quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Convite indiscreto

Publicitário não é mole mesmo né? Os caras têm a audácia de estampar a musa Camila Pitanga para elogiar algo unanimemente inelogiável. É que no calar da noite deste louco ano de 2013, ela deu a cara a tapa para falar bem de quê mesmo??? Da Caixa Econômica Federal, minha gente! Oh my god!!! Com o sorriso mais lindo e enganador, Camila faz o convite: "vem pra Caixa você também!". Você, meu caro leitor, já experimentou entrar nesse aposento do apocalipse que aqui vos falo? 

Pra começo de conversa tenha certeza de que o abacaxi que você tiver que solucionar naquele reduto de Lúcifer definitivamente não será resolvido no mesmo dia. Aliás, solucionar não é bem uma palavra que se encaixe em um texto sobre a Caixa, certo? Mas se essa era sua esperança, esquece. Terá que ir e voltar inúmeras infernais vezes e sempre por causa de dois motivos triviais: o sistema e o funcionário.

Tenho três hipóteses sobre o sistema da Caixa. Penso seriamente que ele talvez sofra de alguma fraqueza crônica nos ossos, talvez falta de cálcio, ou é provável que tenha algum vício escuso por alcoolismo e quem sabe tenha ainda um perfil meio estabanado. Pensa bem... Quantas vezes você já não teve que entubar, mesmo que puto da vida, a desculpa de que "sorry, mas o sistema CAIU"? Sei bem como é...

Mas se você achava que o sistema é que era o cara mau dessa história... Então vou te relembrar daquele funcionário de 20 anos de casa da Caixa Econômica Federal. Já reparou como são todos iguais? Realmente incrível!

Na Caixa de Ipanema ou de Bangu, você vai se deparar com uma criatura (certamente um líder de cultos de sadismo) que passa cinco dias por semana prostrado em sua mesa cacarecada. Seu ofício é contabilizar os minutos de tédio da sua longa carga horária de 10h às 16h. Em duas décadas de funcionalismo público, seus óculos nunca foram vistos sem as lentes engorduradas da coxinha de frango que devora nas tardes do árduo trabalho. A camisa bege de botão e manga curta parece ser referência na instituição. Todos são fiéis ao estilo, inclusive à tradicional mancha de café, que também já faz parte do vestuário.

Agora prepare o Seu Saraiva interior quando tiver que se digladiar com esse indivíduo. Ele vai te pedir original e cópia de TODOS os seus documentos, inclusive dos seus pais, avós e tios de terceiro grau. Obviamente, nessa vasta documentação você esquecerá de alguma coisa. Pesquisas inclusive comprovam que o documento mais esquecido entre os brasileiros ao "tentar" resolver problemas na Caixa, no Banco do Brasil ou no Detran é o papelzinho de votação das últimas eleições. Aliás, daquele tamanho só pode ter sido sordidamente projetado para ser perdido. Mas isso é Brasil, darling. Faz parte do show.

- Senhora, muito bom que dessa vez tenha conseguido toda a documentação para estarmos resolvendo seu problema (eles adoram gerúndio). Pena que ainda assim esteja faltando o seu papelzinho de quitação eleitoral (um sorriso perverso se desenha em seu rosto).
- Isso significa que terei que voltar nesse inferno, pegar aquela maldita senha, me entulhar no meio daqueles 347 infelizes da fila e olhar pra sua sua camisa suja de café de novo???
- Exatamente, senhora, mas fique tranquila porque estaremos solucionando seu problema (gerúndio até morrer!).

A Caixa nada mais é do que uma odisseia ao inferno. Um Brasil maquiado de Camila Pitanga. Mas o convite está feito. E aí, vem pra Caixa você também?