Admita! Você se lembra sim da perguntinha mágica que abria as portas para um novo universo. Tudo começou com as salas de bate-papo do UOL, pelo menos que eu me lembre. A pré-história que vivíamos dava adeus aos dinossauros e abria espaço à mirabolante e milagrosa internet. Todos se perguntavam: "sério que dá mesmo pra conversar com um japonês??". Sim, homem das cavernas, chegamos ao encantador mundo do "quer tc comigo?". Onde quer que esteja, com apenas um computador você agora pode papear com o planeta inteiro. Uuuuuaaaauuuuu!
Pela primeira vez ouvi falar em nickname e tinha que ser algo extremamente atraente e objetivo porque funcionava quase como um slogan sobre você. Portanto, o que mais se via eram apelidos do tipo Gatinha de Copa, Anjinho_rj, Garanhão_17, etc... Número geralmente se referia à idade do indivíduo e daí por diante era ladeira abaixo.
Depois do mundo decrépito do UOL finalmente eis que surge o mIRC. Aquilo sim era uma revolução! Com milhões de canais e uma tela preta em que permitia-se escrever com letras coloridas, o mIRC foi a sensação de inúmeras noites da minha adolescência. Ringue era o canal queridinho da turminha da zona sul. Na verdade, era como se fosse um recreio virtual do colégio repleto de patotas, fofocas, paquerinhas, uma grande "soci" como gostávamos de dizer. Rolavam uns encontros no Fashion Mall e festinhas que mais pareciam desfile da Ralph Lauren. Meninos e meninas 100% trabalhados na camisa pólo com o cavalinho estampado. Um período nada fútil na minha vida, sabe?...
O glamour chinfrim do Ringue ia de vento em popa, até que um sonzinho bem simpático entrou nas nossas vidas e detonou o mIRC. Era o ICQ com seu alerta fofo de nova mensagem "oh oh". Aquele som era sinônimo na certa de frio na barriga. "Meu Deus, será que o fulano veio falar comigo??!".
Não demorou muito e lá veio a invasão do MSN aniquilando de vez com o ICQ. O que eu mais gostava era a opção de ficar invisível. Isso significou o fim da encheção de saco de alguns malas que óbvio estavam sempre online e adoravam puxar papo principalmente nos momentos mais inconvenientes. Até que o MSN perdurou por um bom tempo. Só mesmo o Facebook conseguiu tirá-lo de cena.
Tudo bem que os dinossauros foram mesmo embora e demos um grande salto de modernidade, mas que saudade me dá do friozinho na barriga com o alerta do ICQ. Que saudade me dá das intrigas inocentes do Ringue. Que saudade me dá do mundo que estava pronto para se abrir e conhecer pessoas totalmente novas sem tantos pedidos formais de autorização e mil regras de privacidade. Mesmo o Garanhão_17 tinha a humildade de se mostrar disponível para uma mera conversa com alguém que nunca viu na vida. Nós éramos mais abertos, livres, menos egoístas e privados.
Quanta nostalgia lembrar que o Google não dominava a Terra e que para pesquisar qualquer informação bastava acessar o Cadê. Simples assim. Também não sei o que foi feito dos e-mails do BOL e nem daqueles CDs do AOL que se proliferavam igual coelho. Só sei da falta que sinto de nos abrirmos mais ao novo, ao desconhecido, sem essa necessidade toda de restrições. Por que não voltar a ser inventivo o suficiente para me conquistar com apenas um nickname? É o papo reto que está nos faltando. Por isso tudo, quebre as barreiras e venha logo me dizer ao que veio. E aí? Quer tc comigo?
Quanta nostalgia lembrar que o Google não dominava a Terra e que para pesquisar qualquer informação bastava acessar o Cadê. Simples assim. Também não sei o que foi feito dos e-mails do BOL e nem daqueles CDs do AOL que se proliferavam igual coelho. Só sei da falta que sinto de nos abrirmos mais ao novo, ao desconhecido, sem essa necessidade toda de restrições. Por que não voltar a ser inventivo o suficiente para me conquistar com apenas um nickname? É o papo reto que está nos faltando. Por isso tudo, quebre as barreiras e venha logo me dizer ao que veio. E aí? Quer tc comigo?