sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O braboy da Gávea


Pela primeira vez a sorte parece ter atendido às preces de João. É que Jade Musa, a farmete mais cool do momento caiu nas graças do bonitão. Na real, ela gamou mesmo foi no potencial de popularidade do rapaz. E não é que deu namoro?!

Bonito, esperto e endinheirado. Era um bom briefing inicial. Os poréns do João eram apenas uma questão de ajuste, nada que um pouco de marketing não resolvesse. O cenário pedia, na verdade implorava por esse casal: já que ela era a farmete do Leblon, seu namorado tinha que ser quem? O braboy da Gávea, fato. Imagina só o frenesi que o novo par causaria nas rodinhas da zona sul! Era tudo que Jade mais almejava em sua vida.

As táticas marketeiras de uma farmete podem ser bem agressivas, mas João não se importava. Estava in love pela musa. Assim sendo, Jade deitou e rolou. Logo no primeiro mês de namoro deu início aos trabalhos e já nas preliminares conseguiu arrebatar aquela caretice encruada na imagem do rapaz. Eca, sai pra lá coisa ruim! Eu quero é glamour!

Os ajustes brifados: Braboy que é braboy pratica algum esporte, claro. Futebol, jiu-jitsu, tênis? Não, não. Ela queria algo inabalável, algo que fizesse as outras farmetes pirarem de inveja. Mas o que seria? João meu querido, se vira nos 30 mas você vai ter que aprender a surfar. Jade não era tão exigente, então nem precisava ser tipo um Kelly Slater. Bastava uma prancha debaixo do braço e aquele andar confiante fazendo tipo de malandro em direção ao pontão do Leblon. Pimba! Pontos pra ele!

Nem as roupas do boy escaparam do olhar ardiloso de Jade. Nada de camisa regata, muito menos bermuda da Osklen. Braboy usa camisa com gola U. Bermudão e tênis Vans (colorido, please!) também arrancam suspiros das farmetes. E se ele ainda usasse meia preta, pronto, era certeza absoluta de orgasmos múltiplos. That's it!

Armário novo e prancha de surf, check! Mas isso ainda não era o suficiente. Braboy tem que ter algum trabalho que possa destacá-lo como "O Cara", de preferência uma atividade muito, super, mega, inegavelmente cool. Jade pensou, matutou... Depois de muitos neurônios gastos e perdidos, enfim enxergou o pote de ouro no fim do arco-íris: João viraria DJ!!! Se bem que... DJ com esse nome tão comum? DJ João? Definitivamente não combinava. Ela teria que ir mais longe nessa guerra, mas a batalha não estava entregue, afinal nome artístico serve exatamente para isso. 

Não foi fácil. Ela apelou até para numerologia, mas finalmente chegou ao nome que em breve estaria no boca-a-boca de toda a zona sul carioca: Johny Groove. Enfim, João estava rebatizado. Uuuaaaauuuuu!

No final das contas, ela nem trapaceou tanto assim. João realmente tinha o groove no sangue. Aprendeu desde cedo com seus pais o que tinha de mais bacana na cultura musical americana. Acordava ao som de Steve Ray Vaughan e dormia ouvindo o piano de Stevie Wonder. Ele não sabia, mas já era "O Cara" muito antes de Jade aparecer. Sacava tudo de  blues, jazz e rock'n roll. Oi??? Blues? Jazz? Ok, ela não sabe o que é isso.

Johny Groove hoje, além de tocar nas melhores festas da cidade, está lançando uma marca de roupas totalmente inspirada no surf e skate. Algo bem original, sabe? Recentemente deu uma entrevista explicando que o target de sua loja é formado por "ídalos" da zona sul do Rio. Como se vê, ele aprendeu também a ser disléxico, afinal braboy de verdade não consegue falar í-do-lo, já reparou?

Desde então, a fama de Johny Groove vai de vento em popa. Ao lado de Jade, definitivamente alçou voo e decolou. Aprendeu tudo de marketing e de dislexia, mas esqueceu do principal: ser quem realmente é.