O Bracarense fervilhava no clássico domingo pós-praia com boêmios aos montes regados do melhor chopp do Rio, todos tinindo de felicidade no melhor estilo carioca de jogar conversa fora, falar alto, rir à vontade e brindar com os companheiros de birita. E lá na muvuca das mesinhas amontoadas estava eu, minha querida mãe, meu irmão e nossos respectivos ex-namorados.
Rodada de 5 chopps, bolinhos de camarão, mais uma rodada, caldinho de feijão, mais 3 rodadas, a sede era grande e dá-lhe bolinho de camarão! Mais 4 rodadas, boteco fechando, mais 5 rodadas, garçons já faxinando a calçada. Pediram a saideira, alguém começou a cambalear, olha lá! Cadê o chorinho? Desespero geral com o valor da conta! Bebemos tudo isso? Não tem problema, todo bêbado se acha rico então vamos pedir a saideira do chorinho! Praticamente expulsos pelos garçons, caixinha para eles, merecem. E agora??? Partiu praia! E daí que já eram quase 2 horas da manhã? As ondas estavam lá ainda, à nossa espera, era nosso dever comparecer. Como um abraço de amigo, elas acalmaram e nos deram de presente uma piscina de água salgada à luz da lua. Nós, os cinco loucos foragidos do manicômio, cantamos, pulamos e até arriscamos um samba no balancê do mar do Leblon. Uma felicidade contagiante, um momento inesquecível.
Algumas pessoas dizem que os saudosistas são reféns do passado. Admito que nostalgia nem sempre é bom, mas reviver, mesmo que por pensamento, lembranças tão felizes refresca a alma e inspira novas aventuras. Nesse eterno dilema entre passado e presente, prefiro pedir mais uma rodada de chopp com direito a chorinho dos deliciosos momentos. E na saideira, um brinde à saudade para que seja sempre prazerosa e nunca se acabe.