í-do-lo, já reparou?

Desde então, a fama de Johny Groove vai de vento em popa. Ao lado de Jade, definitivamente alçou voo e decolou. Aprendeu tudo de marketing e de dislexia, mas esqueceu do principal: ser quem realmente é.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

As farmetes do Leblon


Ela se chama Jade. Como toda farmete que se preze, seu nome tem um quê de exótico, sem falar no sobrenome que também não foge à regra: Musa. Jade Musa é o sobrenome da farmete mais pop do momento, que para completar sua obviedade se orgulha sem pudor do trocadilho que o nome de família lhe permite. 

Segue à risca todas as modices lançadas pela grife Farm e assume de uma hora pra outra uma nova personalidade de acordo com o que pode torná-la mais "cool" no mundinho azeitona da zona sul do Rio.

Passou seus 26 anos olhando torto para os skatistas. "Hummm... Esses grunges de skate, fãs de Foo Fighters... Eca!". Porém de um ano pra cá, o novo brinquedinho com rodinhas pinks não sai mais de seus pés. Não tenha dúvidas, todo domingo ela estará deslizando em curvas tendenciosamente sensuais no calçadão do Leblon, com boné estilo hip hop e óculos escuros faça chuva ou sol. Mas se domingo ela anda de skate, sábado é dia de quê? De standup é claro! Ela acordou um belo dia e decidiu: a partir de hoje serei a Musa do SUP!

É amiga de todos os DJs cariocas em alta do momento e de vez em quando tira uma onda nas carrapetas para ver se dá um up a mais na sua popularidade. Sua última sacada foi descobrir que fazer piquenique no Rio de Janeiro não é mais coisa de suburbano farofeiro. Desde então, Jade tem apostado todas as suas fichas nas fotos regadas a vinho branco, toalhinhas xadrez, cestinha de palha e horizonte da Lagoa ao fundo. De fato seu número de likes tem aumentado muito. Sábia Jade...

Nunca gostou muito de ler e nem curtia as aulas sobre história da arte, mas viu nos vernissages e exposições um grande potencial para fortalecer sua imagem "cool". Jade também é cultura, ta pensando o quê?!

Mas você deve estar se perguntando: Jade não trabalha? Claro que sim! É blogueira de moda. De segunda a segunda tem o dever de postar o look do dia e falar de algumas poucas futilidades. Na verdade, Jade não fala. #Jadesecomunicaporhashtags. Adora gírias do tipo "só que não" e mensagens em códigos típicos daquelas piadinhas internas que só seu grupinho de farmetes entende. E para relaxar após um dia exaustivo de muito trabalho no blog, nada melhor que uma corridinha na praia devidamente aparelhada com tênis laranja neon e sua viseira colorida essencial para protegê-la do sol escaldante que costuma fazer durante as noites do Rio.


É claro que ela não existe, mas todo mundo conhece uma Jade Musa por aí. Elas estão por toda a parte. Nada contra, mas tanta obviedade junta me cansa. E a canseira é tamanha que estou precisando mesmo é de uma boa noite de muito sol e viseira para relaxar na orla do Leblon. Sábia Jade...