sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Alô cupido!


Tenho falado tanto de amor mas a verdade é que eu mesma nunca me dei muito bem com esse sentimento enigmático. A gente até se esbarra de vez em quando, troca uns olhares, mas na hora H é desgraça na certa.

Tenho um zilhão de tragédias amorosas, mas uma em especial hoje me tira gargalhadas. Pois bem, eu vivia de lero lero com o pseudo amor da minha vida. Um dia a gente se via, no outro os dois sumiam, depois alguém aparecia mas só mandava uma mensagenzinha. Três dias se passavam e minhas neuras se proliferavam e era neste exato momento de total explosão das paranoias mais insanas que a esperta aqui resolvia aprontar algo muuuuuuuito inteligente.

A cúmplice, Roberttinha, coleguinha de trabalho e amiga inspiradora deste blog, assim como eu também não devia ser muito dotada de sabedoria. Isso porque a danada simplesmente aprovava e mandava ver junto comigo os planos mais mirabolantes. O fato é que ela não suportava mais ver a mala apaixonada se lamentando por não receber nem mais um "oi" que fosse do amado no MSN (na época isso ainda existia, ok?). A inteligência pura aqui logo pensou: "ele viajou, só pode ser isso! Vamos ligar para o trabalho dele e descobrir". 

Diretamente da nossa baia na Petrobras, Roberttinha decidida, poderosa e absoluta pegou o telefone e páááááá, ligou para meu pseudo amor. Grudei ao seu lado com aquele frio típico na barriga e um riso desenfreado. Mas antes de tudo, fiz apenas um pedido: "escuta bem, sou o único ser que ele conhece na Petrobras, então você só não pode dar nenhuma brecha de que essa ligação é daqui, senão ele mata a charada na hora e aí perdi, playboy". 

Roberttinha ligou. Uma voz masculina atendeu. Ela então pediu para falar com meu pseudo amor, mas já era o próprio na linha. Momento de pânico, ela se desesperou. Ao seu lado, eu gargalhava sem parar, morrendo sufocada com meu próprio riso.

Depois de alguns segundos a gênia disse: "vou transferir a ligação". Meu sorriso congelou. O que ela estava fazendo, minha gente??? Ficou tão idiotizada que apertou com tudo a tecla que transfere ligações e o pior, continuou pressionando a maldita sem se mancar que enquanto isso um jingle da nossa querida Petrobras tocava no ouvidinho do meu pseudo amor e fatalmente, ele não demoraria a ligar lé com cré para saber que a Fernandinha aqui estava passando trote para ele. Legal né? Pois bem... Acredite se quiser mas Roberttinha permaneceu apertando o botão. Eu perplexa em estado de choque, sem conseguir mandá-la desligar a porra do telefone e ele escutando a droga da mulher cantando Petrobras umas 20 vezes. 

Depois que o serviço já estava "bem feito", uma luz se acendeu sob o cérebro da cúmplice e enfim, ela desligou, na cara dele obviamente. Nós nos olhamos. Uma lágrima ameaçou escorrer sob meu rosto. Engasgada com palavras que sequer existiam para justificar aquele plano tosco, ela estendeu as mãos e emprestou seu ombro amigo. Finalizei mais uma tragédia amorosa com um chopp pós-trabalho chorando as mágoas e segurando vela com Roberttinha e seu marido. O pseudo amor nunca mais me procurou e ela desistiu de ser meu cupido.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Amar ou jogar?


Mas vem pra cá, mas vai pra lá.. Má oooiiiii! Não, isso não é o programa do Sílvio Santos. Acredite se quiser, mas isso é mais ou menos o que acontece nos affairs que a minha geração arruma por aí. É um tal de liga, não liga; vê, mas não olha; agarra, mas não abraça; dá trela, mas não conversa; dá bola, mas isola; tamo junto hoje, fim de semana quem sabe, vai depender das mensagens no Whatsapp. Má oooiiii??? Como é que é??? Assim que é, tipo pegadinha do malandro mesmo.

A hipotenusa do cateto do triângulo elevada ao seno da raiz quadrada do coseno é igual ao meu entendimento dos relacionamentos atuais. Ou seja, zero. Se nas gerações anteriores já era difícil apenas querer dar as mãos, por que diabos hoje em dia que já quebramos tantos pudores, homens e mulheres têm que ficar fingindo que um dia estão a fim mas no outro não? Essa dúvida é tão exata quanto matemática. Não entra na minha cabeça.

Juro pra você que é super natural querer ficar com outra pessoa, não é nenhum bicho de sete cabeças, então livre-se dessa trigonometria insensata que transformamos o amor. Some logo todos os pontos positivos, subtraia os negativos e multiplique os beijinhos e carinhos. Não há Einstein que depois consiga descomplicar o nó que você já criou com essa mania de fazer joguinho. Jogo de verdade é aquele em que os dois vencem, sem escanteio, drible, muito menos falta. É presença, corpo e alma. Cheio de verdade e desejo assumido. Vai ver se a torcida gosta de time sem raça! Não! Tem que ter vontade mesmo, sem medo de mostrar que realmente quer.

A geração do blefe perde um amor, mas não abre mão do ego. É um jogo interminável de pôquer, em que só importa seu bolso, sua sorte e azar aos outros. Quem quer dinheiro, Sílvio Santos? Na verdade, estou mais com o Tim Maia porque afinal, quero amor sincero, isto é o que eu espero, eu só quero amar.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Quer tc comigo?


Admita! Você se lembra sim da perguntinha mágica que abria as portas para um novo universo. Tudo começou com as salas de bate-papo do UOL, pelo menos que eu me lembre. A pré-história que vivíamos dava adeus aos dinossauros e abria espaço à mirabolante e milagrosa internet. Todos se perguntavam: "sério que dá mesmo pra conversar com um japonês??". Sim, homem das cavernas, chegamos ao encantador mundo do "quer tc comigo?". Onde quer que esteja, com apenas um computador você agora pode papear com o planeta inteiro. Uuuuuaaaauuuuu!

Pela primeira vez ouvi falar em nickname e tinha que ser algo extremamente atraente e objetivo porque funcionava quase como um slogan sobre você. Portanto, o que mais se via eram apelidos do tipo Gatinha de Copa, Anjinho_rj, Garanhão_17, etc... Número geralmente se referia à idade do indivíduo e daí por diante era ladeira abaixo. 

Depois do mundo decrépito do UOL finalmente eis que surge o mIRC. Aquilo sim era uma revolução! Com milhões de canais e uma tela preta em que permitia-se escrever com letras coloridas, o mIRC foi a sensação de inúmeras noites da minha adolescência. Ringue era o canal queridinho da turminha da zona sul. Na verdade, era como se fosse um recreio virtual do colégio repleto de patotas, fofocas, paquerinhas, uma grande "soci" como gostávamos de dizer. Rolavam uns encontros no Fashion Mall e festinhas que mais pareciam desfile da Ralph Lauren. Meninos e meninas 100% trabalhados na camisa pólo com o cavalinho estampado. Um período nada fútil na minha vida, sabe?...


O glamour chinfrim do Ringue ia de vento em popa, até que um sonzinho bem simpático entrou nas nossas vidas e detonou o mIRC. Era o ICQ com seu alerta fofo de nova mensagem "oh oh". Aquele som era sinônimo na certa de frio na barriga. "Meu Deus, será que o fulano veio falar comigo??!".

Não demorou muito e lá veio a invasão do MSN aniquilando de vez com o ICQ. O que eu mais gostava era a opção de ficar invisível. Isso significou o fim da encheção de saco de alguns malas que óbvio estavam sempre online e adoravam puxar papo principalmente nos momentos mais inconvenientes. Até que o MSN perdurou por um bom tempo. Só mesmo o Facebook conseguiu tirá-lo de cena. 

Tudo bem que os dinossauros foram mesmo embora e demos um grande salto de modernidade, mas que saudade me dá do friozinho na barriga com o alerta do ICQ. Que saudade me dá das intrigas inocentes do Ringue. Que saudade me dá do mundo que estava pronto para se abrir e conhecer pessoas totalmente novas sem tantos pedidos formais de autorização e mil regras de privacidade. Mesmo o Garanhão_17 tinha a humildade de se mostrar disponível para uma mera conversa com alguém que nunca viu na vida. Nós éramos mais abertos, livres, menos egoístas e privados.

Quanta nostalgia lembrar que o Google não dominava a Terra e que para pesquisar qualquer informação bastava acessar o Cadê. Simples assim. Também não sei o que foi feito dos e-mails do BOL e nem daqueles CDs do AOL que se proliferavam igual coelho. Só sei da falta que sinto de nos abrirmos mais ao novo, ao desconhecido, sem essa necessidade toda de restrições. Por que não voltar a ser inventivo o suficiente para me conquistar com apenas um nickname? É o papo reto que está nos faltando. Por isso tudo, quebre as barreiras e venha logo me dizer ao que veio. E aí? Quer tc comigo?

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Dentro de nós


Ela veio na minha direção, me encarou bem fundo e disse: "não chore, minha princesa. Eu preciso trabalhar mas não vou demorar". O abraço em seguida foi tão apertado que pude sentir nossos corações se encostarem, se entrelaçarem. Lá ia ela, mais um dia, linda com sua clássica camisa social branca, sutilmente maior que seu corpo e entreaberta na altura do colo formando um decote despretensioso e sedutor. Simples, chique e charmosa. Era de hipnotizar qualquer um.

Nunca imaginei que fosse tão sexy ver uma arquiteta deslizando um lápis sob uma prancha de papel, envolvida por réguas de todos os formatos, grafites e compassos. Eu presenciei essa cena inúmeras vezes como um take em slow motion de Almodóvar. Um cenário essencialmente preto e branco e trilha sonora criada especialmente por Sade. A taça de vinho tinto finalizava com maestria o quadro que se pintava todos os dias na minha casa. 

Olhar profundo e doçura envolvente. O carisma definitivamente era sua melhor qualidade. Impossível não amá-la só de vê-la passar. Impossível mesmo era não se sentir amado por tamanho afeto que pairava com aquele sorriso.  Eu fui muito amada, assim como meu pai, meu irmão, amigos, manicures, porteiros, todos, sim, absolutamente todos os que recebiam aquele sorriso se sentiam abraçados espontaneamente como uma luz linda e gostosa que te envolve e acolhe num momento de paz. 

Meu sonho era ser como minha mãe. Queria ter aquele mesmo carisma e a capacidade infinita de amar a todos, mas achava tudo isso inalcançável. Só agora que ela já não está mais aqui pude enxergar que esse amor contagiante já existe dentro de todos nós, mas vivemos como se estivesse fora da gente. Como se apenas pessoas muito especiais, quase anjos, pudessem ter essa energia maravilhosa. 

Sandra Conde de fato era um anjo, mas TODOS nós somos seres divinos. Portanto, se permitam. Deixem o amor acontecer. Está mais perto do que imaginamos. Aí, bem pertinho, dentro de você.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dia de fúria


Ultimamente tenho andado muito amorosa. Não sei se é a primavera chegando ou apenas algum efeito louco das fases da lua, mas como não entendo nada desse papo de astros, muito menos de translação da Terra, vou deixar esse blá blá blá para depois. Porém, independente do meu momento paz e amor, ainda existem resquícios de pequenas pinimbas internas que insistem em me martelar provavelmente para testar meu humor. Oh god...

Peguei um táxi. Sinal fechou e lá veio a mão maldita do taxista direto sob a marcha para colocá-la em ponto morto. Até aí ok, né? Não, não está ok, isso porque o dito cujo tinha aquela mania desesperadora de ficar sacudindo a marcha continuamente no ponto morto até o sinal voltar a abrir. O impregnante só parava com o sacolejo interminável quando o verde finalmente acendia e não tinha mais como não passar logo a porra da primeira marcha. Foi assim em todos os sinais que paramos e como a Lei de Murphy realmente é gamada em mim, a corrida era looooooonnnga... Da Gávea ao Galeão, haja sacolejo!

Mas minha coleção de pinimbas não para por aí. Sabe aquelas pessoas esquizofrênicas que leem qualquer texto no computador selecionando as palavras com o mouse? Ah não, aí já é demais para a minha paciência. Uma vez minha ex-chefe resolveu me mostrar um e-mail. Tudo bem que a chefinha já era mala de nascença, mas daí a sincronizar sua leitura em voz alta (detalhe para o sotaque sonso de mineirinha) com o passar do mouse sublinhando trecho por trecho, não! Tenha misericórdia da minha pessoa... Isso me lembra aquelas criancinhas no colégio que quando a professora ("tia" não heim, pelo amor de Deus!) lia um texto junto com a turma alguns coleguinhas lesados precisavam de régua para conseguir acompanhar linha por linha. Por que isso meu Deus? Ainda por cima é uma mania tola, ou você que faz isso é algum zarolho por acaso?

Você pode estar achando tudo isso uma besteira, principalmente se irritantemente você não se irrita com esses exemplos irritáveis, provavelmente porque você é apenas mais um irritante no mundo irritando os outros irritados como eu.

O fato é que também sou humana e não é nada fácil não se dilacerar por dentro ao presenciar manias tão repreensíveis. Quer algo mais repreensível do que alguém que fala JANTA em vez de jantar? Não, please!!!! E aqueles que falam cor de abóbora em vez de simplesmente laranja? E quando alguém solta um "esse tombo magoou minha perna"? Como é que é? Tombo que MAGOA??? E as novelas que ano após ano cismam em colocar os personagens usando robe? Gente, quem além da Suzana Vieira usa robe??? Nããããããoooo!!! Tem ainda aqueles que volta e meia soltam um "sandália de dedo". Cara, fala chinelo que está tudo certo.

E os tarados por espinha? Não podem ver uma bolinha no seu rosto que já começam a dar show para você deixá-lo espremer o tal monstrinho. Na boa, que nojo! Conhece também aqueles inconvenientes que falam perto demais? Só falta deixar escapar um cuspe na sua cara, mas aí o buraco já é mais embaixo. Qualquer dia vou isolar um desse bem longe.

Tem ainda o cara que, pobre coitado, querendo dar uma de cavalheiro abre a porta do táxi para a mulher, mas em vez do bonitão entrar pelo outro lado acaba obrigando a lady a se arrastar com pulinhos extremamente desagradáveis até o outro lado do banco só para o "lord" entrar. Comigo não funciona! Se é para ser gentleman, seja por completo, amor. Falando em amor, um dia vou acabar ganhando uma úlcera de presente só por causa dessas pessoas super "delicadas" que te chamam de amor, querida, filha e outras variáveis potencializadoras de fúria. E para finalizar, não preciso nem comentar sobre os seres que se comunicam por hashtags. Isso é hors concours total.

Enfim, por mais amor que se tenha no mundo, as pequenas irritações nunca vão acabar. Portanto, um bom dia de fúria para você também!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Mais sorriso por favor!


Se dizem que vivemos em um mundo cão, por que não mudar essa perspectiva para uma dimensão mais positiva? Você pode até não gostar de cachorros (acho um pouco absurdo, admito), mas é fato inegável que um cão é a tradução mais completa do que é felicidade. No coração canino só cabe amor, diversão e gula. Huuummmm, que delícia! Esse coração é pleno, é profundo sem limites, não guarda rancor e nem perde tempo com orgulho. É simplesmente a entrega espiritual mais pura que há. Com esse novo olhar, nosso mundinho se enche de alegria só de alguém vir nos visitar. É o lar do amor e da felicidade e se há dificuldades (sempre haverá), vou uivar meus sentimentos, rosnar até eliminar as impurezas e me jogar no primeiro abraço verdadeiro que me oferecerem para guardar no mimo caloroso de um colo o aprendizado que tirei com mais um obstáculo vencido. Ah como eu gosto de um colo... É como dar as mãos de maneira mais completa, uma troca de energia que me alimenta com tanto prazer quanto me deliciar com um filé mignon bem macio e generoso.

Não sou contra o sistema, mas os cães são anti-capitalistas em sua essência. Tudo bem que como seres racionais precisamos de algum caminho com regras senão ninguém sobreviveria, mas desconhecer a existência de uma moeda que só promove o culto ao poder, é maravilhoso. Eles ignoram o valor em dinheiro, reconhecendo apenas o valor infinito das nossas ferramentas mais puras e o melhor, gratuitas. Quais são elas? Sorrir, gargalhar, amar. Tem algo mais contagiante do que uma boa gargalhada? Ta aí uma moeda de troca que o mais humilde dos pobres também usufrui. Muito democrático, não? Pois é, o mundo cão é a democracia da alegria, falta apenas você se permitir contagiar por ela. Dito isso, aí vai um pedido: mais sorriso por favor!